terça-feira, agosto 26, 2008

AUTONOMIA & autonomia

Ainda os portugueses (atletas - naturalizados inclusive -, dirigentes, comentadores e público em geral), na sua olímpica bipolar esquizofrenia, ora carpiam mágoas ora comemoravam eufóricos os resultados de Pequim, já as atenções futebolísticas se focavam na estreia de Carlos Queirós, em jogo tido como fácil, contra uma selecção onde uma das estrelas ganha a vida como carpinteiro.
Por mim, futebol à parte, prefiro analisar este Portugal vs Ilhas Faroé por um outro prisma: o das autonomias quando o são de facto; quando “a pátria mãe” não tem medo da evolução autonómica; e quando a emancipação pode acabar acontecendo, naturalmente.
As ilhas Faroé, ou “Ilhas das ovelhas” ("dos carneiros", teimosos mas seguidistas, ou "das vacas", com sua irritante passividade bovina, seria bem pior), com apenas 47.000 habitantes – 16.000 dos quais fixados em Streymox, a maior e mais populosa das 18 ilhas do arquipélago –, embora aspirem e façam por isso, não são um país independente, mas sim, ainda e só, uma região autónoma. Com uma autonomia que paulatinamente se tem alargado e consolidado; autonomia em cujo horizonte se perfila a independência, mas, por enquanto, só e apenas, uma Autonomia (desde 1948, logo com 60 anos, quando a dos Açores, no papel, tem quase o dobro desta idade).
Imaginando o dia em que, tal como aconteceu antes do jogo com as Ilhas Feroé, poderei ver futebolistas portugueses perfilados perante a Bandeira Açoriana ao som do nosso Hino, logo pensei na oportunidade que o Presidente da Republica Portuguesa com certeza não desaproveitaria para dar trabalho ao Tribunal Constitucional, e/ou promulgar mais um veto!
Passado o devaneio, ocorreu-me a seguinte questão:
- Mas afinal, para Portugal, não seria mais honroso defrontar (mesmo tendo de se colocar em sentido frente à Bandeira dos Açores) uma sua Região Autónoma em lugar da congénere dinamarquesa? Para mais, quando no mesmo dia, as equipas principais dos Reinos da Dinamarca e de Espanha se defrontavam, assim como que conferindo a Portugal o estatuto de comunidade autónoma espanhola.
Eu cá acho que sim!

A. O. 26/08/08; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)

terça-feira, agosto 12, 2008

Se com Soares foi o que foi, de Cavaco esperavam o quê?










Os Açores, ou melhor, as ditas inconstitucionalidades contidas na mais recente reforma do Estatuto regulador da acanhada autonomia com que nos sujeitam e amansam, versão que de tão irresoluta deixou cair o “Povo Açoriano” a troco de conseguir ser aprovada por unanimidade – em dois parlamentos; nos Açores e em Portugal, o que, como se viu, de pouco ou nada serviu! –, foi o mote do mais recente “tabu” de Cavaco Silva.
Ainda calado, já na mímica dos primeiros momentos da aparição de S. Exa. o PR dos portugueses se adivinhava que dali coisa boa não viria; é que a sua inopinada e pré anunciada comunicação ao país, dele (porque o meu; os Açores, era ali claramente o alvo a abater), nem os seus próprios compatriotas entusiasmou e interessou. Aliás, aquilo pareceu mais um recado enviado para alguns, do que propriamente uma mensagem à plebe; foi como que a reacção, dorida, à primeira vez em que o T.C. não se pronunciou, como lhe é habitual, de forma clara contra os interesses dos Açores, mesmo quando, com a súplica, mais não se pretende do que uma delicada mini dose.
Depois do que se tem assistido, presumo que a montanha apenas vai parir um rato; o Sr. Eng. tudo faz para que os seus correligionários, mesmo os de cá, refreiem a “briga” com o Sr. Prof. Doutor, e os prosélitos deste último, após os “tiros nos pés” dados - alguns por antecipação como M. Ferreira Leite, aqui nos Açores (rico apoio ao PSD/A), logo secundada, lá, por um característico drible de J. B. Mota Amaral, que tal como Mário Soares pareceu ter-se esquecido de 1986, com ou sem gravata preta e óculos escuros - recorrem a esforçadas 2ªs linhas para “corrigir a mão”.
Por mim, já que de nada serve implorar o que só por conquista se obtém, recolocava a questão do “Povo Açoriano”. Não dá dinheiro, dizem, mas se é bom ser açoriano, pois então façam-LHE justiça!


A. O. 12/08/08; “Cá à minha moda” (Revisto, ligeiramente acrescentado e título integral)
A foto foi "assapada" um destes dias no Sapo, e, as caricaturas, algures na net (já não sei bem onde!)