Recentemente, Sócrates e Teixeira dos Santos, ambos ufanos, quase eufóricos – ainda não chegou o PEC que os obrigue a cortar em gestão de imagem e “spin doctors” –, revezaram-se em antena publicitando o “grande sucesso” do dia: a colocação de 1.250 Milhões de euros da divida soberana portuguesa – e, agora sim, vem a parte pior – negócio sujeito a uma taxa de juro de pouco menos de 7% ao ano (6,71% em rigor). A ambos os “caixeiros-viajantes” – governar por estes tempos tem sido pouco mais do que “correr atrás do prejuízo” – só lhes faltou chamar à operação “sucesso estrondoso”. Detonação, de facto, não faltou! Nem irá faltar num futuro próximo, já que aquela foi só uma ínfima parcela – menos de 0,5% – das largas dezenas de Milhões que terão de ser “vendidos” proximamente. A garantia do “sucesso” pomposamente anunciado passou por negociar com a China, em condições que vão muito para além da taxa de juro, mais de 90% do “bolo” leiloado, ficando por dizer, apesar do muito “tempo de antena” ocupado – a uns só compete anunciar a parte boa da notícia –, que com juros àquele nível o “sucesso” vai consumir parte significativa, se não o todo, do efeito obtido no OE por alguns dos sacrifícios impostos. É, como quem diz: “cortar no pão para entregar ao ladrão”. Critérios!
O “road show” português, entretanto, trocando o Extremo Oriente pelo Médio Oriente, aterrou recentemente no Qatar.
Vá lá saber-se porquê a minha memória, recuando umas décadas, recuperou outro “negócio soberano”, este sim, tendencialmente de sucesso, mas que, entre outras, por questões de respeito pela soberania (a dos Açores), não se efectuou. Tratava-se da “troca de água por petróleo”: uma das hipóteses discutidas na segunda reunião da FLA em Paris para o financiamento da Independência dos Açores, processo apadrinhado por uma importante entidade financeira Árabe, que aplicava uma pequena parte dos Biliões de dólares então disponibilizados. Segundo o catecismo anti-independência que circulava, na época, Portugal era um país poderosíssimo, quase uma potência, quase auto-suficiente, e os Açores, coitadinhos – nunca interessou valorizar os seus recursos e potencialidades: a sua posição geoestratégica, o seu imenso e rico mar, a fertilidade do seu solo, etc., etc. –, tal como ainda hoje alguns os continuam considerando, apenas um sorvedouro dos tidos por infindáveis expedientes que Portugal encontra e usa. Para os “catequizados” – então também ufanos –, claro, a “troca de água por petróleo” era só uma hipérbole separatista – nem sabem como custa imenso ter razão antes do tempo!
Troca de água por petróleo é tema que também me ocorre sempre que avisto o minarete da Mesquita de Lisboa (isto, ainda relacionado com o que atrás escrevi: lembrando-me de mais alguns dos detalhes da proposta vinda do Golfo Pérsico), ou, quando por aqui se apela ao consumo dos produtos açorianos. É que, neste caso, muito mais do que outros produtos, tipo o leite, é da água que me lembro em primeiro lugar (em tempos, explorando um estabelecimento comercial, quando a já então única água engarrafada açoriana não estava no mercado, por me recusar a vender outra, oferecia água da torneira como forma de me manifestar). E lembro-me dela – cada vez mais cara e escassa – porque são muitos os milhões litros de água potável nos Açores que, todos os dias, correm para o mar, quando são também muito significativos os milhões de litros de água que têm de atravessar o atlântico para chegar às nossas mesas. Ignorar isso – e/ou permitir que se adquirem nascentes para proteger “o negócio” – é pactuar com o desperdício económico em causa, tanto maior quanto o é o elevado valor da “pegada ecológica” que lhe está associada (as embalagens, na melhor das hipóteses, têm que fazer a viagem de regresso). Eh, minudências minhas!
O “road show” português, entretanto, trocando o Extremo Oriente pelo Médio Oriente, aterrou recentemente no Qatar.
Vá lá saber-se porquê a minha memória, recuando umas décadas, recuperou outro “negócio soberano”, este sim, tendencialmente de sucesso, mas que, entre outras, por questões de respeito pela soberania (a dos Açores), não se efectuou. Tratava-se da “troca de água por petróleo”: uma das hipóteses discutidas na segunda reunião da FLA em Paris para o financiamento da Independência dos Açores, processo apadrinhado por uma importante entidade financeira Árabe, que aplicava uma pequena parte dos Biliões de dólares então disponibilizados. Segundo o catecismo anti-independência que circulava, na época, Portugal era um país poderosíssimo, quase uma potência, quase auto-suficiente, e os Açores, coitadinhos – nunca interessou valorizar os seus recursos e potencialidades: a sua posição geoestratégica, o seu imenso e rico mar, a fertilidade do seu solo, etc., etc. –, tal como ainda hoje alguns os continuam considerando, apenas um sorvedouro dos tidos por infindáveis expedientes que Portugal encontra e usa. Para os “catequizados” – então também ufanos –, claro, a “troca de água por petróleo” era só uma hipérbole separatista – nem sabem como custa imenso ter razão antes do tempo!
Troca de água por petróleo é tema que também me ocorre sempre que avisto o minarete da Mesquita de Lisboa (isto, ainda relacionado com o que atrás escrevi: lembrando-me de mais alguns dos detalhes da proposta vinda do Golfo Pérsico), ou, quando por aqui se apela ao consumo dos produtos açorianos. É que, neste caso, muito mais do que outros produtos, tipo o leite, é da água que me lembro em primeiro lugar (em tempos, explorando um estabelecimento comercial, quando a já então única água engarrafada açoriana não estava no mercado, por me recusar a vender outra, oferecia água da torneira como forma de me manifestar). E lembro-me dela – cada vez mais cara e escassa – porque são muitos os milhões litros de água potável nos Açores que, todos os dias, correm para o mar, quando são também muito significativos os milhões de litros de água que têm de atravessar o atlântico para chegar às nossas mesas. Ignorar isso – e/ou permitir que se adquirem nascentes para proteger “o negócio” – é pactuar com o desperdício económico em causa, tanto maior quanto o é o elevado valor da “pegada ecológica” que lhe está associada (as embalagens, na melhor das hipóteses, têm que fazer a viagem de regresso). Eh, minudências minhas!
A.O. 18/01/2011; “Cá à minha moda" (revisto, acrescentado e com o título alterado)