sexta-feira, fevereiro 13, 2015

O prometido é devido

 Planta do Forte de S. Pedro
 "O Forte e a Cidade", pág. 44,  de 
  José M. Salgado Martins (Edição Letras Lavadas, 2012).  


Recortes da cópia de um documento notarial de 1925 preparando a venda do "Castelinho de Santa Clara" e do Forte de São Pedro.


Foto aérea da zona do Forte de São Pedro (à esquerda), vendo-se ao centro a respectiva igreja.
Ponta Delgada: Vandalismo ou Desenvolvimento, pág. 46, de
Carlos Falcão Afonso (Edição CMPD, 2006).



Óleo sobre tela (Júlio Gomes de Menezes) onde se vê junto ao mar a muralha Poente do Forte de São Pedro.
História dos Açores II, pág. 153, de
Carlos Melo Bento (Edição do Autor, 1995).


O meu amigo Fernando de Jesus, nascido em São Pedro (logo, naturalmente, marítimista e portista fervoroso) mas “naturalizando” santaclarense por casamento, vai já para meio século, desafiou-me a escrever sobre o forte que existiu na sua freguesia, paredes-meias com o qual, disse-me, os avós possuíam a casa onde ele nasceu e viveu até ao início da década de cinquenta, altura em que a construção da avenida obrigou a demolir a residência da família – que ele gostaria de poder localizar e rever – tal como aconteceu a outras na mesma zona. Esta não é “a minha lavra” (fosse para as bandas “Loeste” e, talvez, lhe pudesse ser mais útil), mas como há coisas que estão ligadas… aqui vai disso:
Em 1925, o notário Tavares de Carvalho, de Lisboa, preparou a venda do “Castelinho de Santa Clara” (então avaliado em 2.320 escudos) e do Forte de São Pedro (bem mais valioso). O documento notarial (cuja cópia devo ao meu saudoso e bom amigo Comendador Manuel Ferreira) dá com detalhe as confrontações do Forte de São Pedro: Norte, adro da igreja de S. Pedro; Sul, mar; Leste, Rua do Castelo, Henrique Joaquim Botelho e Travessa do Calhau; Oeste, Dr. Luís Bernardo Leite Athayde. Para ajudar a esmiuçar o assunto recomendo uma interessante fotografia aérea da zona, publicada no livro do Dr. Carlos Falcão Afonso (“Ponta Delgada. Vandalismo ou Desenvolvimento?”, pág. 46) e a planta do Forte de São Pedro inserta no livro do Coronel José Manuel Salgado Martins (“O Forte e a Cidade”, pág. 44), conjunto de documentos que nos dão uma minuciosa percepção do local, com a foto oferecendo pormenores das residências em volta do castelo, onde, quiçá, poderá ser possível localizar a casa dos antecessores do meu prezado amigo.
Ficam para outras calendas as deliciosas “estórias” – reveladas pelo Fernando – sobre o “Ti Mané Miola” e o contrabando que fazia em volta da casa de sua avó, a “Tia Laurinha”, não podendo eu deixar de dar registo de que, mesmo que mais pequeno (só três canhoneiras enquanto o de São Pedro tinha sete) o “Castelinho de Santa Clara” – honra seja feita a “Santa Clara – Vida Nova”, já que a 1ª versão do PDM ignorava-o, convidando ao seu arrasamento – ainda lá está, enquanto do Forte de São Pedro restam apenas ilustrações.
Pois, Fernando, aqui fica um início para a meada. Agora é segui-la!

AO. 14/02/2015; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)