Já Eça de Queiroz, referindo-se ao povo português, dizia: “(…) Paga para ter ministros que não governam, deputados que não legislam, (…). Paga àqueles que o espoliam, (…). Paga tudo, paga para tudo."
Continua a pagar e parece feliz (digo eu)!
De facto, o mesmo Portugal que desde tempos imemoriais é especialista em “cerco à arraia-miúda” (Salazar também foi exímio instrutor desta modalidade), prática cujo último exemplo foi o apertar da malha para apanhar, e punir, aqueles que tendo em conta os miseráveis rendimentos que usufruem se julgavam livres da rede, é um grande promotor, e importante centro de hábeis praticantes, de uma modalidade que não sendo nova, tem ganho ultimamente muita visibilidade; o “FreeSport”.
Se “cerco à arraia-miúda” é coisa para “peixe miúdo”, tipo sardinha, já “FreeSport” destina-se a “peixe graúdo”; tubarões, de preferência!
Também quanto às consequências há diferenças notórias: Enquanto em “cerco à arraia-miúda”, o “Zé da Esquina”, por não fazer declaração do seu rendimento anual, pode vir a ser punido com multa equiparada a 25% do que mensalmente recebe, já em “FreeSport”, quando – o que raramente acontece – não for possível fazer uso das principais vantagens da modalidade (grandes investimentos para empatar as demandas, prescrições e arquivamento dos processos), o mais que pode acontecer ao jogador, mesmo tratando-se de um condenado por corrupção, é ser também punido com uma multa, no caso, irrelevante quando comparada com o montante do “negócio”. Mais, em “FreeSport”, mesmo os detentores de elevados cargos públicos podem alegar ignorância, sobretudo para justificar os depósitos na Suíça provenientes das sobras – e que sobras!? – dos donativos para as campanhas eleitorais.
Também quanto às consequências há diferenças notórias: Enquanto em “cerco à arraia-miúda”, o “Zé da Esquina”, por não fazer declaração do seu rendimento anual, pode vir a ser punido com multa equiparada a 25% do que mensalmente recebe, já em “FreeSport”, quando – o que raramente acontece – não for possível fazer uso das principais vantagens da modalidade (grandes investimentos para empatar as demandas, prescrições e arquivamento dos processos), o mais que pode acontecer ao jogador, mesmo tratando-se de um condenado por corrupção, é ser também punido com uma multa, no caso, irrelevante quando comparada com o montante do “negócio”. Mais, em “FreeSport”, mesmo os detentores de elevados cargos públicos podem alegar ignorância, sobretudo para justificar os depósitos na Suíça provenientes das sobras – e que sobras!? – dos donativos para as campanhas eleitorais.
Resta acrescentar que no “FreeSport”, onde há também I e II divisões, por regra patrocinadas pela banca, os campeonatos regionais são muito renhidos: Lisboa, Porto, Oeiras, Alcochete, Felgueiras, Gondomar e Marco de Canavezes, para já, lideram. Mas, com mais ou menos autonomia, é bom “botar sentido” à Série Açores.
A.O. 0704/09; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)