terça-feira, dezembro 22, 2009

E Copenhaga aqui tão perto




A caminho de Ponta Delgada, preso no trânsito, o noticiário matinal dá conta de que a nata da nata está em Copenhaga, em busca do acordo que acabou, como se sabe: sabendo a muito pouco!
Com a “velha canada do Peixe Assado”, onde a minha paciência tinha acabado de ser colocada à prova, ainda na retina, logo me ocorreu a “nova Piedade”, e, até, a novíssima Radial do Pico do Funcho, mais cedo ou mais tarde também empilhada de betão. Na rádio Copenhaga continuava “no ar”, e dei comigo a pensar nas toneladas de emissões de CO2 que se evitariam caso existisse uma rede de transportes públicos, urbanos e inter urbanos, minimamente decente; no número de viaturas particulares que, também por falta desta mesma rede, entopem diariamente uma cidade em que os peões, mesmo em artérias onde supostamente seriam transeuntes privilegiados, carecem de condições de movimentação segura e aprazível; no negócio que é o estacionamento citadino, quer atravancando as ruas, quer em espaços para tal construídos, que o parqueamento na via pública ajuda a financiar.
O carro ficou, como de costume, num parque de periferia – ainda grátis, embora obrigue a fazer uns saudáveis três quilómetros (ida/volta) diários –, por isso deixei de ouvir as notícias. Mas Copenhaga, e o circo que lá se juntara para tão pouco, continuavam no pensamento. Já caminhando, recordei o assomo de alguém após ter ido ao “aterro/lixeira” deixar um conjunto de resíduos, carga na qual previamente se tinha dado ao trabalho de separar o que poderia ser aterrado do que, justificadamente, deveria ter outro tratamento, com o (i)responsável lá de serviço insistindo no colocar tudo no mesmo local, de modo a que as máquinas se encarregassem de cobrir, também, as centenas de quilos de plástico e derivados que ele persistia em saber onde ir descarregar.
Os primeiros 1500 metros a pé deste dia conduziram-me ao supermercado. Depois de passar pela fruta, e pelos vegetais, foi frente a uma prateleira repleta de água em embalagens plásticas, importadas, que Copenhaga me “martelou” de novo a cabeça: é que, aqui nos Açores, com tanta terra fértil subaproveitada e milhões de litros de água potável a correr diariamente para o mar, “os frescos”, e o “petróleo do futuro”, para cá chegarem, têm de atravessar o oceano, assim contribuindo, também, para o aquecimento global.
Para quê ir a Copenhaga?
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A.O. 22/12/09; “Cá à minha moda"

quinta-feira, dezembro 10, 2009

30 anos de UDA/PDA




Em primeiro lugar, e porque é geralmente com pena que assisto ao esmorecer de uma boa ideia por troca com outra mais simples, aparentemente mais moderna, mas nem sempre tão brilhante, recordo o nome original: União Democrática do Atlântico (dos Açores ainda ficaria melhor). Um nome que sempre me pareceu mais apropriado, mais abrangente, e muito mais de acordo com os objectivos de uma organização que mais do que afirmar ideologia, e/ou andar a competir por espaço num leque político cada vez mais auto governado e alimentado no “centrão”, devia, isso sim, dedicar-se – “com unhas e dentes” – apenas à defesa de uma nobre causa: A Livre Administração dos Açores Pelos Açorianos.
Um “LAAPA” (Livre Administração dos Açores pelos Açorianos), assim referido no público e necessário linguajar do politicamente correcto, mas, também, um “LAAPA” entendido por cada um dos açorianos numa acepção de enorme amplitude, em cujo limite mínimo estivesse a autonomia entretanto conquistada, e no máximo, mesmo que utopicamente, o nobre e honroso ensejo da total soberania. Um “LAAPA” consistentemente agarrado a uma UDA (União Democrática dos Açores), que se dedique, em exclusividade se necessário, apenas às nossas causas. Por exemplo: Combater o mito do Portugal/Estado Unitário; desagravar, do estigma e rótulo de “fascista”, os açorianos que defendem a Independência da sua terra; pugnar pelo desbloqueio, em sede de Constituição Portuguesa, destas e de outras questões, nomeadamente o impedimento a que se formem partidos, de facto, açorianos.
Aqui chegados, e trinta anos passados, é justo também recordar, e saudar, os que abnegada e desinteressadamente tornaram possível esta já longa e difícil jornada: É que, mesmo quando só “marcando passo”, o resistir, três décadas, neste autêntico campo minado por onde o PDA tem deambulado, raia a epopeia!
Mas fiquemos por aqui com os elogios. Não só porque o futuro depende muito mais do trabalho árduo do que de recordações, mas, sobretudo, porque mesmo entre estas, nem todas são acarinháveis: Continuo convencido que muita da fraca representatividade eleitoral do PDA, começando pelo primeiro grande desaire nas urnas (a não eleição do Eng. Costa Matos em 1980), tem muito – se não tudo – a ver com a rotura drasticamente efectuada pouco antes com as forças que permitiram, e em grande parte realizaram, a recolha dos milhares de assinaturas necessários para a legalização da UDA/PDA.
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A.O. 08/12/09; “Cá à minha moda"

terça-feira, novembro 24, 2009

A face visível das forças ocultas





Já não é só o futebol. Os Pintos, os Costas e os Loureiros agora já não são os mesmos, e há outros, muitos outros. Aparecem de onde menos se espera. Infelizmente, só a ponta do iceberg anda à vista. Não admira pois que no ranking dos países menos corruptos, que a Nova Zelândia e Dinamarca lidera, e onde a Somália, o Sudão e o Iraque ocupam os últimos lugares, a “ocidental praia lusitana”, como que dramaticamente atraída para o lodaçal, reserva ecológica onde parece prosperar a fina flor do entulho – e da sucata –, em cada ano que passa afasta-se ainda mais dos primeiros daquela lista. Isto, quando a tabela publicada ainda não reflecte as repercussões das mais recentes depravações, em especial, no que respeita às negociatas com o “Império da Sucata”, cujo soberano, detentor de privilegiada “via verde” para acesso aos poderosos, não obstante as cumplicidades comprovadas, tal como noutros casos, irá com certeza “cair” sozinho!
Pena que às primeiras páginas só cheguem as transacções de elite, fenómeno que a própria ordem jurídica já segmenta por mercados (a grande, e a pequena), uma infecção que para chegar ao topo tem de percorrer, desde a base, um longo e perverso caminho. O mais das vezes, iniciando-o com actos aparentemente irrelevantes, raramente noticiados, mas que, até pelo despotismo que revelam, logo denunciam os óbvios pequenos passos com que se inicia um longo e rentável percurso. Ou não serão destas “traficâncias” que se trata, por exemplo, no caso do funcionário camarário que é deslocado de determinada freguesia (onde até ali desempenhava função tida por relevante) só porque nas eleições para a Junta local ganhou um partido diferente daquele que se manteve o poder no Concelho que integra a Junta em causa?
Todos sabemos que, mesmo sujeitos às sevícias da nova censura, onde a publicidade institucional tem mais eficácia que o antigo “homem do lápis azul”, títulos como: “Vara ao Sol”, “Aglomerado de Penedos” ou “Figo de luxo”, ainda se lêem mais vezes do que, por exemplo: “Coveiro desaparecido”! Mas, e porque “é de pequenino que se torce o pepino”, também se sabe, que, só quando acabarem as pequenas traficâncias, poder-se-á, um dia, admitir ver reduzido o tentacular (e já institucional) polvo, eficazmente domesticado pela elite dominante (seja ela qual for)!

A.O. 24/11/09; “Cá à minha moda" (Revisto e acrescentado)

terça-feira, novembro 10, 2009

Independências




Com o patrocínio da Universidade dos Açores, o mais precioso fruto desta última vaga autonomista, decorreu recentemente o colóquio: DAS AUTONOMIAS À AUTONOMIA E À INDEPENDÊNCIA. Pena que o eco da iniciativa se tenha desvanecido na lêveda espuma que as parangonas e primeiras páginas daqueles dias se encarregaram de dar forma, a propósito de um “parecer de ocasião”, subtilmente ali requisitado ao constitucionalista convidado, sobre um, tão hipotético quanto pungente, quinto mandato. Maior propósito, e muito mais utilidade teria, confrontar o eminente convidado com a parcela da obra de sua co-autoria (Constituição 1976) que dita o impedimento da criação de partidos açorianos, e equipara os açorianos que defendam a independência do seu Povo a fascistas! Será também assim na Constituição de São Tomé e Príncipe?
Num registo diferente, mais focado, como era espectável, no alargar do conhecimento e não na intriga política, assisti com particular interesse à Comunicação da Dr.ª Susana Serpa Silva, naquele que segundo a própria foi um breve contributo – de facto soube a pouco – sobre a visão autonomista dos açorianos que corporizaram a 1º Republica.
O Dr. Francisco Luís Tavares, sobretudo aquele que me pareceu um propositado “apagamento” do seu relevante papel também na organização política, social e até desportiva da Ponta Delgada desde a segunda década do século XX até ao advento do Estado Novo, já não me havia passado despercebido quando, em tempos, a propósito da história dos primeiros anos da Associação de Futebol de Ponta Delgada (agora a comemorar o seu 85º aniversário), dei conta da injusta omissão que se fazia em relação a quem, não sendo o seu fundador (é a Rolando de Viveiros que cabe este mérito) foi sem dúvida, e de facto, o primeiro Presidente eleito da Associação de Foot – ball de S. Miguel, e o grande responsável pela democratização, daquele, pelo menos até 1931, aguerrido nicho de “velhos republicanos”.
Durante muito tempo ignorado, o mandato do Dr. Francisco Luís Tavares na AFSM (17/10/23 a 22/11/24), além de ser um bom exemplo de como os “vencedores da ocasião” escrevem a história segundo o seu interesse, pode também exemplificar o quanto, e o porquê, do que se desconhece sobre as movimentações autonomistas desde o derrube da Monarquia até à morte do “Presidente – Rei”; Sidónio Pais.
A.O. 10/11/09; “Cá à minha moda”

quarta-feira, outubro 28, 2009

Outro exemplo VIDA NOVA: lixo de campanha


Forum Local - Açoriano Oriental de 12 Outubro de 2009

Passe a imodéstia (mas sinto que a ínfima parte que me cabe não deve impedir o aproveitar desta oportunidade para valorizar o enorme universo que os restantes contributos representam), mas têm sido muitos, e bons, os exemplos proporcionados pelo movimento de cidadania que sob o lema “Santa Clara – Vida Nova” tem corporizado a consistente retaguarda do executivo da Junta de Freguesia de Santa Clara. Foi assim nos últimos 4 anos, assim será, estou convicto, de forma renovada e reforçada nos próximos quatro, pois será este o melhor modo de corresponder ao reforço de confiança e legitimidade expresso nas urnas, com o substancial aumento de votação que o grupo “Vida Nova”obteve.
Para este segundo mandato, onde o lema “Renovação: avança uma nova geração”, muito mais do que um simples slogan, foi também um exemplar modo de actuação, de rejuvenescimento, de incremento de massa crítica, de equilíbrio – muito para além do fixado por lei - quando ao género na composição da lista, corro reduzido risco de enganar-me afirmando que a superação de outros exigentes desafios ficará também registada na lista dos exemplos a ter em conta.
Desde já, podemos tomar como referência um, de pouca importância quando comprado com alguns dos demais, mas que não deixa de apresentar grande significado. Aconteceu logo após as eleições, na segunda-feira (12 Outubro), já que, enquanto outros mantinham a sua permanente campanha eleitoral - apenas transferindo dos placares e panfletos para os jornais os seus slogans e promessas muito requentadas, porém, sempre a jeito para mesmo assim serem oportunisticamente redistribuídas para publicação "na data certa" -, “Vida Nova” empenhava- sereme em retirar da rua todo o seu material de campanha. Exemplo que, embora a custo foi seguido por todos os outros, o que acabou libertando Santa Clara, em pouco mais de uma semana, de todo “lixo de campanha” lá depositado. Um “lixo” que ainda se pode ver com facilidade em muitas outras freguesias de Ponta Delgada e arredores, com cartazes onde a cara dos candidatos, cada vez mais amarelecida, por vezes mesmo apresentando-os como padecendo de grave cirrose hepática, mesmo assim não parece ser razão suficiente para os impelir a proceder (ou mandar que outros procedem) à sua rápida, e tão requerida quanto salutar, remoção.

A.O. 27/10/09; “Cá à minha moda”

quinta-feira, outubro 22, 2009

"Tomba-Gigantes" (versão adúltera)



Correndo o risco de levar com dois processos crimes em cima: um do JNAS, por plágio adulterado, e outro do Mário Abrantes, por usurpação de obra e assinatura, mas mesmo assim não conseguindo conter o impulso, permitam-me publicar aqui neste “meu lugar” uma adaptação desta pérola:

“Numa saison outonal em que está na moda falar de derrotas não quero deixar de registar um revés pessoal e um concreto desaire eleitoral: o de Berta Cabral na minha freguesia de Santa Clara! Trata-se de uma perda pessoalíssima com um simbolismo que não se esgota no plano local. Com efeito, a Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, e toda a sua entourage, apostou forte na vitória do seu plantel. Berta Cabral que cresceu em Santa Clara e quando lhe dá jeito se diz filha de Santa Clara. Santa Clara contudo dava um case study depois das práticas e metodologias que foram usadas pelos Sociais-democratas e que presumo terem sido replicadas noutras freguesias. Há quatro anos atrás Berta Cabral empenhou o seu prestígio pessoal e institucional no apoio à lista do PSD à freguesia. Perdeu as eleições. Passados quatro anos na oposição resolveu substituir na lista Manuel Ramos pelo Libório filho, descendente do Libório pai, homens fortes da Comissão das Festas da Padroeira, que no seu ritual de entronização, sobre o palanque das arrematações ou junto à máquina do "algodão doce" se viu transformado em "confrade de honra" das Festas. Confrades e familiares à parte o certo é que nem assim o PSD conseguiu tomar a freguesia e Berta Cabral perdeu, outra vez, as eleições. Embora local foi indubitavelmente uma estrondosa derrota pessoal numa freguesia na qual se empenhou o PSD de Berta Cabral. Uma das poucas do concelho de Ponta Delgada onde Libório, o candidato do PSD, teve a "graça" de se ver acompanhado de Berta Cabral e respectiva corte. Foi nesta mesma Freguesia que em vésperas de eleições foi distribuído porta a porta um panfleto de campanha para a Freguesia com a fotografia de Berta Cabral. Nem com esta colagem à imagem e semelhança de Berta Cabral o "evangelho" e slogan de campanha, "Não nos escondemos atrás de coligações", logrou arrebatar tão emblemática freguesia. Justiça seja feita. Tratava-se de facto de gente que fez muito pela Freguesia e que prometeu fazer ainda mais! Fez enfrentando a oposição da Câmara, que canalizou meios para a Centro Paroquial e para o Triatro construído na Freguesia pela Junta de S. José, que, com o devido respeito, mais não fez do que partilhar uma unilateral oposição à Junta de Freguesia. Prometeu fazer, para benefício virtual dos seus correligionários, uma Casa Mortuária e um Pavilhão Multi-usos, anunciando esta promessa depois de os levar a dizer que não apresentariam “obra de outros”, fazendo-os assim, mais uma vez, “engolir em seco” por dar o dito pelo não dito, pois tais equipamentos, para além de serem pensados por outros, já por outros estão projectados e até construídos, em outros locais do concelho. Fez ainda durante a campanha inúmeras promessas populares que espero o povo saiba reivindicar no seu devido tempo. Por exemplo: no fervor da campanha Berta levou à freguesia a sua embaixada, "generais" e "ajudantes de campo", a prometer obra futura nos derradeiros "cartuchos" da campanha! Depois de todo este desvelo de Berta, a mesma foi julgada nas urnas com uma derrota pessoal e institucional. Perdeu mais uma batalha na qual acompanhou as suas tropas em várias das suas aparições ao lado dos Libórios. Usou com insucesso de toda a "artilharia" política e institucional mas ainda assim a "blitzkrieg" social-democrata não passou. Clausewitz escreveu em tempos que "a guerra é a continuação das relações políticas com a mistura de outros meios". Na campanha de Santa Clara misturou-se a Câmara e a sua Presidente com as ditas "forças vivas" da Freguesia, mas o facto é que nem a imagem de Berta serviu para caucionar a ambicionada vitória. Bem sei que ainda estamos longe dos playoffs de 2012 mas neste apuramento de 2009 Santa Clara é uma derrota poderosa, especialmente quando do nosso lado não lutamos com as mesmas armas nem com o plantel da primeira divisão da Câmara Municipal.
Ainda há "tomba-gigantes"!
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Mário Abrantes da Silva
Presidente (cessante) da Assembleia de Freguesia de Santa Clara"

terça-feira, outubro 13, 2009

Santa Clara: + 4 anos de Vida Nova




Não faltaram, à lista do PSD derrotada em Santa Clara, apoios irregularmente obtidos com recurso a património autárquico. Já quando decorria a contagem dos votos entrados em urna, até uma carrinha da Câmara Municipal de Ponta Delgada aguardava o desfecho que, iludidos por vai lá saber-se o quê, alguns, que não a maioria dos santaclarenses, esperavam acontecer. Aqui ficam alguns exemplos.
E não é - fiquei hoje (16/10/09) sabendo - que houve funcionários da CMPD prevenidos pelo seu superior hierárquico, de que este não iria trabalhar na segunda feira após as eleições, pois a noite de comemoração, em Santa Clara, seria longa....


Não obstante tudo isso....

Dando perfeito sentido ao adágio popular que sentencia: “A união faz a força”, num invulgar exemplo de coesão; de resistência à subjugação a forças muito poderosas; de dedicada e afincada capacidade de trabalho, e denotando grande determinação, organização e muito querer, o Grupo de Cidadãos “Santa Clara – Vida Nova” garantiu, depois de uma campanha eleitoral duríssima, batendo-se contra meios materiais a todos os níveis desiguais, mais quatro anos de gestão do projecto “Vida Nova” para Santa Clara.
Foi uma pena que os, agora mais uma vez, verdadeiramente derrotados não tivessem atempada e inteligentemente sabido trilhar o caminho que lhes foi proposto.
Pena porque Santa Clara para recuperar o muito tempo perdido enquanto gerida a partir de São José – quando foi sistematicamente tratada como “o fundo do quintal de Ponta Delgada” –, do que menos necessita é sujeitar-se a tão estúpidas quanto estéreis tricas politico partidárias, tipo: “se não for da mesma cor da CMPD estão “lixados””.
Pena porque não era necessário se terem sujeitado a uma segunda derrota, desta vez ainda mais clarificadora, para obterem, CABALMENTE, o devido esclarecimento sobre o genuíno carácter dos santaclarenses.
Pena porque o “dividir para reinar” causa sempre feridas difíceis de sarar, sobretudo quando, maquiavelicamente, os grandes e verdadeiros protagonistas derrotados nesta disputa, escondendo-se, entregaram os papéis principais a ingénuos, impreparados, que mesmo não dando conta disso, até pelos supostamente seus, foram e continuam sendo vilipendiados.
Acabou a contenda, há que virar a página. Mas é bom que, mais uma vez, os poderosos e seus representantes não voltem a confundir a nobreza dos vencedores com fraqueza, ou medo do combate político. É que, se em política partidária não é vulgar partilhar o poder em prol do interesse comum, era séria, e foi profundamente reflectida, a oportunidade de partilha oferecida em prol de TODOS por Santa Clara!
Quem, assim não entendendo, julgou a dádiva tratar-se de fraqueza, ou medo do “combate”, como se viu enganou-se.
Mas, como é com os erros que se aprende, pode ser que agora tenham assimilado a lição.

A.O. 13/10/09; “Cá à minha moda”

domingo, outubro 11, 2009

MAIS QUATRO ANOS DE VIDA NOVA




Por coincidir em pleno com o auge do período eleitoral, a Junta de Freguesia de Santa Clara - VIDA NOVA -deixou passar, discretamente, a comemoração do seu 4º aniversário.

Mas os santaclarenses, não esquecendo, e gratos, deram uma grande e merecida prenda a VIDA NOVA; mais uma vitória; mais uma maioria, desta vez ainda mais reforçada.



OBRIGADO!

domingo, setembro 20, 2009

Álvaro Ramos ou "Mestre Alvarins": se preferirem


Na Guiné, em 1962/64, momento de descontração num "intervalo" da guerra.
(Clikc nas fotos para aumentar)


Em Santa Clara, Outubro de 2006, na "Mata da Doca" no 1º aniversário da Freguesia.
(Click nas fotos para aumentar)

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A freguesia de Santa Clara perdeu muito recentemente outra das suas mais autênticas referências, alguém que, no desempenho da sua profissão, sobretudo pela alegria, jovialidade e proficiência com que o fazia, marcou muito e muitos, deixando amigos em várias gerações de santaclarenses.

Morreu Álvaro Ramos, ou “Mestre Alvarins Barbeiro”, como era por todos nós conhecido, alguém que, de pasta em punho, sempre de passada arqueada e ritmo apressado, cumprindo horários quase ao minuto, era visita regular da casa de muitos de nós, por parte significativa do seu metier ser efectuado ao domicílio.

Mestre “Alvarins”, acometido subitamente de enfermidade que raramente perdoa, manteve a sua actividade praticamente até ao momento em que a doença o colheu. Um achaque que lhe dominou o corpo, mas não o espírito, sempre alegre e conversador, pronto para uma crítica mordaz e contundente, mormente tratando o assunto de futebol, do seu Benfica, ou do nosso Santa Clara, mas também de outra qualquer actualidade, matéria que cultivava com prazer, surpreendendo-nos amiúde com a oportunidade e profundidade dos temas que abordava.

Será esta a imagem que procurarei guardar dele, uma recordação firmada na nossa última conversa, ao longo dos passeios, já vermelhos, da Príncipe do Mónaco, com ele, já doente, como a querer despedir-se do lugar, hoje freguesia, que o viu nascer, crescer e viver, disfarçando perfeitamente uma enfermidade, que, então, já era bem nítida observando a forma como se deslocava, mas praticamente imperceptível na sagacidade da conversa, um diálogo que versava a “Mata da Doca”, e a sua descrença, confirmada, em ver “a mata de baixo” transformada em “Jardim Padre Fernando”.

Haverá, onde estás, "pevides" com casca, para tu, também por aí, as comeres depois de descascadas a uma velocidade imbatível?
Não creio!

Descansa em paz "mestre Alvarins".

quarta-feira, setembro 02, 2009

Santa Clara - Vida Nova: AVANÇA UMA NOVA GERAÇÃO



O exemplo, e a força da palavra, têm uma enorme capacidade de intervenção. Mesmo quando isto acontece, aparentemente, de forma ocasional ou involuntária!

Quando se tornou oficial a apresentação no Parlamento Açoriano, pelo PCP, da proposta de criação da Freguesia de Santa Clara (já pouco falta para completar uma década sobre esta data), nas páginas do Correio dos Açores, em artigo de opinião com pouco mais de um milhar de caracteres, ainda empolgado com o facto daquela “luta antiga” ter finalmente condições de um feliz desfecho, saiu-me a seguinte frase:

(…) Se Santa Clara fosse uma freguesia, seria mais difícil arrasar a “Mata da Doca” – e o muito que ela representava para Santa Clara – sem ao menos terem oferecido outras alternativas de ocupação, sadia, dos tempos livres aos jovens do bairro (…) .

Só muito mais tarde, durante a pré campanha eleitoral para as autárquicas de 2005, tomei conhecimento da célebre homilia do Padre Fernando, na “Festa de Cristo Rei” em 1968, quando o principal mentor da criação da freguesia de Santa Clara, perante um alto responsável pelo Governo Civil, disse:

(…) Não se construiu a nova Igreja de Santa Clara na “Mata da Doca” e um jardim de dimensões óptimas, com parques de diversões e campos de jogos, porque os Senhores do Poder nunca o quiseram, não autorizando o andamento dos projectos. A paróquia de Santa Clara perdeu muito com isso, se Santa Clara já fosse freguesia talvez não fosse assim (…).

Não me recordo de ter ouvido esta homilia, mas uma coisa é certa, não sei desde quando, nem como, mas com certeza o meu subconsciente registava indelevelmente o grito de revolta que aquelas palavras do Padre Fernando representaram, levando-me, de uma ou de outra forma, como que a reproduzi-las em 2001.

Tendo passado mais de meio século em Santa Clara, não foi só aos da geração que me precedeu, ou da minha geração, que o Padre Fernando ajudou a formar o carácter. Como se vê pelo exemplo da Carolina da Elisa e da Rita (apenas três, mas há mais, muito mais), também muitos daqueles que agora estão na casa dos vinte, fazem brotar as características “semeadas” pelo Padre Fernando ao longo da vida em seus pais, e avós.
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O exemplo, mais do que a força da palavra, têm uma enorme capacidade de intervenção!

sábado, agosto 15, 2009

Mais um passo em frente, mais um objectivo alcançado




Santa Clara–Vida Nova
Renovação: avança uma nova geração

9 mulheres, 9 homens, 9 elementos com idades compreendidas entre os vinte e os quarenta anos, 9 candidatos que se estreiam, e o muito mais que se poderia dizer.

É a renovação no sentido mais amplo da palavra, é uma nova geração que avança, é Santa Clara – Vida Nova que se fortalece e renova.

Eis a lista completa, com a idade/renovação como principais critérios de ordenação :

Ricardo Leite (a experiência liderando a renovação)
Rita Mota (1ª participação)
Carolina Almeida (1ª participação)
Graça Moniz
Carlos Medeiros (1ª participação)
Albano da Silva (1ª participação)
Sara Gomes (1ª participação)
Elisa Frias (1ª participação)
Andreia Fortes (1ª participação)
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Luís Cabral
João Pacheco de Melo
Mário Abrantes
Eduarda Pain (1ª participação)
Berta Carvalheira
Tony Cabral
Jorge Franco
Lubélia Travassos
Luís Paulo Alves

terça-feira, agosto 11, 2009

A “velha” forma de olhar para Santa Clara



Inovando, apostando numa fórmula que motivando e apelando à participação cívica, tem certamente enormes probabilidades de ser a chave da política no futuro, a gestão autárquica em Santa Clara tem sido conduzida por um grupo de cidadãos, que independentemente das suas pessoais opções políticas, sempre colocaram, e continuam a colocar, os interesses da comunidade acima de TODOS os interesses partidários.
É normal que nem todos pensem da mesma forma. Mas é pena!
Pena porque dificulta a conjugação de esforços. Pena porque incita à retaliação, e ao revanchismo políticos. Pena porque estimula o “dividir para reinar”. Pena porque obriga alguns a recorrer às meias verdades e até mesmo à mentira, não evitando as consequentes contradições, o que em nada contribuiu para a tão desejada credibilização da política.
Exemplos não faltam. Vejamos os mais recentes:
Na derradeira tentativa de juntar TODOS à volta da causa que devia ser comum, alguém, para mais com responsabilidades que o deviam obrigar a maior prudência, não se coibiu de atribuir à natureza do partido que representava – nem faltou a fábula do elefante e do escorpião – a ambição de domínio hegemónico, acrescentando ainda que o “desalinhamento” do voto do representante da Freguesia na Assembleia Municipal era a principal causa da falta de cooperação da CMPD com Santa Clara. E nisso não devia estar sozinho, pois passado pouco tempo, um panfleto partidário corroborava a posição ali tomada. Mas a contradição não demorou para se fazer anunciar. Numa apresentação de candidatos autárquicos, foi a própria líder do partido, por sinal, a Presidente da Câmara a que Santa Clara está sujeita, quem disse com todas as letras: “Autarquias que se "deixaram controlar" são "marionetas"”.
Não satisfeitos ou como que na ânsia de “deitar para o lixo” papel com mensagens já ultrapassadas, numa nova vaga, sob o pretexto de “reivindicações crispadas”, o ónus da falta de colaboração é atribuído à Freguesia, e para que a CMPD não apareça como a “má da fita” chamam o Governo dos Açores à colação, como se a beneficiação da Príncipe do Mónaco; a construção da Rotunda “Vida Nova”, que a encima; o projecto e a obra do “Jardim Padre Fernando”; e a atenção dada ao “Castelinho de Santa Clara”, só para citar alguns, não fossem bons exemplos da eficácia de uma intervenção que, por motivos óbvios, só não tem resultado com a CMPD.
Ainda não resultou, mas vai resultar!

A.O. 11/08/09; “Cá à minha moda”

ps- Hoje, pelas 14:00, suportada por centenas de assinaturas de cidadãos recenceados em Santa Clara, mais do dobro das necessárias, foi entregue no Tribunal de Ponta Delgada a lista do Movimento Cívico "Santa Clara - Vida Nova".
Há semelhança do que aconteceu à quatro anos, a contar para as Autárquicas 2009, "Santa Clara - Vida Nova" foi foi a primeira lista a dar entrada.
É uma lista com 50% de renovação, 50% de paridade (a lei só obriga a 33%), 100% de disponibilidade, 100% de proximidade, 100% de experiência (ao contrário de à quatro anos) e 100% de competencia (a lista está ordenada do 1º para o 18º, mas vice versa mantinha o mesmo valor; não há ordenações decrescentes, problema foi escolher 18 entre mais de meia centena).
Está dado o primeiro passo; outros se seguirão!

terça-feira, julho 28, 2009

Outro funâmbulo, outro show, o mesmo desespero



O CDSC apresentou e aprovou contas (exercício/época 2007/08) que, quer em termos de resultados, quer em termos de forma, são incomparavelmente melhores do que tudo o que aconteceu nos últimos anos. Pena que não tenham evitado algumas irregularidades com os prazos (que compreendo, mas lamento) dando assim pretexto a quem, não obstante as bastas provas de falta de escrúpulos já dadas, veio agora exigir o cumprimento escrupuloso daquilo que outrora, quando responsável e para tal remunerado, nunca fez, nem mostrou interesse em fazer!
Lamentável foi também, a coberto de uma manobra de diversão, ter havido mais destaque mediático à eventual impugnação daquela AG (acto sem algum efeito prático) do que ao facto de, pela primeira vez em muitos anos, terem sido apresentadas contas de forma clara e transparente, além do mais, reflectindo óbvia recuperação financeira, e projectando já para a época de 2008/09, exercício que findou em Junho, resultados positivos.
Mesmo que não houvesse mais nada – e há! -, o desesperado show do funâmbulo agora em questão também se compreende: é que as boas perspectivas que as contas indiciam, aliadas ao facto, já incontestável, de uma época desportiva realizada com sucesso e a custos muito inferiores aos do passado, tudo obtido com muito trabalho sério e competência, não com manobras de submundo, deixa mal na foto os que (não foi só ele!) quase destruíram o CDSC a troco de glória efémera.
Mas o show do artista, que além de funâmbulo também é ilusionista e hábil a baralhar, não deixou de ter uma hilariante parte cómico burlesca: o número dos “números”, quando refere os 2 milhões de hoje e os 500 mil do passado, sem esclarecer que antes era em contos (milhares de escudos) e agora é em euros; e o número do desperdício, evocando o contrato dos 60.000 euros (Deus perdoe aos que, passando ao lado do previamente estabelecido, permitiram que tal acontecesse - e podia ser pior!), que quando comparado a habilidades antigas, como “o caso Manuel Fernandes” para dar só um exemplo, passa por bagatela.

Lá diz o povo com razão: “quem não tem vergonha todo o mundo é seu”!
A.O. 28/07/09; “Cá à minha moda”




quarta-feira, julho 15, 2009

Em SANTA CLARA – VIDA NOVA é para continuar



Na passada quinta-feira, perante expressiva assistência, que ovacionou com ruidosas palmas as passagens mais significativas das mensagens ali transmitidas, foi tornada pública a intenção da recandidatura à Junta de Freguesia de Santa Clara do grupo de cidadãos, que, num tão dedicado quanto singular projecto de serviço cívico e cidadania, sob o lema: “Santa Clara – Vida Nova” venceram as primeiras eleições para aquela autarquia, e desde então, de forma amplamente apreciada, tanto pela dinâmica como pela competência, têm vindo a gerir os destinos da mais jovem freguesia da cidade de Ponta Delgada. Exemplos não faltam: se a organização, equipamento e funcionamento dos serviços da Junta, fazendo optimizado uso das mais recentes tecnologias, são só para consumo interno, já o rápido e competente processo de estabelecimento e legalização dos símbolos heráldicos está a “fazer escola”.
Esta intenção de recandidatura, muito reflectida e já desde há algum tempo tomada, só agora foi divulgada porque, de forma responsável, foi decidido aguardar até ao limite possível pela demorada resposta a uma proposta, desta vez feita e reiterada formalmente, que visando colocar acima de TODOS os interesses politico partidários (por muito justificáveis – o que até não foi o caso – ou legítimos que se apresentem), mais não queria do que salvaguardar os mais elevados interesses da Freguesia. Infelizmente, isto voltou a não ser possível.
Para o próximo mandato o projecto “Santa Clara – Vida Nova” vai apresentar-se rejuvenescido e ainda mais consolidado. Consistência e revigoramento que, para além do que já é do conhecimento público – Presidência da Assembleia de Freguesia com Luís Cabral, actual Presidente da Junta, e apresentação como candidato a Presidente da Junta do Ricardo Leite, actual Secretário –, brevemente, se tornará ainda mais perceptível. É que Santa Clara tem um “mística” que as “senhoras/es do poder”, seja quem for que o detenha, continuam sem perceber; quantas mais são as dificuldades que criam, tanto maior é a vontade intrínseca dos santaclarenses em as superar. E há bons exemplos disso, com o CDSC apresentando-se como um deles!
A.O. 15/07/09; “Cá à minha moda”

terça-feira, junho 30, 2009

Pai tirano


No mar, com os Açores e a Madeira contribuindo decisivamente para a sua dimensão, está o que resta do Império Português.

Pátria mãe” é como os independentistas açorianos chamam habitualmente Portugal.
Antero de Quental, empregando as palavras como só ele sabia fazer, usou o “Quasi patrícios” para diferenciar açorianos de portugueses.
Natália Correia, feminina, sofisticada, com uma sensibilidade à flor da pele, chamou “Matria” à “Mãe Pátria”.
Partindo do particular (Açores) para o geral, e já pedindo desculpas por não acompanhar tanta eloquência e elegância, mas, “cá à minha maneira”, Portugal, em relação aos vários “filhos” que deixou espalhados pelas sete partidas do mundo, tem-se comportado como um padrasto. Por vezes, mesmo como um pai tirano!
Foi assim com o Brasil, onde só o passar dos anos, e a mulata doçura dos “filhos e enteados”, permitem hoje ver naquele país “um imenso Portugal”.
Assim foi em Goa, Damão, Dio, e outras possessões para aquelas bandas.
Voltou a ser assim na Guiné, em Angola, Moçambique, com os “filhos e enteados”, brutamente negligenciados, e envolvidos em guerras fratricidas que até hoje subsistem.
Em Timor ainda foi pior. Ali foi um pai ausente, que fugiu abandonando a família, tendo, felizmente, mais tarde, um rebate de consciência que possibilitou minimizar as desgraças a que a sujeitou os enjeitados e desamparados, por lá resistindo às afiadas garras de Suharto.
Em São Tomé e Cabo Verde Portugal foi também um pai ausente. Embora, nestes casos, os filhos da irresponsabilidade, de forma especial os cabo-verdianos, soubessem demonstrar como é preferível viver emancipados do que permanecer sujeitos, na dependência de um padrasto negligente.
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Portugal tem nos Açores – e na Madeira – a possibilidade de se cumprir como pai pleno: um pai que se realiza vendo os filhos realizados. Um pai que se orgulha ao ver os filhos tratar da sua própria vida; responsáveis, emancipados, livres.

A.O. 30/06/09; “Cá à minha moda”