domingo, agosto 31, 2014

Rectificativo?

Eis que Portugal já tem mais um rectificativo: um novo rectificativo, para rectificar o rectificativo anterior. É obra: a obra do “Campeão dos Rectificativos”! Uma obra que só por si é um bom indicador da sua impreparação; de como eram falsas as promessas antecipadas; de como o objectivo, encomendado, em vez de ser o “sanear as contas públicas”, mais não é que impor “a ditadura neoliberal”, mandando a esmagadora maioria (“eles” e os compinchas não, como se vê é um viva a fartura) para o conveniente e disciplinador limiar da pobreza. Vejamos: este rectificativo é porquê? Não porque a dívida decresceu, pois esta continua a caminho dos 150%; não porque as “gorduras do Estado” foram, finalmente, “afiambradas”, pois estas continuam a levedar; não porque o Tribunal Constitucional, como eles gostam de dizer, seja culpado “disso ou daquilo”, porque “os chumbos do TC” são só o pretexto. O rectificativo, os rectificativos, são só e apenas porque o que não cresce é a economia (nem pode crescer tal é o “esmirramento” a que a submetem insistentemente)! E “eles” sabem disso, mas são obedientes; coitadinhos; “paus mandatos”!
O PPC rectificador é o mesmo Passos Coelho que dizia ser o seu antecessor incapaz de aumentar a receita sem aumentar os impostos, ou, de forma mais contundente ainda, “ser criminosa a política de privatizações que vendessem ao desbarato os activos públicos”. Quem o ouviu e quem o ouve! Qual Pinóquio qual carapuça. Compará-lo só mesmo aos presidentes dos clubes de futebol que cultivam a máxima do: “o que hoje é verdade amanhã é mentira”. Há até quem já tenha refinado o popularucho aforismo para: “o que da manhã é verdade à tarde é mentira”! É já com estes últimos que PPC compete. Quem nos mandou colocar "o destino" nas mãos de quem na vida pouco mais fez do que cirandar nas “jotinhas”?
E por falar nos que se “fazem homens” à sombra da bananeira esperando pacientemente o dia de “chegar ao pote”: intriga-me o apoio que Seguro obtém nas hostes da actual maioria. Cá para mim – que não estou, nem quero estar, mobilizado para “a guerra dos antónios” – que mais será necessário para demonstrar como Seguro é o melhor seguro de Passos Coelho?

AO. 30/08/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, agosto 16, 2014

Isto tresanda

Apesar de três anos de vida exaurida, para alguns, para a maioria – e foi prometido que assim não seria; que acabar com as “gorduras do Estado” chegava e sobejava! – e quando se torna óbvio que o resultado deste autêntico “confisco fiscal” (não era esta a expressão que Paulo Portas tanto gostava de usar?) leva sumiço só no tapar do buraco BPN, eis que um novo buraco, desta vez a cratera BES, está no nosso caminho.
A nova tragédia indicia que o “caminho das pedras” é para continuar, para ser trilhado com ainda mais dor, embora o “Comité de Propaganda de PPC” se esforce em dizer que desta vez não será assim; que não serão os “dinheiros públicos” a tapar o buraco; balelas… Dizem isso com o mesmo descaramento com que disseram não ir aumentar impostos nem despedir à farta; dizem isso com a mesma “cara de pau” com que ainda recentemente afirmavam que os problemas do GES nada tinham a ver com os do BES, então ainda uno, seguro, tão recomendável que até mobilizou o Presidente da Republica Portuguesa em defesa de tamanha segurança. Isto antes: antes do acelerado Conselho de Ministros, o das votações virtuais; antes da dicotomia “Banco BOM” “Banco MAU” ter criado um problema que, se não me engano, aprofundará ainda mais a medonha cratera GES/BES; antes “deles”, os principais artistas, se terem colocado “a banhos” e “calado como zorras”; antes de, como se adivinhava inevitável, a realidade (primeiro dando a conhecer documentos pretensamente omitidos e logo abrindo novas e sérias feridas) os desminta, a todos. Antes de tudo isso, mas depois, muito depois, quase um ano depois, de serem conhecidos indícios de gestão fraudulenta no universo do bom, hoje mau e amanhã, quiçá, vilão, “Dono Disso Tudo”!
Foram os Oliveiras Costas e quejandos quem viveu acima das suas possibilidades (até quando financiaram campanhas eleitorais), mas são “os papalvos”, nós, ainda para mais acusados de viver acima das nossas posses, quem paga a factura!
Isto já tresanda, e para acentuar o mau cheiro ficamos esta semana a saber que eles, sempre os mesmos, continuam a “criar gordura”: então o filho de Durão Barroso não foi contratado, por convite, para ir ajudar desregular para o Banco de Portugal…

A.O. 16/08/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, agosto 02, 2014

CPLP, olé!


Sou a favor de uma total emancipação dos Açores. Da mesma forma – e com a mesma convicção – defendo ser a Língua Portuguesa a grande, a maior, herança que algum dia os portugueses nos irão deixar. Também por isso senti simpatia, desde a primeira hora, pela criação da CPLP: Comunidade de Países de Língua Portuguesa, onde, acredito convictamente (mas não coloco nisto datas, muito menos uma tão curta como dois anos), um dia os Açores – e também a Madeira – se integrarão. O desejo dos Açores, como país soberano, integrarem a CPLP mantenho-o; a simpatia pela CPLP, por esta CPLP (a que resultou da cimeira de Díli), confesso, já não é a mesma. Compreendo, até por constrangimentos paternalistas e outras obrigações, a tolerância que Portugal possa ter para com os deficits democráticos de alguns dos países que com o pós 25 de Abril se emanciparam do seu jugo, para mais, porque dificilmente poderiam haver hábitos democráticos após um processo que insistiu até ao fim (e insiste, agora com balizas mais curtas) no lema “do Minho a Timor, Portugal, Portugal, Portugal…”. Diferente poderia ser se, pelo contrário, como noutros casos, Portugal tivesse em conta o natural direito “dos filhos” a autonomizarem-se e tornarem-se independentes. Mas não foi (nem é), Portugal sempre preferiu (e prefere), o vil desejo de exploração e/ou exibição da sua “imperial” grandeza, ao nobre desígnio de ajudar a desenvolver “os filhos”, já tão adultos quanto ele, e por ventura mais capazes que o “próprio pai” para se governarem sozinhos. Compreendendo a tolerância perante os países surgidos das ex- colónias, já não compreendo – nem aceito as razões hipócritas e interesseiras que as justificam – o alargar desta tolerância a um país como a Guiné Equatorial, permitindo de permeio “tempo de antena” a um ditador facínora que não se importa em pagar seja o que for para ir conseguindo “minutos de fama” no cenário internacional.

A desculpa do evitar ficarem isolados não serve: há ocasiões em que “um corajoso isolamento” até fica bem. Outros portugueses assim fizeram quando, não se preocupando se o faziam sós ou acompanhados, aboliram a pena de morte. Outra gente, outros valores, outra coragem! 

A.O. 02/08/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)