terça-feira, julho 31, 2007

O evangelho segundo Saramago

Beneficiando da amplificação pública que geralmente tem tudo que diz o mais recente Nobel português – desde a “Lariana inquisição”refugiado em Lanzarote, Canárias –, parece ter causado tão grande quanto inusitado alarido a convicção com que José Saramago afirmou: “Portugal acabará por integrar-se na Espanha”. De facto, e com a subordinação económica já praticamente consumada, não entendo o espanto que possa causar o cenário de anexação profetizado pelo visionário autor de “Ensaio sobre a cegueira”. Ou, para quem preferir, do “Ensaio sobre a lucidez”.
O iberismo é doutrina velha. Já “Santo Antero”, um dos nossos maiores – o mesmo Antero de Quental que aos portugueses chamava “quási patrícios” – a defendeu. Mesmo contabilizando já cerca de 800 anos, é ainda muito mais artificial a cicatriz que separa a Galiza de Portugal, do que o cordão umbilical – já maduro (com 500 anos diria mesmo “ressequido”) –, que une os Açores, a Madeira e porque não; também Cabo Verde, a Portugal.
Sobre a contemporânea “invasão espanhola”, em concreto, a propósito das grandes aquisições feitas em Portugal por Espanha; das estratégicas substituições de quadros portugueses por espanhóis; e da subalternização a tudo isso inerente, recordo o que escreveu recentemente José António Saraiva (SOL 28/07); “É exactamente para evitar isto que a independência serve: para os naturais de um país não se sentirem estranhos na sua própria terra”.Nem mais – onde é que já ouvi isso? Que o digam os açorianos. Sobretudo agora, quando, mais do que nunca está à vista de todos: como Portugal é tão ou mais dependente do que nós; que é gerindo interdependências que se alicerça a autonomia dos pequenos estados; e, – O MAIS IMPORTANTE – que só a soberania garante esta preciosa, e inestimável mais valia.
Do próprio, in A. O. 31/07/07; “Cá à minha moda”

terça-feira, julho 17, 2007

ZEE 200 milhas; mais um passo em frente

Os Açores, na demanda que mantêm com as autoridades europeias – aqui é bom recordar que o novo Regulamento Comunitário das Águas Ocidentais, reduzindo 200 para 100 milhas a ZEE açoriana, foi aprovado com o apoio do Governo português –, ganharam, recentemente, um importante aliado; a administração Norte-Americana.
Não podia ser mais clara a posição do vizinho do lado de lá do atlântico: "Os Estados Unidos da América incitam Portugal a apoiar a petição açoriana". Nem mais!
Há pouco mais de um ano o ministro português Jaime Silva, aqui nos Açores, e sobre este mesmo assunto, perdendo uma excelente oportunidade para estar calado, “quase entregava o ouro ao bandido”. Permitam-me repetir o que então escrevi (AO 11/07/06):
«Mesmo que a Causa se apresente como “missão impossível” – o que de facto não é! –, abdicar comodamente de uma tenaz luta em prol da defesa de uma ZEE de 200 milhas para os Açores é um acto de cobardia. Salvaguardadas algumas diferenças – não muitas – até faz lembrar Timor. Ou melhor dizendo; o caso do seu abandono perante a invasão Indonésia!
Para os Açores, a luta por uma ZEE de 200 milhas tem de ser encarada como questão de soberania. De soberania e de sobrevivência; a pedincha, e as facilidades a curto prazo, geralmente maus negócios no futuro, um dia vão acabar. Há que ser firme e exigente na defesa e manutenção dos recursos próprios. Para mais este não é um assunto de âmbito exclusivamente europeu. Pensar e decidir sobre as 200 milhas é um processo que deve envolver de forma abrangente toda a Macaronésia, com Cabo Verde, para já o único arquipélago estado do grupo, apresentando-se como um parceiro fundamental para a necessária adaptação do Direito Público Marítimo a esta importante questão!».
E, “ a luta continua” …!
Do próprio, in A. O. 17/07/07; “Cá à minha moda”

terça-feira, julho 03, 2007

Indice “Uncle Joe”

Haverá leituras para todos os gostos. Porém, facto é que – e difícil também será deixar de pensar nas possíveis razões que a isso levam – o determinado Joe Berardo, aquele mesmo que ultimamente confrontou com êxito a nata dos poderosos, só vacilou perante um “modesto” jogador de futebol. Sim. Depois de com altivez levar a melhor sobre a família Azevedo no caso da PT; de, sobranceiro na abordagem e muito efusivo na comemoração, travar o magnânimo Jardim Gonçalves por ocasião da tentativa de blindagem dos estatutos do BCP; de, não satisfeito, com imponência, se atirar à Opa do Benfica; e de, depois disso tudo, impiedoso – principalmente para com Mega Ferreira (sem no entanto, com o acto, deixar de salpicar toda a hierarquia) – também “opar” o CCB, Joe Berardo só recuou perante Rui Costa. Que, quisesse “o maestro”, até teria o Comendador a seus pés para ser perdoado. Poderoso. Mágico. É o mundo do futebol!
Independentemente das “cambalhotas”, de estarmos ou não de acordo com os meios, certo é que, quanto aos fins, a estratégia do multimilionário parece infalível, ou resultar amiúde. Senão, vejamos; as acções do Benfica dispararam, e – o que também não deixa de ser notável –, mesmo sem terem sido içadas as bandeiras da discórdia, a afluência de público ao CCB atingiu números nunca antes vistos. Pelo menos assim foi durante os primeiros dias.
Rindo – para melhor explicitar a ironia –, diria que há um novo paradigma a despontar; tal como em Nova York o “Nasdaq” complementa o “Dow Jones”, em Lisboa, mais dia, menos dia, também o “Uncle Joe” complementará o PSI-20. Com as acções do S.L. Berardo (SLB…, SLB…, SLB…; nem os Non Name Boys necessitam modificar os cânticos) já bulindo, só falta colocar no mercado o C.C. Berardo. Dez anos são tempo de sobra. Olé…olé!
Do próprio, in A. O. 03/07/07; “Cá à minha moda”