sábado, dezembro 21, 2013

Passos pesado


Não, não se trata de para aqui trazer a decana das bandas de rock cá do sítio, meritória e tenazmente liderada pelo Tony Pimentel, os: “Passos Pesados”. E não o é, não porque esta o não merecesse mas porque, aqui e agora, Passos pesado é, digo eu, o “retrato” do estado de espírito do Primeiro-ministro de Portugal que, impreparado, obcecado e claramente “comandado” pelo escol ultra liberal experimentalista que o tem cativo, insiste em testar os limites da Constituição que em tempos se propunha alterar (e urge alterar, mas para permitir "Partidos Açorianos" e deixar de considerar "fascistas" aqueles que defendem a Independência dos Açores e da Madeira), mas que no entretanto mais não faz do que a tentar “esgaçar” . E fá-lo insistente e repetidamente!
Passos pesado, pesadíssimo, em especial quando comparado com o seu vice, líder do partido que garante uma maioria cumplicemente especada em Belém (dos pasteis, não da Palestina), um “Pálim” que a cada dia se apresenta mais leve, levíssimo, tão frívolo que até “dá festa” a fim de inaugurar um qualquer relógio em contagem decrescente para o que ele diz ser o fim do ciclo de protectorado, quando todos – incluindo o próprio – sabem que, adjectivado de “Resgate II”, “Cautelar I” ou do que quer que seja, a decrescente contagem irá continuar, logo já em números negativos, ao longo de mais tantos dias quantos possam conter, no mínimo, uma década.
O Passos pesado foi mais uma vez reprovado, afundado com mais um chumbo, desta feita de forma unânime, sem deixar dúvidas a ninguém que não a si próprio e a alguns dos seus. Chumbo pesadíssimo, corolário de uma colecção de chumbos sem igual, o que em condições normais exigiria o assumir das devidas consequências.
Valham-nos as “forças de bloqueio” que, por mais estranho que pareça, também têm valido a Passos, o pesado. A ele e ao seu governo, na medida em que, como é comummente aceite, o penúltimo chumbo contribuiu fortemente para atenuar a austeridade tida por eles como redentora, proporcionando os indicadores ditos de “inversão de ciclo” que tanto têm excitado “os meninos rabinos”: pesados e levinhos!
E, porque eles são como São Tomé, só espero que a dose de austeridade agora impedida com o chumbo Pb13/0” continue a contribuir para melhorar os índices que tanto os lisonjeia.

A.O. 21/12/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

domingo, dezembro 15, 2013

Um presépio inesquecível


                             Para mais informação: https://www.facebook.com/freguesiadesantaclara?fref=ts

Quando as memórias de infância se enredam com presépios, para além daquele que se fazia lá em casa; quase sempre no mesmo canto, quase igual de um ano para o outro e com bonecos tal como “casinhas” já usados pelas gerações anteriores, recordo sempre em simultâneo outros três: o “da Ribeira Grande”; pelo encanto dos movimentos resultantes da sua arcaica mecanização ao que acrescia o prazer do longo passeio que proporcionava. O da Igreja de São Pedro; pela juvenil sensação de aventura que se sentia ao entrar na longa “caverna” que a arte o engenho e a muita imaginação do Padre Baptista criava para ao longo dela instalar as cenas bíblicas que o completavam. E o “da Fábrica do Açúcar”; o mais vezes visitado, já que estava mesmo ali ao virar da esquina”, literalmente!
O grande impulso para o revisitar acontecia quase espontaneamente ao passar no portão principal (alguns metros a Poente do actual). Ultrapassado este, já em frente da “velha balança” era possível ver, localizado à direita dos tanques de descarga da beterraba o amplo armazém que acolhia o objecto daquela impetuosa visita, em cujo interior, como que por um passe de mágica, se “fazia noite”. Rapidamente ficávamos presente um encenado firmamento, quase tão escuro como o breu, onde sobressaíam as muitas estrelas cujo brilho garantia a escassa iluminação ali existente. Um agradável aroma a verdura picada acentuava o despertar dos sentidos que a ausência de luminosidade já havia convocado, para, quando menos se esperava, o forte clarão de um simulado relâmpago iluminar toda a área, revelando e/ou realçando pormenores até ali encobertos. Desaparecidos de cena os coriscos e respectivos clarões, com o regresso à penumbra chegava também um ruidoso fingido trovão, após o qual, sonorizado pela zoada de água a correr, um compacto conjunto de fios brilhantes pendentes, cintilando, criavam a ilusão de uma chuvada torrencial. O tempo passava num ápice. Por vezes até se perdia o primeiro filme da matiné do Coliseu.
A propósito: Inspirado no “Presépio da Fábrica do Açúcar” a partir de amanhã estará patente ao público o “Presépio de Santa Clara”. Visite-o!  

A.O. 07/12/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 


Ai, ai, ai… não fosse o Império …

Tal como em tempos idos, hoje também em época amargurada pelo autoritarismo, pela emigração e por abundante miséria e fome, um dos recorrentes compensatórios “efes”, no caso o do Futebol (o de Fado anda agora mais erudito mas outros ainda continuam a atenuar muitas mágoas e aflições), permitiu recentemente a um alargado número dos súbditos do ex-império alguma tão narcótica quanto efémera alegria. Ao longo de algumas horas até esqueceram a Troika e os incompetentes “Migueis de Vasconcelos” que no protectorado a representa, uns e outra obstinadamente levando a cabo uma destruidora experiência neoliberal que só aos seus olhos é virtuosa.
Foi tal a euforia que, mesmo só quanto ao futebol, até ficou esquecido que o recente êxtase só aconteceu porque, na altura certa, não houve querer – e talvez saber – (facilitar e deixar tudo para a última hora: eis outra marca idiossincrática dos "Tugas") para conseguir o apuramento directo. Mas, como quase sempre “há males que vêm por bem”, o “Play-off” consagrou Cristiano Ronaldo. O Portugal vs Suécia cedo se transformou num Ronaldo vs Ibrahimovic e logo num Ronaldo vs Messi com foros de Reino de Castela vs Republica da Catalunha. Até a uma segunda mão do patético Joseph Blatter vs “Comandante” se assistiu, tudo acabando – pelo menos para já – num global confronto Coca/Pepsi. Grande CR7!
Pelo menos por algum tempo “os restos do Império” (sim, os restos do Império: e não me refiro só ao Pepe, também ao Bruno Alves, Nani, Varela, William Carvalho, Bruma, Cristiano Ronaldo e Rúben Micael) se sobrepuseram à Troika e a todos os troikanos! Aliás, bem representativo da “herança imperial” é o facto de na lista dos melhores marcadores ao serviço da Selecção Portuguesa aparecerem por ordem crescente: o moçambicano Eusébio, e em exequo (pelo menos por enquanto) o açoriano Pauleta e o madeirense Ronaldo, este último bem posicionado para, tal como o “Pantera Negra”, por muitos e bons anos estar habilitado a ser o melhor de todos. 
Com alguma pena minha, claro, pois, mesmo gostando de Poncha, continuo preferindo Vinho de Cheiro com Laranjada a Coca-Cola!

A.O. 23/11/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

domingo, novembro 10, 2013

Regressar a Santa Clara

                               
"Clikando" sobre cada uma das imagens é possível a visualização ampliada das mesmas.

A ida era sempre mais apressada. Volvida a esquina do Carvão logo se deparava com a rectilínea Rua de Lisboa, ou Formosa, já que este nome em tempos também tivera e assim ainda era conhecida. Moderna, pavimentada, com generosos passeios, ponteados por modestos mas bonitos e eficazes candeeiros, muito fluída para a época (desde que se não estivesse em época de laboração da Fábrica do Açúcar), num triz chegávamos ao Largo 2 de Março: à cidade, que segundo a gíria só ali começava.
O regresso fazia-se com outra pausa. Por baixo, mais junto ao mar, pela “Santa Clara velha”, calcorreando um sinuoso percurso, antiquíssimo: com mais de quinhentos anos. Percorrendo-o, mesmo que inconscientemente trilhava-se História, que, ora mais remota ora mais coeva, se sentia presente a cada passo dado numa via então maioritariamente de terra batida.
Era dupla a esquina de referência na volta: a do Hospital e a da não menos memorável farmácia a ele anexa! O Castelo de S. Brás não passava despercebido, porém, sendo verdade que quer um quer outro fossem “paredes meias” com a arcaica Rua de Santa Clara – mais tarde dividida em Rua Teófilo Braga e Primeira Rua de Santa Clara (esta última com indecisões de identidade que ainda hoje persistem e se testemunham na esquina da Rua José Bensaúde e numa das esquinas “do Calço”) –, dada a majestade de ambas aquelas construções ninguém se atrevia a negar ainda “estar na cidade”. A bem dizer, Santa Clara só começava após “a canada da doca” (actual Av. Kopke). Além do cheiro a maresia, a presença de muitos marítimos e outros trabalhadores do porto, tal como operários e mestres das diversas artes requeridas pela antiga “Junta Autónoma do Porto” ajudavam a definir “a fronteira”. Mas as marcas do percurso – sobretudo as retidas pela saudade e alguma nostalgia de quem percorreu aquele caminho a meados do século XX – só se tornavam nítidas depois de ultrapassada a Rua da Vila Nova de Baixo (actual João Francisco Cabral). E começavam já ali, dependendo da hora, com a azáfama originada pelo “Barracão de Peixe”. Mas logo continuava: a Loja do Sr. Tapia e a sua discreta idiossincrasia; a Barbearia do Sr. Silva, com a muita banda desenhada e as várias colecções de cromos que lá se vendiam; a torrefacção dos Bettencourt e o seu característico aroma a farinha de milho torrado. E continuava do outro lado da rua: a Pastelaria do Sr. Lopes (na casa onde nascera Teófilo Braga, S.E.&O.), os seus bolos de arroz e bolachas de limão; a entrada para o “Estradinho”, antiga “porta para o mar de Ponta Delgada”, acesso para o recinto de banhos onde um sem número de pessoas "daquelas bandas" aprenderam a nadar (com minúsculas piscinas, uma poça entre pedras com grossas correntes a servir de módulo de segurança, e já no mar, o “poceirão” ao lado do qual se esperavam as ondas para fazer “carreiras”); a Geladaria Esquimó com seus sorvetes e sumos; e, quase no fim do percurso, a “Loja do Sr. Manuel Pedro”, as “pimentas” (doce de açúcar envolto num palito de cana) e os gelados caseiros de cacau ou baunilha, cujos sabores a memória ainda retém.
Passado “o Calço” lá estava de novo a Rua do Carvão, com o fim da viagem logo ali.

A.O. 09/11/2013; “Cá à minha moda" (revisto e muito acrescentado) 

sábado, outubro 26, 2013

Canárias: saudação e solidariedade

Ocorre ao longo do dia de hoje, a propósito do 49º aniversário da criação da Bandeira das Canárias (a tricolor com sete estrelas que aglutina diversas tendências independentistas canarinas, pavilhão também parcialmente “adaptado” via Estatuto Autonómico, em 1982, substituindo-lhe as estrelas por um escudo encimado pela coroa real espanhola), mais uma manifestação a favor da Independência das Canárias. Quer esta quer as actividades político-culturais que se lhe seguem têm lugar em Aguere, local histórico e emblemático para o independentismo canarino, simbolismo que ficou recentemente acrescido com o facto de lá ter sido subscrita a “Declaración de Aguere” (28/06/2013), pela qual diversas organizações políticas independentistas firmaram em acordo constituir e colocar em funcionamento o Conselho para a Descolonização e Transição, preparando o advento do Estado Livre, Democrático e Soberano Canário.
Há muito a aprender com as Canárias, desde logo no conseguir levar o Estado Português a aceitar a existência de partidos independentistas, única forma de lutarmos, no terreno e democraticamente, pela Autodeterminação dos Açores!
Desde 1993 que os destinos das Canárias, tal como os de muitas das suas autarquias, são dirigidos pela Coligação Canária (CC), agregação de diversos movimentos abrangendo um amplo espectro ideológico: desde os explicitamente independentistas até outros mais moderados que defendem o federalismo dentro da Espanha, passando por movimentos regionalistas, simplesmente autonomistas, até conservadores, mas todos canarinos.
Bem vistas as coisas, nada que nós, açorianos, já não tivéssemos experimentado: foi com partidos açorianos e uma “aliança de lato espectro” que se venceu a primeira grande batalha em prol da Livre Administração dos Açores pelos Açorianos (1895) e, se é certo que Salazar e a Ditadura por si patrocinada se encarregaram que destruir este capital político, estranho é que, depois de um período de Democracia, que conta já quase tantos anos quantos os da Ditadura, seja uma Constituição dita democrática o que nos impede de pacificamente lutar pela emancipação que esta mesma Constituição reconhece a outros, mas não a nós!
A.O. 26/10/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, outubro 12, 2013

O rescaldo da “briga”


Em “Tirar o pauzinho do ombro” – AO 28 de Setembro – procurei assinalar as excepções ao ditado “Brigam dois se um quer”, enfatizando a importância que os “terceiros” tinham, na defesa de interesses que em regra nada têm a ver com os de “Loeste”, no estimular da contenda. Referi também que neste como em muitos outros casos só excepcionalmente os vencedores da “briga” não eram aqueles que sensatamente mais a tinham procurado evitar; que os “terceiros”, com a crónica dificuldade patenteada (desde 2005) em discernir entre fraqueza ou debilidade momentânea vs ponderação / humildade de vencedor (que só alguns têm) / afincada defesa do interesse da localidade, de tudo serem capazes para estimular o conflito; que as “vitimas” (fora aquelas, raras, que de uma forma ou de outra por tal foram – ou irão ser – recompensadas) ainda antes de verem “saradas as feridas” já tinham percebido que os “terceiros” eram quem mais espicaçava a demanda, embora também rapidamente isso esquecessem, para logo, ignorando a lição, caírem em novas e repetidas “esparrelas”!
Há sinais que parecem óbvios e não deviam (é até pouco inteligente fazê-lo) serem ignorados. Não cedendo a paternalismos fáceis nem às oportunistas alterações de perfil (inicialmente a experiência; depois mais juventude; agora ainda mais juvenilidade, desta feita associada a melhor imagem e suposta maior popularidade) dos sucessivos candidatos apresentados para combater um projecto já consolidado (o preferido desde a primeira hora) os santaclarenses têm demonstrado serem eleitores esclarecidos e com consciência cívica formada. Muitos outros seriam os exemplos possíveis, mas o invulgar número de votos em branco também o atesta, dando por isso ainda mais significado ao acentuado reforço na votação obtido por “Santa Clara – Vida Nova”: em 2005, pouco mais de uma dezena de votos de diferença; 2009, +/ – 150 votos de diferença; 2013, +/ – 200 votos de diferença. Sempre a crescer, enquanto os adversários nunca mais atingiram o patamar de 2005!
Será que os “terceiros” entendem estes sinais? Pelo menos até aqui não os entenderam, bem pelo contrário: prometer só para constar e retaliar só para tentar vergar tem dado no que deu. Irá mudar? Veremos!
Uma coisa é certa: não será por aí que nos conseguem desmobilizar (ou será que ainda não está demonstrado?). Continuemos!

A.O. 12/10/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, setembro 28, 2013

Tirar o pauzinho do ombro


Brigam dois se um quer”, refrão velho e acertado, não é porém, como quase todos os outros aforismos populares, uma verdade absoluta!
Em Santa Clara, onde nasci e cresci, havia um generalizado hábito – não creio ser exclusivo de Santa Clara, mas só lá o presenciei –, quase sempre estimulado por terceiros que não os dois contendores em confronto, que tinha por objectivo impelir uma luta entre dois rapazes. Acontecia quando o “conflito” estava quase a ser amenizado, em regra porque um deles, o mais ponderado, o mais das vezes o mais forte e seguro de si, o tentava evitar. Nesta ocasião sempre havia alguém que “picasse” para que a coisa não ficasse por ali. O costume era, um dos “outsiders”, geralmente mais velho que ambos os “putos” em questão, colocar “um pauzinho” sobre o ombro de um deles – tendencialmente do adversário daquele que conscientemente procurava evitar “a briga” –, dizendo ao outro: «Vê lá se és capaz de “tirar o pauzinho”, se não o tirares é porque tens medo dele!». É óbvio que “a briga” começava logo ali, geralmente acabando sem grandes consequências, e, apesar de tudo, muitas vezes cimentando amizades que se prolongaram pela vida. As excepções existem, mas são irrelevantes!
Também só excepcionalmente o vencedor “da briga” não era aquele que, sensatamente, a tinha procurado evitar. Claro que “aos terceiros”, com pouco a perder fosse qualquer que fosse o desfecho da refrega, o que mais interessava era o espectáculo e só por isso o incentivavam, para tal chegando a convencer aquele que pela consequência lógica dos acontecimentos logo se tornaria vítima, que o mais ponderado, mais seguro de si e em regra mais forte, estava a evitar “a briga” por fraqueza ou por alguma debilidade momentânea: não por ponderação, humildade (aquela que só alguns vencedores têm) e interesse geral de todo o grupo.
Logo que “a briga” acabava tudo voltava ao normal. Ainda antes de “saradas as feridas” já todos tinham percebido que afinal não brigam dois só porque um quer; que “os terceiros”, “moquencos” e ávidos de por uma “briga”, tinham sempre uma enorme cota parte na demanda. Mas algum tempo depois já se tinham esquecido da lição, caindo de novo noutras “esparrelas”!

A.O. 28/09/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, setembro 14, 2013

Cidadania

Preparando a acção, agindo: é "Santa Clara - Vida Nova". É a cidadania em prol da freguesia!

O mais recente exemplo da persistente acção cívica e de cidadania do Grupo de Cidadãos Eleitores “Santa Clara – Vida Nova” em prol da sua freguesia, foi a realização do debate político que aconteceu no passado dia 9, aberto a TODOS os candidatos a presidente da Câmara de Ponta Delgada, sob o tema “E Santa Clara?”.
É óbvio que a maioria (diria mesmo a totalidade) dos temas ali tratados, além de serem do interesse específico de Santa Clara, são também de grande interesse para Ponta Delgada. Óbvio também é que muitos deles são do interesse das freguesias vizinhas, nomeadamente os relacionados com a Rua João do Rego, “Tanques do óleo” e Fábrica do Açúcar”, embora seja Santa Clara, em especial “Santa Clara – Vida Nova”, quem pareça ser o único interessado na sua resolução, mantendo-os na agenda política e mediática, e não dando folga a quem quer que seja na denúncia dos incumprimentos e/ou “derrapagens” dos prazos estabelecidos.
A par dos apoios institucionais que vão conseguindo para “levar água ao seu moinho” – demonstra-o (para não dar outros exemplos) a requalificação do pouco que ficou da “Mata da Doca” ou já mais recentemente a grande beneficiação operada no Ramalho –, “Santa Clara – Vida Nova” mantém-se intransigente na defesa da sua freguesia, não se poupando na denúncia da falta de cumprimento de promessas feitas uma, duas e três vezes, e outras tantas vezes não cumpridas e/ou adiadas!
O debate da passada segunda-feira foi prova da eficácia e mérito da denúncia frontal e persistente, sobretudo quando assente em realidades concretas. Houve quem dissesse que passadas aquelas mais de duas horas “saiu como entrou” e que nenhum contributo foi dado no sentido da resolução dos problemas de Santa Clara. Para pensar assim só pode ser alguém que tenha estado desatento ou que ali tenha ido com “missão” de branquear o passado recente, um passado de pelo menos oito anos de falta de cumprimento e "revanchismo", que, claro, há quem tenha interesse em fazer esquecer!
Aqui fica um exemplo (apenas 1) da mais valia do evento: sobre um tema que tem oito anos de “má solução” – a “sui generis” forma gestão do Centro Cívico e Cultural de Santa Clara – conseguiu-se um alargado consenso, ficando o compromisso de que, no mínimo, a sua gestão deveria ser partilhada com a JFSC. Pelo menos neste caso, Aleluia! Mas sobre outras questões foram também deixados indícios de solução. E, gostem ou não, avancem sobre nós com os "exércitos" que entenderem: nunca afrouxaremos a luta para que também sobre estes outros temas (2ª Rua de santa Clara incluída) possamos em breve “cantar hossanas”!


A.O. 14/09/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, agosto 31, 2013

Nunca é demais repetir


São cada vez em maior número as listas de cidadãos eleitores Independentes. Para as combater começa até a aparecer um novo fenómeno: listas partidárias, ditas de independentes, que apenas pretendem dissimular o partido que por detrás dela esconde/disfarça suas cores e símbolo.
“Santa Clara – Vida Nova” é pioneira na participação dos cidadãos na gestão da sua autarquia! Vem de 2005 a intenção de agregar TODOS em Santa Clara. O grupo foi criado para concorrer às primeiras eleições à Junta de Freguesia de Santa Clara, tendo como objectivo claro: TODOS juntos para fazer Santa Clara recuperar o muito tempo perdido até então! Cedo se percebeu que a ideia não interessava ao PSD. O que, em termos estritamente “político/partidários” até era compreensível, tal era a hegemonia do PSD em Ponta Delgada e a sua forte convicção de vencer facilmente as primeiras eleições em Santa Clara. Mas interessou, e interessa, a muitos militantes e simpatizantes do PSD em Santa Clara, que ao contrário do partido, e bem, colocam em primeiro plano os interesses de Santa Clara. Se de certa forma era esperada a posição do PSD em 2005, o que se seguiu é que não era espectável: a falta de solidariedade, a retaliação, a discriminação e o muito mais que aprontou uma Câmara gerida pelo PSD contra Santa Clara!
Ainda de mais difícil compreensão foi ver a história repetir-se em 2009. Repetir-se, agravando a hipocrisia política que a consubstanciava, pois chegou a ser admitido corrigir o erro de 2005 (não fazendo frente a “Vida Nova”) quando em simultâneo aliciavam membros do grupo para isso e aquilo, inclusive para, como independentes, encabeçarem a lista do PSD por Santa Clara!
Em 2013, enquanto se prometia mudança e “rompimento com o passado”, tudo na mesma continuou, diria até que com duas agravantes: a dissimulação do cariz partidário da candidatura (se são independentes porque não se juntam aos verdadeiro Independentes?) e o aproveitamento de alguma ingenuidade e imaturidade tida “à mão de semear”, que, como se nota, já causa danos aos aliciados!
Para “Santa Clara – Vida Nova” o caminho está há muito delineado: Continuemos!


Nota (a ser desenvolvida oportunamente): é bom ser referido pelo Sr. Gustavo Moura (CA-28/08/2013). Melhor ainda quando de forma elogiosa. Tudo o mais é diferença de opiniões, sempre salutar. Já o “ter razão antes do tempo”, condão meu, é bem pior! Obrigado.

A.O. 31/08/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, agosto 03, 2013

SANTA CLARA – VIDA NOVA



Penso em Santa Clara e logo me vem à memória os “Tanques do Óleo”: já estou convencido que o compromisso de os desactivar em 2013 “vai derrapar”, mas certo também estou que não será por muito mais tempo!
Penso em Santa Clara e não posso deixar de me lembrar do “Matadouro”: Ohh como tudo aquilo já podia estar, não fora a demanda judicial pela sua posse por via da “teimosia” da presidência da CMPD, um tempo perdido de incalculável valor, sobretudo tendo em conta que então ainda se vivia o “tempo das vacas gordas”!
Penso em Santa Clara e sobressalta-me a “mesquinha vingança” consubstanciada nos sistemáticos atrasos na requalificação da 2ª Rua de Santa Clara. Inícios de obra prometidos e “reprometidos” consoante se tornava eleitoralmente oportuno – oh que agora se diz de promessas eleitorais com maior consistência, só porque feitas por adversários –, com o resultado que se conhece: NADA FEITO!  A lista das “maldades” que a presidência da CMPD tem feito a Santa Clara enchia por completo este espaço, mas para além de lamentar a mais recente contradição do actual Presidente de Câmara (e candidatado a novo mandato), que se auto intitulou “ homem sem medo de roturas” mas no que respeita a Santa Clara em nada “rompeu” com o passado, dada a época, prefiro preencher destes 2200 caracteres enunciando parte daquilo que já mudou em Santa Clara, muito sem dúvida só possível dado o empenho das entidades directamente responsáveis, mas tudo, estou certo, estaria praticamente na mesma não fora o persistente empenhamento de “Santa Clara – Vida Nova”: desde logo o exemplo de intervenção política em prol da cidadania activa dado por este movimento. Uma acção dinâmica, proactiva, não vinculada a partidos políticos, mas não avessa aos Partidos Políticos, bem pelo contrário, já que da maioria deles (a lamentável excepção é o PSD: o que não pode deixar de estar directamente ligado a uma encarniçada atitude de “mau perder” contraída em 2005!) recebe o mais apreciável dos apoios: “não apresentarem listas à Assembleia de Freguesia de Santa Clara em reconhecimento do bom trabalho efectuado”. Mas muitos outros exemplos do que de diferente há em Santa Clara não faltam. Uma viagem entre a “rotunda das cancelas da doca” e a “rotunda da antiga aerogare” será uma das boas formas de ver, “in loco” e de forma concreta o “antes” e o “depois” de “Santa Clara – Vida Nova”. Mas há mais, muito mais que não vê. E/ou até que nem se pretende mostrar (é que apesar de tudo, ao contrário de outros – que com a “caridade” fazem campanha – com “Santa Clara – Vida Nova” em questões de solidariedade é regra a célebre frase bíblica: “o que a mão direita dá a esquerda não necessita de saber”!

A.O. 02/08/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, julho 20, 2013

VIDA NOVA

Foi já há oito anos, mas parece ter sido ontem! 
Ansiosos por dar o “primeiro passo”, cedo chegou a primeira surpresa desagradável: saber que a “Comissão Instaladora”, ao contrário do dito na Lei, só mais tarde seria constituída; com a tomada de posse a acontecer cerca de três meses antes das eleições, não a seis, como seria normal e era esperado! 
Iniciado o processo de certificação da recolha de assinaturas de que carecem as candidaturas de Grupos de Cidadãos, já Santa Clara fervilhava com a campanha para as Autárquicas de 2005, prenhe de cartazes (com promessas que 8 anos depois ainda estão por cumprir) e repleta de inaugurações, quando “Santa Clara – Vida Nova” começou a receber as primeiras “bocas”: “Não admito que outros escondidos por trás de listas de independentes venham agora descobrir Santa Clara” disse-se na altura, sem imaginar o número de filiados e apoiantes do seu partido estava ofender e afrontar com a provocação. Afrontar e ofender porque de facto não eram (nem são) “outros”, mas também porque mesmo destes, muitos, desde há muito, não só já conheciam, como tinham dado muito na defesa dos interesses da localidade, nomeadamente em abono da causa que permitiu Santa Clara readquirir o estatuto de freguesia! Mas as “bocas” não se ficaram por aí. A par das muitas “promessas” que o tempo se encarregou de demonstrar o quanto eram demagógicas e enganosas, apareceram também os provocatórios desafios que já antecipavam ambições mais tarde confirmadas: “Esta obra é apenas o início de um processo de requalificação que irá chegar ao largo da Igreja…”, e logo: “Esperamos agora que o Governo possa também cumprir a promessa de requalificação da Av. Príncipe do Mónaco”. É conhecido o resultado dos desfechos eleitorais que se seguiram (em 2005 e 2009), e quem passar em Santa Clara facilmente confirmará quem cumpriu e quem mentiu!
Santa Clara mudou muito, o “Jardim Padre Fernando” e o “Novo Ramalho” são apenas dois exemplos bem elucidativos. Há também, infelizmente, o que, custosamente, se arrasta: “os Tanques da Bencom” e o “Matadouro”, muito embora num e noutro caso "o seu dia” já tardasse mais! Mas mau demais é o que se passa com a 2ª Rua de Santa Clara, a tal promessa de requalificação anunciada em 2005, mais tarde repetida e reforçada, mas até hoje teimosamente adiada a coberto dos mais diversos pretextos. Desculpas que continuam. É pena! 

A.O. 20/07/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, julho 06, 2013

“Rapazins”, hipocrisia e exemplo



Coisas de rapazes” é o mínimo que se pode chamar aos recentes desmandos de Pedro e Paulo, que, de positivo (para os deles), só teve o facto de “passar uma esponja” sobre aquela que foi a mais eficaz “manobra oposicionista” dos últimos dois anos: a carta de despedida do número dois do governo, o “infalível” Gaspar!
A hipocrisia em política pode ser o “pão-nosso de cada dia”, mas há limites que ao serem ultrapassados descredibilizam (mais ainda) todos os seus protagonistas, em especial, os líderes!
- Que sentido faz estes “rapazins” andarem dois anos a compor e implementar todo o mal que têm feito, só para parecerem “bons alunos” e/ou “meninos bem comportados” perante “os patrões internacionais", para depois, numa semana de já longa traquinice, “partirem a louça toda” que nem gregos acossados por troianos?
- Que sentido faz estes “rapazins” andarem todos os dias a pregar as virtudes da credibilidade e da estabilidade política perante os credores externos - e não só -, para, bastando um impulso dos seus enormes egos, serem eles próprios o principal motivo de vergonha e descredibilização geral?
Paulo Portas terá culpas, mas neste caso em concreto (a desastrada governança de Portugal: e já lá vão dois anos!), tal como Victor Gaspar deixou escrito, a incompetência de Passos Coelho, o seu sectarismo, a sua obsessão e obstinação – como que doentias (diria que para disfarçar as incapacidades de liderança que patenteia) – mais que uma imagem de marca: são mesmo uma indelével evidência! Passos Coelho é a estampa do pior que o PSD tem para dar. E se é certo que nem todos no seu partido são assim, certo também é que, infelizmente, ele não é caso único. Nem é necessário ir muito longe! Por cá não faltam “Passos Coelhos”: também “rapazins”; também sectários; também obstinados, e, sem dúvida, também tão ou mais desastrados do que “o seu mandante”. Não faltam "Passos Coelhos" nem faltam exemplos da sua forma de actuação. Alguns retomados recentemente, com a obsessão da Concelhia de Ponta Delgada em “conquistar” Santa Clara mostrando-se o mais visível de todos!
Para o PSD, para algum PSD, há interesses que justificam – e bem - colocar de parte os proveitos partidários em prol de interesses superiores. Para outros vale tudo: (re)prometer o que se sabe não ir cumprir; desafiar e tentar menorizar os que demonstram conseguir vencê-los; aliciar e “comprar” uns e outros para dividir os vitoriosos, fazer campanha com meios que só fazem sentido serem usados em benefício de todos e não só de alguns, e até, já para além do limite da civilidade razoável, não cumprir o acordado, mesmo quando se trata de uma simples carta resposta. E pior que tudo: alargar o número, sem as respeitar, das vítimas que “o sacrifício” deixa pelo caminho!

A.O. 06/07/2013; “Cá à minha moda" (revisto e algo acrescentado) 

domingo, junho 23, 2013

Os bidões da birra (2005/2013)

                                   "Clikando" sobre os recortes amplia a imagem e facilita a leitura

As campanhas eleitorais são sempre momento de promessas. De promessas e de mentiras, umas maiores que outras, todas facilmente esquecidas, a não ser que, tal como acontece em Santa Clara, o empenho e a cidadania sejam presença permanente e activa.
Em Setembro de 2005, um mês antes da eleição da 1ª Junta de Freguesia de Santa Clara, na inauguração da “Via Marginal Relva/Santa Clara” – que 8 anos depois continua sem chegar a Santa Clara! –, ninguém podia imaginar o tamanho das mentiras ali proferidas. Aliás, tratando-se de uma contenda opondo “David” a “Golias”, quer as mentiras quer o “enorme palco” dispensado para promover quem a então presidente da Câmara desejava fosse presidente de Junta em Santa Clara, para alargar a já quase hegemonia nas freguesias do Concelho, não faziam sentido. Mas tudo valeu e uma das mentiras foi esta: Estou certa que com a requalificação que defendemos e iremos desenvolver desde a Rotunda de Santa Clara até ao início desta via, (…)”, o que logo seguido de:  Esperemos agora que o Governo possa também cumprir a promessa de requalificação da Avenida Príncipe do Mónaco, desafio que o passar do tempo mostra ser cada vez mais ridículo,  ajuda a perceber as birras que se seguiram e mantêm!
A promessa não cumprida, quando se tornou oportuno, logo ressurgiria. Exemplifica-o esta passagem de mais um discurso, já em pré campanha para Outubro de 2009: Na verdade a requalificação de Santa Clara foi um compromisso eleitoral (…). (…) está também em marcha o concurso público para a 2ª fase da “Via Litoral Santa Clara/Relva”, com correcção e pavimentação do troço “Igreja/Nordela” e construção do talude de reforço da arriba situada na Rua Baden Powell. Atravessando a 2ª Rua esta grande intervenção prevê a requalificação do pavimento e dos passeios, com melhor iluminação pública, maior ajardinamento e mais estacionamento.
Muita conversa mas nada de obra! As “birras”, estas sim, é que aumentaram na proporção directa ao incremento da diferença de votos que distanciou “Santa Clara – Vida Nova”; “o David de Loeste”, do PSD; “o Golias a mirrar de Ponta Delgada”. Birras que, não obstante o protagonista agora ser outro, continuam. 
É pena! Ou talvez não!?

A.O. 22/06/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, junho 08, 2013

6 de Junho: O insistir na “velha narrativa”


Foto cedida por "História dos Açores"         

Vi ontem, 6 de Junho (escrevo na sexta), o trabalho que a RTP/A emitiu a propósito (teria sido?) da efeméride.
Gostei de pouco, de coisas muito específicas, algumas das quais me parecem ter sido editadas pela 1ª vez (eu, pelo menos vi-as pela 1ª vez). Gostei também de um ou outro depoimento que “põe a nu” alguns ditos tabus e conivências que já se suspeitavam existir. Não gostei do geral, da forma, sempre a mesma, como encadeiam “a narrativa”, realçando algumas vítimas mas não considerando outras, quando até há casos em que se tratou de responder à agressão!
Houve comportamentos contra revolucionários? Claro que sim. Tal como não faltaram oportunismos e oportunistas! Mas não se podem (nem devem) esquecer os excessos ultra revolucionários, as vítimas que fizeram, a energia explosiva que desencadearam! Há (e estão por aí) agressores que estiveram ao serviço dos dois lados: inicialmente bateram nos “fascistas”, boicotaram sessões de esclarecimento, para pouco depois, quando a “maré mudou”, os mesmos passarem a agredir, escorraçar e vandalizar bens daqueles que militavam nas fileiras dos que antes os incentivaram!
Aqui em Ponta Delgada (foi sobretudo do que se passou por cá que o trabalho tratou) muito antes dos assaltos às sedes dos partidos de esquerda (PCP, MDP/CDE e até PS) aconteceu o assalto à sede “dos fascistas” do MAPA: como se fosse fascizante defender uma causa ainda mais antiga do que a implantação da República, o próprio fascismo e até o Estado Novo!
Mas vamos ao que gostei: gostei de reouvir o momento em que Altino de Magalhães claudicou perante os gritos de Independência. Gostei de reouvir o tão espontâneo quanto ensurdecedor clamor de Independência que se lhe seguiu. Gostei também de ver confirmado (o que já se sabia e é desculpa para algumas atitudes anticomunistas mais primárias) como o PCP de então, mesmo aqui nos Açores, controlava alguns sectores do Exército Português, queira isso significar o que quer que seja. Tal como gostei de, mais uma vez, ver demonstrada a falsa espontaneidade da contra manifestação ao “6 de Junho”, obviamente aproveitada para Altino de Magalhães “se reabilitar”, destroçado que ficara com o correctivo aplicado por Borges Coutinho, honra se faça – concordando ou não com o seu pensamento –, Homem coerente e corajoso!

A.O. 08/06/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, maio 25, 2013

Valerá a pena dar-lhe cavaco?


Deixem-me principiar por contar uma anedota. Na manhã de 25 de Abril de 1974, estava Américo Tomás a barbear-se (com navalha), quando Gertrudes, que estava a ouvir rádio, entrou casa de banho adentro, aos gritos: - Américo, Américo….um golpe. Um grande golpe! Américo Tomás suspendeu o que estava a fazer, olhou com aflição para a esposa, virou novamente a cara para o espelho, aproximou-se deste, e nada vendo de especial, retorquiu: - Gertrudes, querida, não me parece. Mas pelo sim pelo não traz-me a “tintura de iodo” e o algodão que estão neste armário atrás da porta!

Vem isso a propósito de quê, perguntam? De Cavaco Silva, claro! O homem não acerta uma, e sua performance nos últimos tempos levam-me a concluir que não tarda nada e já superou Américo Tomás nos cânones do anedotário português!
Só durante este mês foram tantas que quase lhes perdemos a conta: Foi a da “Nossa Senhora de Fátima”. Foi a do São Jorge (que procurou, sem jeito nem eficácia, neutralizar a do “treze de Maio”). Foi a do mote para o último Conselho de Estado, com o que sobre ele se soube, mais aquilo que sobre ele se especula “ajudando a festa”. E já nem falo das gafes: como a de ignorar (terá mesmo sido ignorância?) a celebração do Dia dos Açores (deviam convidá-lo para o 6 de Junho. Quem sabe se ele vinha?)!
Bendito Cavaco Silva. A crise sem ele mais as suas tiradas risíveis era ainda pior de suportar. O que tem lógica: se antes do 25 de Abril as “anedotas políticas” funcionavam como uma pequena válvula de escape para a opressão, em tempo de crise (a ante câmara da opressão), nada como ter quem contribua, sem exigir para tal mais do que aquilo que já lhe pagam, para nos fazer rir. Palhaço: chamou-lhe Miguel Sousa Tavares. Não diria tanto. Até porque ser palhaço exige mais competência do que aquilo que à primeira vista possa parecer. Mas que SEXA nos diverte, é verdade. Isso, claro, não obstante ser dramática a trágica forma de comédia com que nos presenteia.
Nem sempre se pode falar de coisas sérias!

A.O. 25/05/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

domingo, maio 12, 2013

Coisíssima nenhuma



Não aposto, coisíssima nenhuma, mas estou certo que tal como Relvas, Gaspar já deve andar à procura da porta de saída!
Destruída que está a pouca economia que sobejava (a interna, porque falar no equilíbrio da balança externa quando este foi conseguido sobretudo à custa do “esmagamento” do poder de compra, vale muito pouco…); emagrecido que foi, muito para além “das gorduras”, todo o tecido social e humano do “cantão” que lhe entregaram para financeiramente afiambrar; desmascarados que estão os erros de Excel com que, mesmo a propósito, foi acelerado o definhamento encomendado; encenada que foi a rábula do “regresso aos mercados” (como se o verdadeiro encenador não fosse o BCE); feito tudo isso – e muito mais que não devia –, prevejo que a “apoteose final”, precedendo a sua saída de cena, esteja para breve. Para antes mesmo do mítico fim do “Plano de Ajustamento”. Convenientemente para antes de ficar ainda melhor demonstrado o exagero da receita aplicada e o consequente desperdício causado, quanto aos enormes sacrifícios impostos!
Numa coisa Gaspar tem toda a razão: ele não foi eleito coisíssima nenhuma. Mas tal como ele outros, tipo António Borges, que principescamente “pago por fora” governa e comanda Passos Coelho, um primeiro-ministro que, também ele, não foi eleito coisíssima nenhuma, pelo menos para fazer o que está fazendo!
Pior do que Gaspar, por andarem mais próximos e a sua incompetência e/ou incoerência mais nos tocar, são os seguidores locais do “passismo”: autêntica promessa de cura que definha mais do que a doença! A estes tudo lhes serve para procurar salvar a própria pele: ainda recentemente culpavam Passos Coelho pela derrota eleitoral sofrida; agora, fingindo saciarem-se com o bónus oferecido a quem liderou o exército derrotado, lá se estão a realinhar com o que sobra do moribundo Relvas/passismo. Em tempos batiam palmas e cantavam loas às toneladas de betão que se espalhou “a eito” em Ponta Delgada (dá dó passar, por exemplo, no Paim); agora, que a “betoneira encravou”, as loas e as palmas são para um tido por desejado “não mensageiro do betão”.
Para falar temos gente. Coerência??; Cumprir com o combinado (uma simples resposta, acto de mínima urbanidade)? Isso não! Coisíssima nenhuma!

PS – Já depois de publicado este texto li que também Carlos Abreu Amorim, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, tornou publicas declarações, consideradas pelo Secretário Geral do PSD como inaceitáveis, incorrectas e ineficientes, sobre este mesmo assunto. Oh laricas!

A.O. 11/05/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

domingo, abril 28, 2013

Mar dos Açores: o nosso “petróleo”


Aproveitando o facto do tema, e muito bem, ir “andar na baila” nos próximos dias, vou também a ele regressar com algumas das “achas” com que ando alimentando “esta fogueira” ao longo de anos.
Relembro que, de forma diferente do que se passou por exemplo em Cabinda, enquanto Timor-leste foi uma possessão portuguesa, nunca se ouviu falar do petróleo que sob o seu mar existia. Apesar de tudo, mesmo depois dos portugueses terem sido empurrados “borda fora” daquela ilha, muito pouco se falou sobre as riquezas que o mar de Timor escondia.
Nos Açores, onde – para alguns só recentemente – já se começa a ter uma ideia da fortuna que existe sob o nosso mar, riqueza que inclui metais preciosos e jazidas – mais cedo do que tarde viáveis – de combustíveis fósseis, há que tomar consciência de que, ao invés do que gostam de nos fazer crer, “os coitadinhos” não somos nós, sim outros.
O Mar dos Açores é o nosso “petróleo” e uma das âncoras da nossa soberania: da soberania do Povo Açoriano! Recursos que garantam a nossa independência não faltam. O que nos falta, isso sim, é libertarmo-nos das grilhetas que com a capa desta autonomia nos tolhem. O que nos falta é pugnar para exigir decidir sobre a nossa própria soberania: condição última para negociar as dependências que subsistam. Isso é tanto mais verdade quando a nossa dupla dependência desloca-se cada vez mais de Lisboa para Bruxelas, obrigando-nos a “despachar com subchefes”, impedidos que estamos de aceder directamente “aos chefes”. Nós ainda nem, tal como outros já o fazem (bascos, catalães e galegos, por exemplo), podemos eleger em partidos próprios – e não nas quotas para “nativos” que os partidos portugueses concedem às suas sucursais açorianas – os nossos representantes no seio da UE. E já lá vão 39 anos após o 25 Abril!

Por falar em 25 de Abril: O discurso de Cavaco Silva lembrou, como nunca, outros tempos. Até recordou Américo Tomás! Nunca como naquele discurso o “um presidente, uma maioria, um governo” se aproximou tanto do que sempre me pareceu querer ser: uma “União Nacional”, à moda antiga!

A.O. 27/04/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, abril 13, 2013

Salagasparzar



A recente exigência de “visto prévio”, castigo com que Victor Gaspar entendeu penitenciar uns quantos logo após, pela segunda vez consecutiva, lhe terem feito ver que o “quero, posso e mando” ainda não está acima de todas as regras, deve fazer “soar campainhas” pois remete para 1933, mesmo passando por cima do 28 de Maio de 1926!
A rapidez de reacção (que diferença quando comparada com o eternamente adiado cortar de regalias e mordomias à séria: PPP’s, rendas excessivas, assessores de luxo, etc. e tal) tal como a burocracia que o “gasparista visto prévio” acarreta, só justificadas por uma grande e leviana emotividade, de imediato, fizeram-me recordar uma anedota do tempo da “velha senhora”, na qual um Salazar, “piedoso”, por escrito e caso a caso, se propôs passar um “livre conduto” a uns quantos “pobrezinhos” que cirandavam os jardins na proximidade da de São Bento colhendo e comendo trevo, “livre conduto” este com o qual os “coitados” podiam evitar a dura punição estabelecida, apesar de tudo, mais leve do que a decretada para quem fosse apanhado a mendigar.
Anedota à parte, só me ocorre uma justificação para este estardalhaço sem efeito prático aparente: o Dr. Gaspar foi a Belém com o intuito de se “por na alheta”, por um qualquer motivo (logo se saberá) obrigaram-no a “aguentar”, e, o “mestre nas folhas de Excel”, numa tripla vingança (TC, PM e PR), chamou a si todo o poder. Lembrem-mo-nos que também Salazar deixou a pasta das finanças para depois regressar todo-poderoso como “Presidente do Conselho”!
Mas há um outro “terlintar de campainhas” que não deve – nem pode – ser ignorado. Quando, em comparação com os desmandos e delírios Gaspar/passistas (será que Relvas “já não pica relva” nenhuma?) as vozes e opiniões de Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix soam a “música angelical” é caso para dizer que só mesmo o próprio e a sua corte mais chegada não enxergam que “o rei vai nu”!
E nós açorianos, temos de “por as barbas de molho”. É que vendidos como eles estão aos ditames da alta finança mundial; obcecados como se apresentam em passar por “bons alunos”; determinados como parecem em pagar tudo até ao último cêntimo (mesmo ignorando que do outro lado estão agiotas e que os juros só por si fermentam mais a dívida do que os próprios deficits), depois de valorizar as garantias que os Açores representam diminuindo em simultâneo as receitas que por direito nos pertencem, ainda nos vendem, ilha a ilha!

A.O. 13/04/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, março 30, 2013

Colonizados sim!



Quando o sentir-se colonizado já de si cria repulsa, é duplamente revoltante assistir à impreparação, falta de cultura e estatuto, e completa falta de prestígio e civilidade dos que (embora umas vezes mais hábil, outras de forma mesmo atabalhoada) da “colónia autónoma” só se lembram para humilhar e/ou “sacar”. E não são só “relvices”, como a de equivaler as Assembleias Legislativas do Açores e da Madeira a Assembleias Municipais. São também muitas outras “aldrabices”, como a putativa “extensão da plataforma continental”, milagre geofísico com o qual se pretende abocanhar as riquezas do Mar dos Açores, aliás, como outrora foi feito com as do Brasil, Índia, Angola …, ou até a mais recente “sacanice” ao reduzir o conceito de solidariedade à autorização de acréscimo do endividamento camarário para responder a uma questão que claramente afecta os Açores em geral, não só uma ilha, muito menos um só município!
O preconceito colonial português é velho, e quando muda é para pior. Se há diferenças entre os “velhos colonialistas” e os “colonialistas da nova vaga” estas em nada favorecem os actuais. Uns, os de então, escorados pelo que à época se pensava sobre o assunto, pelo menos não ignoravam que muito antes da Índia, Angola, Moçambique, Cabo Vede e S. Tomé, já os Açores reivindicavam a sua independência. Os de hoje são, quase todos, “uns relvas”!
“A Administração Colonial Portuguesa” (Carneiro de Moura, Livraria Clássica Editora, 1910) é prova de como o tempo passa mas “a escola” permanece. Vale bem uma leitura na íntegra, mas, até porque ajuda a perceber muito do que ainda hoje acontece (e quanto mais de direita for a “administração colonial” tanto pior), deixo-vos com esta parcela da pág. 14 da referida obra:
“ (…) A colonização portuguesa da Madeira e dos Açores está de há muito no regime pleno de assimilação, e Cabo Verde, Angola, Índia, S. Tomé e Moçambique têm sido regidas quase inteiramente pelas leis gerais da metrópole. Mandam deputados ao parlamento, e até se lhes aplica a urdidura política administrativa do continente. E no entanto é nos Açores que as tendências separatistas são mais notadas, de onde não se pode concluir que a política de assimilação não evita a independência das colónias, que alguns julgam ser mais facilitada pelo regime da autonomia.”

Já vai longa esta quaresma. Boa Páscoa!


A.O. 30/03/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado e com outro título)