O disparo, a pique, do preço do petróleo (ao ponto de até alguma esquerda admitir o nuclear como solução aceitável) e a crise daí resultante, se para mais nada servir, deu pelo menos para colocar o transporte público na ordem do dia. Ainda bem!
Os mais novos nem imaginam, mas entre os mais velhos, tirando aqueles que, como que de propósito, parecem fazer questão de não lembrar, alguns recordarão que tempo houve em que dois autocarros (as “Centrais”) se cruzavam em frente ao Mercado da Graça. Eram, ambos, um partindo do “Campo São Francisco” e o outro do “Largo da Pranchinha”, a base de um sistema de transportes públicos citadino, racional, que com mais duas ou três outras “carreiras” – Santa Clara, Ramalho e Passal/Bairros Novos –, para os padrões da época, até que funcionava bem!
Claro que se tratava do tempo em que o automóvel ainda não era dono e senhor da cidade, cujas ruas e largos, mais do que parques de estacionamento – negócio que entretanto já se expandiu ao subsolo – eram então local de circulação de peões sem risco de esmagamento nem necessidade de reivindicar um sistema de “peõeímetros” que os proteja e lhes dê prioridade.
O “progresso” a que se tem assistido, mais à custa de um ordenamento de ocasião, que privilegia o betão – e os brutos dividendos, também pardidários, que daí advêm – em detrimento do cidadão, foi incapaz de adaptar o que de bom havia; transporte público urbano é o que se conhece, tal como são cada vez mais aliciantes os inconvenienetes convites em chegar de carro ao centro da cidade (mesmo às zonas pedonais).
Por coincidência – será? -, um recente parque de estacionamento (na artéria em frente ao antigo quartel dos bombeiros), periférico como convém (quando comparado com os demais), e que, talvez por ter sido construído a preços módicos passou ao lado do “foguetório” habitual, porque "não há bela sem senão", passa-lhe também muito ao lado o parco sistema de transportes públicos existente. É pena!
A. O. 29/07/08; “Cá à minha moda” (Revisto e ligeiramente acrescentado)