sábado, fevereiro 16, 2013

Tal qual um coador

Quanto mais se sabe sobre o BPN mais este colossal buraco se parece com um coador de ralo variável, que em passagens sucessivas, como que cumprindo o plano pré determinado, filtrou o produto das vigarices engendradas pelos seus promotores por forma a servir “material limpo” (expurgo pelo menos de infracções criminais já que das morais e de consciência cada um falará por si), deixando consecutivas borras cada vez mais sujas, com as últimas mutações transformadas em autêntica escória tóxica.
Foram, nas “primeiras passagens”, as mais-valias bolsistas privilegiadas e de favor; foram, ainda em “tempo de bonança”, as ofertas de financiamento para amigos e apaniguados em condições singulares; foram também, já com recurso a “veículos off-shore” e outros cambalachos, os negócios ruinosos cujos responsáveis passam incólumes mas que a todos nos arruínam; foi a falta de controlo e supervisão que tudo isso permitiu e acabou na promoção (como quase sempre) com “fuga para cima” do supervisor mor; foi a nacionalização (dos resíduos insalubres); foi a reprivatização (do derradeiro quinhão “descontaminado”). É aquilo que se continua a conhecer, dia após dia, até sabe-se lá quando? Em tudo isso há um padrão: independentemente do valor, cuja amplitude varia entre as centenas de milhar e os milhares de milhões de euros, alguns, poucos, em regra gente dita distinta, governantes sérios e competentíssimos, ficaram com os lucros. Para os restantes, todos nós, o Povo, sobram os prejuízos. Paga e aguenta!
A “talho de foice”:
O obstinado Relvas, como que ainda extasiado pelo “Réveillon” desfrutado em companhia de um dos beneficiários do BPN (eles sim, a viver acima das nossas possibilidades), sem nada aprender com o “Documento Verde” e subsequente Proposta de Lei 44/XII (onde equiparou as Assembleias Municipais às Assembleias Legislativas dos Açores e da Madeira), voltou agora, de novo, a “misturar” o que não deve ser confundido: a Lei das Finanças Locais com a Lei das Finanças dos Açores e da Madeira. Livra que “ele não se enxerga”, mas o mais grave é ver quem, ali tão perto, não seja capaz de colocar “o rapazinho” em sentido. Bem bom, desta vez votaram contra! 

A.O. 16/02/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, fevereiro 02, 2013

Os Piratas do Mar dos Açores



Caiu a máscara. Agora, sem as subtilezas utilizadas num passado ainda não muito distante – como aconteceu com os proveitos da Base das Lajes enquanto foram generosos e fartos, ou até depois, quando já mais minguados e subtilmente transformados em FLAD –, é de forma desenvergonhada e descarada que os portugueses pretendem dar continuidade ao seu modo de nos espoliar. A matriz do recente projecto de lei, que a pretexto da “extensão da plataforma continental” mais não pretende do que retirar poderes aos Açores em relação à gestão e usufruto dos recursos do NOSSO mar, é disso bom exemplo.
É fácil dizer que nós, Açores e açorianos, “vivemos à pála” das transferências do Estado português quando este mesmo Estado “abocanha” as nossas riquezas (localização geoestratégica inclusive), controla e estrangula as nossas potencialidades e capacidade de desenvolvimento, e, nem daquilo que usa e diz ser seu, como por exemplo os bens patrimoniais ao serviço das funções de Estado aqui exercidas, sabe zelar e manter!
O Mar dos Açores é a nossa (dos Açores) reserva estratégica; o “nosso petróleo” (talvez até também em sentido literal); o “nosso ouro”. O Mar dos Açores será, sem dúvida, a “grande âncora” da nossa (açoriana) soberania!
Por isso é reconfortante verificar a unanimidade que a defesa e salvaguarda desta parcela dos interesses dos Açores está a gerar junto daqueles que, via democracia mas também escassa autonomia até aqui conseguida, para tal foram eleitos. Tal como é animador constatar como o Presidente do Governo dos Açores não tenha poupado no verbo (são suas palavras: “pirataria travestida de lei”, “aberração”) para adjectivar mais esta nova afronta. Mas não basta. Todos somos poucos para defender o Mar dos Açores: há que apelar à mobilização geral.
A propósito: é bom saber o que pensam sobre o assunto aqueles que, na “Casa da Democracia Portuguesa”, eleitos pelos Açores, dos Açores deveriam fazer sua primeira e única bandeira a defender. Será que vão proceder como fizeram no passado recente? A ver vamos!

A.O. 02/02/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)