Está aberta a discussão sobre o ordenamento da costa sul de S. Miguel. Do valioso património natural que Santa Clara possuía, após o aeroporto ter destruído quase por completo a “Mata da Doca”, resta preservar, requalificando sem arrasar, a pitoresca e historicamente consagrada orla marítima de Santa Clara. Não é desenvolvimento o “progresso” que sufoca sem deixar alternativas. Depois, é o que se vê!
Da “Mata da Doca” e “Calhau da Areia” de outrora ficam as histórias. Como a que me foi recordada recentemente, com pormenores que não conhecia, por um dos seus protagonistas:
Da “Mata da Doca” e “Calhau da Areia” de outrora ficam as histórias. Como a que me foi recordada recentemente, com pormenores que não conhecia, por um dos seus protagonistas:
Em finais da década de 60 brincavam três amigos numa das extremas da “Mata da Doca” – viver em Santa Clara sem ganhar alcunha é raridade. Aqui vão os “apelidos” do trio; “Macarrão”(ainda por cá), “Gigante” (já falecido) e “Língua” (emigrado) –, quando, tendo encontrando um baú velho, lhes ocorreu transformarem-no numa embarcação. Depois de impermeabilizarem o fundo da arca com alcatrão e areia, dirigiram-se para o calhau, onde, literalmente “de bliquinha de fora”, deram início ao que, segundo seus desejos, seria apenas um bordejo sem perder de vista o “Cunhal da Maré”. Embora o “capitão Macarrão” se esforçasse por indicar o rumo, foram; o vento e as correntes, quem de facto os comandou. O “bote” não obedecia aos improvisados remos!
Já aos olhos dos três imberbes aventureiros a costa de Santa Clara pouco mais era do que uma silhueta, quando, recolhidos por tripulantes de um petroleiro, e depois de convenientemente agasalhados e alimentados, os “marinheiros de baú” foram entregues à “lancha dos pilotos” que os trouxe para terra.
“Márinho” ainda recorda a sova que mestre Juvenal, seu pai, inflamado pelo alarido armado em Santa Clara, lhe deu junto às antigas instalações do Clube Naval. Pudera!
Do próprio, in A. O. 24/04/07; “Cá à minha moda”