Um destes dias, reencaminhado por alguém que habitualmente não envia “lixo” – e só por isso abri aquela mensagem com não sei quantos destinatários associados, tipo corrente a não interromper –, sem lhe faltar os avisos de “MUITO FORTE”, “VIOLENTO”, caiu também na minha caixa de correio o vídeo do politico americano que se suicidou em plena conferência de imprensa, por, segundo se dizia no e-mail que o acompanhava, ter sido apanhado nas malhas da justiça por corrupção, processo cujo montante, tal como também lá dizia, era somente de 15.000 U$D.
Ao visionar as imagens e mensagens contidas no ficheiro recebido recordei-me que já as vira noutra ocasião, que o caso ali registado não era assim tão recente, tampouco era assim tão reduzido o verdadeiro valor em causa. Mas nem o tempo que entretanto passou ou a diferença de valores apresentadas reduzem, em nada, o interesse e a oportunidade em recordar aquele dramático episódio: é que, “vergonha na cara”, aquilo que na altura não faltou ao mediático suicida, é coisa cada vez mais rara, atributo entretanto praticamente inexistente, que, tal como a honra ou a palavra dada, são marcas de carácter em continua desvalorização!
Se neste último quarto de século – foi em Janeiro de 1987 que Robert Dwyer, Secretário do Tesouro republicano, confrontado com uma acusação de corrupção cujos 300.000 U$D em causa o comprometiam implicando também mais uns quantos dos seus correligionários partidários optou por se suicidar frente a um batalhão de jornalistas – todos os corruptos implicados em processos de valor igual ou semelhante adoptassem a mesma atitude, com certeza o mundo estaria bem melhor. E nem é necessário olharmos para o lado de lá do Atlântico, onde, apesar de tudo, a justiça funciona e os “Bernard Madoffes” em poucos meses são julgados e encarcerados. Bastará apenas mirar aqui bem mais perto, para a direita, fixando-nos nos BPNs e em mais uns quantos pardais, ou para esquerda, nas “Faces ocultas” e outros que tais, para se avaliar a amplitude da limpeza caso o incidente Robert Dwyer fizesse escola. Bem vistas as coisas, e falando mais a sério, nem seria necessário chegar a tamanho exagero. Suficiente já seria a adopção de comportamentos ética e moralmente mais sóbrios e recomendáveis: como custa vê-los, por vezes já como arguidos, usando este estatuto não só para se defenderem, mas, sobretudo, poderem manter, prolongar e até acrescentar duvidosas benesses e mordomias!
Foi realmente dramática e muito violenta a forma como Bob Dwyer lidou com a acusação que sobre ele pendeu, cujas imagens, agora tão divulgadas, além de incomodar quem as visiona dão ainda muito que pensar. Mas também não deixará de ser tão ou mais violenta – embora menos dramática, admito – a forma como uns quantos, no extremo oposto, sem “pinga de vergonha na cara”, lidam com situações similares.
Nem oito nem oitenta – nada como qualquer coisa entre o trinta e o quarenta e dois –, mas começam a ser mais que muitos os casos que vão conhecendo a luz do dia, com os respectivos implicados a usar e abusar da desfaçatez.
Ao visionar as imagens e mensagens contidas no ficheiro recebido recordei-me que já as vira noutra ocasião, que o caso ali registado não era assim tão recente, tampouco era assim tão reduzido o verdadeiro valor em causa. Mas nem o tempo que entretanto passou ou a diferença de valores apresentadas reduzem, em nada, o interesse e a oportunidade em recordar aquele dramático episódio: é que, “vergonha na cara”, aquilo que na altura não faltou ao mediático suicida, é coisa cada vez mais rara, atributo entretanto praticamente inexistente, que, tal como a honra ou a palavra dada, são marcas de carácter em continua desvalorização!
Se neste último quarto de século – foi em Janeiro de 1987 que Robert Dwyer, Secretário do Tesouro republicano, confrontado com uma acusação de corrupção cujos 300.000 U$D em causa o comprometiam implicando também mais uns quantos dos seus correligionários partidários optou por se suicidar frente a um batalhão de jornalistas – todos os corruptos implicados em processos de valor igual ou semelhante adoptassem a mesma atitude, com certeza o mundo estaria bem melhor. E nem é necessário olharmos para o lado de lá do Atlântico, onde, apesar de tudo, a justiça funciona e os “Bernard Madoffes” em poucos meses são julgados e encarcerados. Bastará apenas mirar aqui bem mais perto, para a direita, fixando-nos nos BPNs e em mais uns quantos pardais, ou para esquerda, nas “Faces ocultas” e outros que tais, para se avaliar a amplitude da limpeza caso o incidente Robert Dwyer fizesse escola. Bem vistas as coisas, e falando mais a sério, nem seria necessário chegar a tamanho exagero. Suficiente já seria a adopção de comportamentos ética e moralmente mais sóbrios e recomendáveis: como custa vê-los, por vezes já como arguidos, usando este estatuto não só para se defenderem, mas, sobretudo, poderem manter, prolongar e até acrescentar duvidosas benesses e mordomias!
Foi realmente dramática e muito violenta a forma como Bob Dwyer lidou com a acusação que sobre ele pendeu, cujas imagens, agora tão divulgadas, além de incomodar quem as visiona dão ainda muito que pensar. Mas também não deixará de ser tão ou mais violenta – embora menos dramática, admito – a forma como uns quantos, no extremo oposto, sem “pinga de vergonha na cara”, lidam com situações similares.
Nem oito nem oitenta – nada como qualquer coisa entre o trinta e o quarenta e dois –, mas começam a ser mais que muitos os casos que vão conhecendo a luz do dia, com os respectivos implicados a usar e abusar da desfaçatez.
A.O. 11/09/10; “Cá à minha moda" (revisto e ligeiramente acrescentado)