domingo, setembro 28, 2014

A face visível


Cedo se deu conta da impreparação de Pedro Passos Coelho – e de grande parte da sua equipa – para a governação, tudo se tornando muito mais notado ainda por se tratar de uma administração a ter de ser feita em tempos difíceis e sob condições exigentes, como é o caso. Rápido e fácil foi perceber ter sido “a dívida” a Miguel Relvas e a sua subordinação ao “mundo de Victor Gaspar” aquilo que melhor qualificara o ex-jotinha – em tempos rebelde, liberal e algo esgrouviado – para tão importante quanto difícil empreitada. Claro que na vida há momentos e oportunidades: as “faces ocultas” e demais trapalhadas que antecederam o seu tempo de PM ajudaram bastante, com a convulsão financeira iniciada no Lehman Brothers estendendo o tapete vermelho que ele haveria de passar até “chegar ao pote”.
Porque a ocasião assim pedia, o liberal (nos costumes) rapidamente se transformou num ultra liberal ideológico, defensor do empobrecimento como método de redenção e da eliminação das funções sociais do Estado como forma de reduzir o deficit. Passaram à história as promessas com que ele “abriu caminho”: os impostos que não iriam subir; os despedimentos que não aconteceriam; as tais “gorduras do Estado” que com uma redução mais ou menos significativa nos “gastos intermédios” chegaria e sobraria para “fazer o milagre”. Esqueceu-se disso e de muito mais, olvidando até, para já em parte e apenas temporariamente, as generosas compensações que uma ONG da Tecnoforma lhe havia proporcionado, com ou sem a fundamental cooperação da “face oculta de Relvas”.
Eis mais um bom exemplo de uns e de outros: uns, aqueles que “vivem acima das suas possibilidades” e para quem o empobrecimento é apresentado como redentor; e outros, agora porque convém ditos remediados, outrora tão bem gratificados que hoje se dão ao luxo de esquecer terem recebido num só mês montantes que no caso dos verdadeiros remediados correspondem a alguns (muitos) meses de vencimento. Esta sim – por enquanto, porque dos “off-shores” podem vir mais más notícias – é a face cada vez mais visível do “nosso primeiro”.
Passa fora!

AO. 27/09/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

sábado, setembro 13, 2014

Rigor ou sadismo? / YES




Continua a render – embora cada vez menos, não obstante o cada vez maior esforço do “Ministério da Propaganda” – a já mais que estafada desculpa, para tudo e para nada, da “bancarrota herdada”. Também me insurgi contra o escasso rigor da “Era Socrática”, sobretudo da sua fase final. Mas entre o pouco rigor e o perverso gosto pelo miserabilismo – dos outros (porque para eles nem miséria nem rigor: é ver como cresceram como nunca as “gorduras” relacionadas com os gabinetes ministeriais) – desculpo menos, muito menos, os que com crueldade insistem em optar pela segunda hipótese. Mas, se continuar a evocar a herança de 2011, apesar de tudo, aparenta render, começa já a ser cada vez mais nítido que o legado dos actuais “vivos mortos” irá sair bem mais caro e pesado que a desdita a outros exclusivamente imputada (como se não fosse substancial o contributo dos actuais beneficiários do discurso da “pesada herança” para o agravamento da dita)! O caso GES/BES – com a “procissão ainda só no adro” – é um bom “abre olhos”, tal como o são as “bocas no trombone” em vésperas do aumento de capital, às quais se seguiram estratégicos silêncios, depois dando azo a ridículos “sacudir água do capote”, até dos patronos. Tudo isso demonstra bem como “estes rapazins” pouco mais sabem fazer do que tentar agradar e cumprir a quem deveras os capitaneia (e nem isso fazem bem feito: atendam-se aos queixumes da madame Lagarde e do senhor Silva!).

YES
Aconteça o que acontecer os independentistas escoceses já ganharam. Assim, daqui do meio do Atlântico envio para mais a Norte o meu YES por uma Escócia Independente! Afinal, ao que parece – pelo afã com que os “colonizadores” (sem kilts, mas em suspeita “união reinante”) saindo do seu reduto se foram bater pelo NO –, a Escócia não é um “pesado fardo” para o UK. E porque há “colonizadores” e “colonizadores”, aqui fica também o meu apreço e grande respeito pelos britânicos e sua cultura democrática: como se sabe – e nós açorianos “sentimo-lo na pele” – nem todos os países que dizem prezar a democracia são democráticos de facto. Como se pode falar em democracia quando, simultaneamente, se impede os açorianos de democraticamente organizados em partidos que apoiem a Autodeterminação, poderem também defender a Independência dos Açores?
Eis um bom motivo para alterar a Constituição da Republica Portuguesa!

AO. 13/09/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)