São elevadas, muito elevadas mesmo, as expectativas criadas à volta da eleição de Barack Obama. Não só nos EUA, onde para já – o resto poderá vir depois – o homem também se apresenta como solução para a crise que o ajudou a eleger, e que agora, muitos esperam seja ele capaz de a resolver. Mas também, já que o próximo presidente dos conterrâneos do Tio Sam reuniu à sua volta enorme consenso fora dos EUA (desde o norte oriental; Rússia e China, até ao centro e sul ex-colonial; Africa e América Latina), são de amplitude quase global as esperanças depositadas no primeiro negro que irá ocupar a Casa Branca.
Alterações de paradigma conseguidos assim de forma tão ampla quanto brusca, só mesmo na América; este é mais um dos sonhos americanos tornado realidade!
A propósito: Que diria hoje Martin Luther King – octogenário se ainda fosse vivo –, podendo testemunhar, apenas quarenta e cinco anos após ter proferido o célebre “ I have a dream”, a concretização de um passo bem mais arrojado do que alguns daqueles que os seus sonhos consubstanciavam?
Para a história fica também a galhardia e nobreza de carácter de John McCain, sobretudo na hora de reconhecer, e saudar, a vitória do adversário. Aliás, estou em crer que McCain daria também um excelente presidente. Especialmente se, manipulando em conjunto a “máquina do tempo” e os poderosos aparelhos que colocam os candidatos às eleições americanas na linha de partida, tivesse sido possível, no início do século XXI, lançá-lo em lugar de Walker Bush.
De sonho – e como seria bom isso “fazer escola” e transformar-se em “lição” –, foi também o facto da recente eleição ter sido entre dois “outsiders” da lógica partidária vigente, senhores de invulgar estatura democrática, espírito de serviço cívico, e currículos recheados de trabalho em prol de causas sociais!
A.O. 18/11/08; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)