terça-feira, janeiro 29, 2008

Facilidades e aflições; do 80 ao 8

O CDSC tem vivido dias críticos. Perante a situação, dramática, em que a actual direcção recebeu o clube, claro que não se previam facilidades; desde cedo, sem contar com mais surpresas desagradáveis, e partindo do princípio que o orçamento do futebol profissional não excederia 1.000.000Euros/época, uma projecção dos fluxos de tesouraria já apontava para as contrariedades que haveriam surgir em Fevereiro ou Março. As surpresas e derrapagens só anteciparam as dificuldades!
O que parece não ter sido previsto – imprudente boa fé –, foi que aqueles que no passado se comportaram como credores excessivamente complacentes, de um momento para o outro adoptassem um zelo que, usado em anteriores circunstâncias, com certeza não tinha permitido ao CDSC perder o quanto perdeu.
É óbvio sabermos que o capital não tem cor nem pátria. É também sabido o reduzido valor das actuais garantias reais – “colchão” em que outros se refastelaram desbragadamente – que o clube pode apresentar de momento, e constituem penhor decisivo nas horas de aperto. Mas também todos sabemos – e a “alma santaclarense” recentemente o demonstrou – como é diferente, para melhor, a credibilidade que o CDSC já patenteia.
A casa está arrumada (bar facturando, contabilidade dentro de portas, comunicação e marketing em caminho), as contas estão praticamente em dia (dois exercícios encerrados em pouco mais de um ano, e, finalmente, está sendo harmonizado o período fiscal com a época desportiva), está já em curso um significativo esforço para aumentar as receitas complementares (até final de 2007 cresceram de forma que igualam o valor obtido pelo somatório das mesmas rubricas nos três exercícios anteriores), e até foram recuperadas cerca de 180.000 Euros de receitas oficiais, que outros, principescamente pagos, haviam displicentemente negligenciado.
Querem mais? Eu também gostaria – embora Roma e Pavia (…)! Sobretudo no que respeita à incorporação de mais método científico, e maior capacidade de planeamento a médio e longo prazo no “negócio futebol”.
Mas, se algo tardou demais, foi a mudança que 31 Out. de 2006 operou!
A. O. 15/01/08; “Cá à minha moda”

terça-feira, janeiro 15, 2008

Parabéns Catalunha, e ao teu Povo

Entre nós – imerecidamente, digo eu! –, passou despercebida a notícia sobre um facto que devia encher de orgulho, servindo de exemplo e rumo, até mesmo ao mais acanhado dos autonomistas. Refiro-me ao caso de a 2 Janeiro de 2008, a nação Catalã se ter transformando na primeira comunidade autónoma espanhola a gerir e controlar de forma independente os impostos gerados no seu território. Este extraordinário avanço no processo autonómico Catalão – nunca é demais acenar com estes exemplos aos que, no caso dos Açores, não perdem uma única oportunidade para discorrer sobre os limites da autonomia –, foi só uma das prerrogativas incluídas na recente (2005) alteração ao seu Estatuto de Autonomia, documento cujo preâmbulo realça que “o Parlamento da Catalunha definiu, de forma amplamente maioritária, a Catalunha como nação”, e recolheu um expressivo apoio junto do Povo Catalão.
Brava gente. Como os entendo, a começar pelo catalão anónimo que inquirido sobre a polémica recente lírica do hino espanhol diz qualquer coisa como: “Acho bem. Trautear é pouco, os espanhóis também têm o direito de poder cantar o seu hino!” Só lhe faltou “encher o peito” e cantar;
Catalunha, triunfante,
tornará a ser rica e cheia!
Por detrás desta gente
tão ufana e tão soberba!
Bom golpe de foice!
Bom golpe de foice, defensores da terra!
Bom golpe de foice!
Agora é hora, segadores!
Agora é hora de estar alerta!
Para quando chegar o outro Junho
amolem bem as ferramentas! Bom golpe de foice!
Bom golpe de foice, defensores da terra!
Bom golpe de foice!
Que trema o inimigo
mostraremos a nossa bandeira:
como fazemos cair as espigas de ouro,
quando convém seguir cadeias!
Bom golpe de foice!
Bom golpe de foice, defensores da terra!”
(a tradução possível do Hino Catalão)
A. O. 15/01/08; “Cá à minha moda”

terça-feira, janeiro 01, 2008

Eu ainda quero acreditar

Vai para quatro anos, Carlos César colocava em marcha a sua candidatura ao terceiro, E ÚLTIMO (explicitavam os documentos divulgados), mandato como Presidente do Governo dos Açores.
Tendo em conta a amplitude dos ciclos políticos anteriores, o último dos quais, já em democracia, durou 20 anos, os três mandatos (12 anos) a que Carlos César se propunha não escandalizavam ninguém. Pelo contrário. Mesmo quem, como eu, que insiste em ver na alternância dos detentores de poder uma das vantagens da democracia – chamem-lhe ingenuidade, se quiserem, que eu não me importo –, considerando por isso que dois mandados são, em regra, o tempo idealmente tolerado de “submissão democrática”, facilmente passou a apoiar, de forma tão convicta quão desinteressada, o projecto. Afinal, tratava-se do prolongar por mais quatro anos da agradável lufada de ar fresco que em Outubro de 1996 soprou nos Açores.
Entretanto foi posta em marcha a campanha que pretende modificar o paradigma proposto em 2004. É pena! E pena porque:
Um. Perdem os Açores; não parece politicamente saudável esta tendência para “eternizar” o líder (reminiscências do Estado Novo e/ou vontade de rivalizar com Alberto João Jardim), o que fatalmente nos “amarra” a longos e monolíticos ciclos políticos, realçando velhos estigmas.
Dois. Nem mesmo para Carlos César a solução parece muito vantajosa; para além de tudo o mais, deixa fugir a grande oportunidade de fazer diferente, demarcando-se de práticas de um passado ainda recente, também por ele muito criticadas.
Três. Até para o PS/A a decisão não parece ser a melhor; nunca foi tão fácil, estou em crer, fazer “a sucessão” sem ter de trilhar os penosos caminhos em que o PSD/A se atolou.
Eu, sinceramente, gostaria de continuar a acreditar que se vai cumprir 2004!!!
A. O. 01/01/08; “Cá à minha moda”