Nesta arte do possível a que chamam política, são cada vez em maior número os artistas profissionais que com ela aproveitam só em benefício próprio. Penso assim sempre que ouço a corporação, independentemente das cores do “team” que defende, encontrar consensos alargados ou até mesmo unanimidades – “à boca calada”, como convém, a maior parte das vezes –, ou então discorrendo sobre paradoxais absurdos que nem a função, o local, e o momento podem justificar. Temendo inferior recordo António Aleixo: “ (…) para pior já basta assim”.
Vejamos exemplos recentes:
Primeiro: Sem grandes ondas, num quase absoluto silêncio – com pouco eco nos OCS que a publicidade institucional se encarrega de “fazer acertar o passo” – quando “todos” eram forçados a um maior esmagamento da sua já parca condição de vida, os “nossos representantes” (muitos deles saídos dos bancos da escola para as “creches” partidárias e destas directamente para as bancadas parlamentares da ALRA) aprovavam, em seu proveito, uma significativa melhoria às suas mordomias.
Segunda (bem mais recente, e aparentemente mais abrangente): Depois de votada unanimemente nos Açores, partiu para Portugal, onde pelo menos na generalidade foi também votada por unanimidade, a proposta de alteração ao Estatuto Político e Administrativo dos Açores. Rasgados elogios de quase todos. De outros, referências acanhadas às virtudes de um documento que, dizem, ir aprofundar a autonomia por nela fazer prevalecer a lei regional à nacional. E doutros ainda um sim…, porque assim ficam melhor na fotografia.
Tretas. Não passa de uma vitória de Pirro. E o Kosovo aqui tão perto – digo eu!
Para não referir outros, e porque é da esquerda que espero maior amplitude de visão, alguma coerência com princípios como os; Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e consistente congruência quando se afirma defender a autodeterminação dos Povos, mão pude deixar de reparar que logo ali Luís Fazenda não se conteve em zurzir na autonomia progressiva, e que até Ricardo Rodrigues, engasgando-se, não conseguiu disfarçar a falta de hábito em citar “A Livre Administração dos Açores pelos Açorianos”, para logo, já de forma escorreita, enfatizar a condição de portugueses a que estão sujeitos os açorianos. Outros – portugueses nascidos no rectângulo -, noutros tempos, não fariam pior em viagens oficiais a colónias como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (não é por acaso que só refiro estas).
Por isso, e por outras coisas, não posso deixar de concordar com Alberto João Jardim; será na próxima revisão da constituição portuguesa que têm de ser dados os próximos grandes passos no alargamento das autonomias. A começar, por excluir daquele texto a opressiva, e fasciszante proibição que impede a criação de partidos independentistas. E nesta ocasião, sinceramente, espero que Jaime Gama também se coloque do nosso lado.
Vejamos exemplos recentes:
Primeiro: Sem grandes ondas, num quase absoluto silêncio – com pouco eco nos OCS que a publicidade institucional se encarrega de “fazer acertar o passo” – quando “todos” eram forçados a um maior esmagamento da sua já parca condição de vida, os “nossos representantes” (muitos deles saídos dos bancos da escola para as “creches” partidárias e destas directamente para as bancadas parlamentares da ALRA) aprovavam, em seu proveito, uma significativa melhoria às suas mordomias.
Segunda (bem mais recente, e aparentemente mais abrangente): Depois de votada unanimemente nos Açores, partiu para Portugal, onde pelo menos na generalidade foi também votada por unanimidade, a proposta de alteração ao Estatuto Político e Administrativo dos Açores. Rasgados elogios de quase todos. De outros, referências acanhadas às virtudes de um documento que, dizem, ir aprofundar a autonomia por nela fazer prevalecer a lei regional à nacional. E doutros ainda um sim…, porque assim ficam melhor na fotografia.
Tretas. Não passa de uma vitória de Pirro. E o Kosovo aqui tão perto – digo eu!
Para não referir outros, e porque é da esquerda que espero maior amplitude de visão, alguma coerência com princípios como os; Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e consistente congruência quando se afirma defender a autodeterminação dos Povos, mão pude deixar de reparar que logo ali Luís Fazenda não se conteve em zurzir na autonomia progressiva, e que até Ricardo Rodrigues, engasgando-se, não conseguiu disfarçar a falta de hábito em citar “A Livre Administração dos Açores pelos Açorianos”, para logo, já de forma escorreita, enfatizar a condição de portugueses a que estão sujeitos os açorianos. Outros – portugueses nascidos no rectângulo -, noutros tempos, não fariam pior em viagens oficiais a colónias como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (não é por acaso que só refiro estas).
Por isso, e por outras coisas, não posso deixar de concordar com Alberto João Jardim; será na próxima revisão da constituição portuguesa que têm de ser dados os próximos grandes passos no alargamento das autonomias. A começar, por excluir daquele texto a opressiva, e fasciszante proibição que impede a criação de partidos independentistas. E nesta ocasião, sinceramente, espero que Jaime Gama também se coloque do nosso lado.
A. O. 08/04/08; “Cá à minha moda” (Revisto, e acrescentado com mais 1045 caracteres do que os 1800 da praxe)