Ponta Delgada, 08:45 de 19 Setembro de 2006
No âmbito da III Semana Europeia da Mobilidade, mais uma vez sem o desejado carácter formativo e sensibilizador para a problemática do uso excessivo de carros na cidade, tampouco alertando e fazendo pedagogia para uma maior utilização dos transportes públicos – e das vantagens da articulação destes com parques de estacionamento à entrada da cidade –, com horário restrito, e em zona delimitada, Ponta Delgada voltou também a celebrar o “Dia Sem Carros”.
Não fosse “a festa” – sempre ela; viva a animação –, e nem se tinha dado pela “coisa”!
De facto, uma “Ponta Delgada sem carros” é incompatível com a Ponta Delgada que gasta milhões para arrumar os carros no mais profundo do seu âmago. Tal como numa Ponta Delgada que retira aos peões o usufruto e fruição das suas centenárias artérias – transformando-as em apetecível negócio de parqueamento capaz de subordinar alguns agentes da PSP à eficácia do seu controlo – faz pouco ou nenhum sentido trnasformar o “Dia Sem Carros” numa iniciativa, importante, para a redução das deslocações em transporte individual.
Porque é que “progresso” há-de ser, necessariamente, sinónimo de betão?
Porque é que um mega parque de estacionamento não é instalado a norte da cidade (da zona do hospital, imaginem um semicírculo com um raio de 400 ou 500mt, tendo por eixo horizontal a via rápida)?
Assim, para aí também poderia ser deslocada a tal central rodoviária, podendo tudo isso ser o ponto de partida de um eficaz sistema de transportes públicos (melhorar o existente; mais “minibuses”, maior frequência na sua rotação, e, sobretudo, articular o preço do estacionamento com o uso do transporte público) cobrindo não só o centro urbano como ainda as áreas adjacentes, e contemplando a diversificação modal com a desejável incorporação de transportes de emissão zero.
Do próprio, in A. O. 19/09/06; “Cá à minha moda”