terça-feira, junho 28, 2005

Um Rei Lear


Fotos "roubadas" do nº 906 do JL


Se alguma coisa Álvaro Cunhal e eu tínhamos em comum – e necessito colocar-me “em exagerados bicos de pés” para o dizer –, isto pouco mais era do que um forte querer crer na utopia. Mesmo assim, a sua grande utopia não foi, nem é a minha!
Este nosso distanciamento, porém, não é nada que me impeça de, demarcando-me do que é para demarcar, aqui reconhecer, e deixar registo, da minha admiração por um Homem que deu sempre muito mais do que o que recebeu. É uma admiração que se torna extensiva à sua inteligência, à sua coragem, à sua combatividade, aos seus dotes artísticos, e, sobretudo, à sua impressionante coerência!
Temos de obedecer à corrente destes tristes tempos; dizer o que sentimos, não o que deveríamos de dizer; os mais velhos suportam o pior: nós, que somos jovens, não veremos tantas coisas, nem viveremos tanto.”
Com a voz de Edgar, como que abafada por uma marcha fúnebre, a proferir estas palavras, termina a última cena – a III do V acto – de um dos maiores clássicos da dramatologia Renascentista. Também assim podia terminar uma boa peça reportando as exéquias fúnebres de Álvaro Cunhal; o grande momento da sua libertação e glória. Nos antípodas do período em que encarcerado na solitária da penitenciária de Lisboa, num acto de libertação, nos proporcionou aquela que é comummente aceite como a melhor tradução para português de uma das mais importantes obras de W. Shakespeare!
Do próprio. In Açoriano Oriental/Cónicas do Aquém

domingo, junho 26, 2005

Dois em um



Um FOGUETABRAZE por dois anos de frenética produção “blogueira”, saudável devaneio, desassombrado “amandar de bocas”, acutilante (regra geral) argumentação, e flexível reposicionamento – qualidade que por não possuir muito aprecio – quando à defesa de uma ideia/opinião.

Para não variar, o aniversário do FOGUETABRAZE, acabou, no fim, com uma surpresa adicional; o mais liberal dos liberais, dispensou os convidados de um pagamento que o próprio convite, prevenindo, adiantava como condição de ingresso!
Mais uma vez obrigado.
Parabéns. Força.
E, ...“dá-lhes”!

PS- Estava tudo muito bom, mas o vinho........ que espanto! (E ficou por saber a relação preço/qualidade do mesmo)

Parabéns também ao Mário Roberto e ao Francisco. Que feliz parceria!

Um ENTRAMULA, por não se terem lembrado de, em conjunto (as economias de escala têm destas vantagens), nos proporcionarem uma comemoração do tipo;

FOGUETABRAZE... ... “Chega égua” / "Oh intleimado”… … ENTRAMULA!

sexta-feira, junho 24, 2005

Finalmente; O Mobutu


(com os truques do costume a foto aumeta muito mais)

Eis finalmente o MOBUTU.
Sempre desconfiado, só de surpresa se deixa fotografar. Tive de interomper rapidamente um pequeno almoço, e, depois de "uma grande volta", lá consegui este "agoniado" instantâneo.
O Mobutu - para a Florinda, por vezes; RonRon - é filho de uma gata vadia, quase selvagem, que vivia lá no Caminho do Concelho (Lomba da Cruz de Baixo) Fazenda de Nordeste. Simpatizei com ele (foi o meu primeiro gato), sobretudo pelo seu carácter insubmisso, que me custou - a mim e ao Albano Pimentel - uma série de dentadas e arranhadelas.
Um dos meus vizinhos lá da Lomba da Cruz, também já falecido, disse-me, ao tempo, que pouco depois da gata parir, o que aconteceu a um canto do seu quintal, andou atrás do desgraçado do gato - bem como dos irmãos, que só uma vez vi, ainda eles mamavam - com um sacho para... ...
Deve vir daí o enorme trauma que o bicho tem. Não confia em ninguém (excepcionalmente deixa-se apanhar pela Florinda. É um castigo para tratar dele, até para coisas simples como desparasitar!), nem mesmo nos restantes habitantes cá de casa que são da sua espécie.

terça-feira, junho 21, 2005

Estranho alinhamento


(com um clikc sobre a imagem esta aumenta, permitindo ler e recordar, por exemplo, as inconcruências e autênticas alarvices que os "pavões" então proferiam.)


Nos últimos anos, uma lamentável sintonia fez pender, sempre para o mesmo lado, decisões que hoje já não deixam dúvidas quanto à sua perversidade!
Em meados da década de 90, quando o desvario já se adivinhava – só não se imaginava quão destruidor seria –, uma minoria (chamem-lhes visionários que eu gosto!) entendeu não ser possível esperar mais para por a “salvo” – através da constituição de uma Fundação – a mais valiosa, e simbólica, parcela do património do CDSC.
Após isto, e reforçada a maioria com o pavonear dos tão dispendiosos quanto efémeros êxitos desportivos, com indisfarçável lábia e inusitada teimosia, a questão da verdadeira data de constituição do CDSC – “o Complexo Desportivo”, “a Fundação” e “a Data” tinham vários pontos em comum – ficou a aguardar as calendas gregas.
Bom, sobre a desastrada gestão, a continuada ocultação de dados que poderiam proporcionar posições mais conscientes, e o compulsivo aprofundar de um buraco sobre o qual já nem um funâmbulo se equilibra, não vale a pena acrescentar mais nada!
Agora, embora ainda seja significativo – e confrangedor – o comprometedor silêncio de uns quantos, “outra minoria” – e muitos dos responsáveis pela actual situação – está, de mansinho, lamentando a sua ingenuidade (?!!?). Nada que não se saiba que mudará logo que novas ilusões se apresentem. A memória é curta, e “o circo” já está de novo montando tenda.
“Já se sabe!”
Do próprio. In Açoriano Oriental/Cónicas do Aquém

O 21 Junho e o Clube Desportivo Santa Clara



Manuel Inácio de Sousa, uma das mais esforçadas “formiguinhas” do CDSC, com largas dezenas de anos (talvez recordista) de dedicada colaboração ao clube, nos finais da dácada de vinte, foto conteporânea da fundação do CDSC.
(à direita): Manuel Inácio de Sousa na década de sessenta, quando ainda dedicado dirigente - a Presidência do Conselho Fiscal em 1964 foi um dos seus ultimos cargos dirigentes - e activo colaborador do CDSC.


Só o conhecimento consegue atenuar a barbárie:
Um Solstício de Verão; o de 1927.

Manuel Inácio de Sousa, após dedicado trabalho, no fim de Maio de 1927 tinha pronta a tarefa a que se propusera; uma proposta de estatutos para o clube que, devidamente organizado, haveria de aglutinar – era este o grande propósito dos seus principais promotores. Um objectivo frustado, e, por via disso, causador de ainda maiores divisões, até que após 1931 o Sport Club Santa Clara deixou de ter actividade deixando ao Clube Desportivo Santa Clara o "exclusivo" da representação do bairro de Santa Clara no futebol associativo – as duas fracções resultantes da cisão que as desagradáveis consequências do jogo que havia decidido o título de Campeão na época anterior (1926/27), naturalmente mais um “União Sportiva” vs “Santa Clara” (6 de Março de 1927), haviam provocado. Eram elas uma sequência de graves acontecimentos, dos quais resultou a expulsão da Associação de Foot-ball de San Miguel do “velho” Santa Clara Foot-ball Club, sendo aceite em substituição – acto quase contínuo à expulsão do seu antecessor – a inscrição do Sport Club Santa Clara.

A excelência do documento conseguido – em muitos aspectos de qualidade superior a muitas das versões que mais tarde, pretendendo melhorá-lo, mais não fizeram do que adulterá-lo – denuncia a óbvia, sábia e categorizada colaboração do Dr. Lúcio Agnelo Casimiro, jurisconsulto com quem, ao tempo, Manuel Inácio de Sousa mantinha estreitas relações profissionais.
Na sequência normal deste processo, ficou então decido convocar para 21 Junho de 1927 uma Assembleia-geral, reunião que teve lugar no nº 38 da Rua do Frias, e da qual acaba resultando, inequivocamente, a fundação do CLUBE DESPORTIVO SANTA CLARA!

Tendo em conta o prazo que os estatutos então propostos para aprovação já determinavam para divulgação pública da convocatória (5 dias), e a folgada antecedência com que a decisão foi tomada (mais do dobro do tempo necessário), sou levado a crer que a data escolhida; o 21 Junho, não foi fruto de mera casualidade:
O 21 Junho não é um dia qualquer; trata-se em regra – para o hemisfério Norte – do dia em que acontece o Solstício de Verão, o primeiro dia do Verão, o maior dia do ano, o dia da luz, uma data já desde os Celtas associada à vitalidade, propícia à formulação de votos de felicidade, tradição assimilada pelo cristianismo com a evocação do popular S. João Batista, uma festividade que, quer no formato “verbena” quer como festa de salão, foi recorrentemente celebrada pelo CDSC entre 1928 e 1949. Só já no limiar da década de 50, e como consequência de um longamente ansiado grande êxito desportivo (as vitórias nos campeonatos, 1ºs e 2ºs categorias, da época 1948/49), é que uma eufórica ignorância – e talvez até algo mais – se encarregou de, em corruptela com o 31 Janeiro de 1935 (data da inauguração oficial daquela que ainda é a sede do clube) colocar em cena a “farsa do 31 de Janeiro de 1921”; “uma comédia” cuja longa permanência em palco até certo ponto se justifica por uma cultivada ignorância, mas que hoje, não já é admissível ver sustentada por obstinação ou bárbara teimosia!
Do grupo dos principais fundadores do CDSC, além dos dois já referidos, fazem também parte: Eduardo Reis Rebelo, João Joaquim Vicente Jr., José Cardoso, Humberto Pacheco Botelho, Álvaro Pimenta dos Santos, Ivo José Custódio, Carlos Augusto Raposo e Júlio César Ferreira Pacheco, um naipe de santaclarenses – na sua maioria geralmente ignorados –, alguns deles com dezenas de anos (em alguns casos consecutivos) de diligente dedicação ao clube, entre os quais se podem encontrar individualidades que dada a sua distinção e cultura, não é crível que ignorassem a carga simbólica do solstício de verão quando decidiram marcar, exactamente para 21 Junho de 1927, uma Assembleia-geral que, discutindo e aceitando os estatutos antecipada elaborados, transformou aquela sessão, indiscutivelmente, no acto de Fundação do CLUBE DESPORTIVO SANTA CLARA!


(À esquerda): O Tenente João Joaquim Vicente Jr; primeiro Presidente da AG do CDSC.
(Ao centro): O Major Eduardo Reis Rebelo; primeiro Presidente da Direcção do CDSC, um cargo que manteve, ininterruptamente, de Junho de 1927 a Junho de 1935.
(À direita): O Dr. Lúcio Agnelo Casimiro, um dos primeiros sócios honorários do CDSC, grande, e principal ideólogo dos estatutos de fundação do CDSC aprovados a 21 Junho de 1927.


Primeiras categorias do CDSC quando o vermelho e branco do equipamento era ainda em listas horizontais.
Foto, muito privavelmente, de 1930, celebrando a vitória no primeiro - e único - Campeonato da Liga Desportiva Micaelense.


Do próprio. In Açoriano Oriental

terça-feira, junho 14, 2005

PDM; Discussão Pública II



1ª Foto (preto e branco): Os riscos a preto grosso representam a àrea predominantemente habitacional do PDM revisto, que, segundo o documento agora em discussão pública, ainda mantém disponível mais de 50% do seu total.

2ª Foto (a cores): Sensivelmente a mesma zona, com a área proposta para solo urbano predominantemente habitacional segundo a actual revisão ao PDM, agora representada a rosa espesso. Chamo a atenção para a "forçada invasão" (centro direita; interior) que esta fáz, mais ainda, pelo solo inequivocamente agricola adentro.

O PDM agora em discussão, como instrumento de planeamento e ordenamento que é – ou deverá ser –, a páginas tantas, elucida-nos:
a) - “As áreas incluídas nos Espaços Urbanos delimitados no Plano Director Municipal não se encontram totalmente ocupadas permanecendo muitos espaços intersticiais expectantes dentro do perímetro urbano. (…) A percentagem de área livre varia entre 12,3% em Santo António e 52,4% em S. Vicente
b)-“As Áreas predominantemente habitacionais correspondem às zonas consolidadas ou infra estruturadas das freguesias periféricas da cidade de Ponta Delgada e dos demais aglomerados urbanos do concelho”.
Dando de barato tudo o mais, fica a perplexidade com que verifico que o “plano” em causa, exactamente na localidade por ele apontada como sendo a com maior percentagem de área habitacional disponível, se prepara para invadir mais uma parcela de solo agrícola!
Atendendo a outros óbvios problemas que uma freguesia rural sob enorme pressão habitacional já evidência, farto-me de questionar:
-Será que foram tidos em conta todos os inconvenientes que a nova situação (o predominantemente habitacional) poderá vir a causar a “Gregos e Troianos”, nomeadamente a quem sempre usou – por vezes abusando – uma via de inequívoca função; o acesso, e apoio, a um significativo conjunto de explorações agrícolas?
Logo se verá, respondem-me!
Mas para que servem os planos, insisto?
Do próprio. In Açoriano Oriental/Cónicas do Aquém

domingo, junho 12, 2005

As últimas colónias da comunidade europeia IV

Para terminar ...
por agora!

Mais duas resoluções



E a moção (em versão não traduzida) que iniciou "esta saga"!


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As últimas colónias da comunidade europeia III

Continuando...


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sábado, junho 11, 2005

As últimas colónias da comunidade europeia II

Continuando, agora com documentos não traduzidos...




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sexta-feira, junho 10, 2005

As últimas colónias da comunidade europeia I

Na discussão que aconteceu aqui (postado por João Nuno às 13:24 em ponto, hora dos Açores, no dia que se seguiu ao 6 de Junho de 2005), Pedro Lima (Kzar), apelando ao respeito pelo significado das palavras «(...) um mínimo de respeito pelo significado das palavras e, para os mais minuciosos, recordo que "colonialismo", "colónias" e "colonização" são termos com significado relativamente preciso em Direito Internacional.», recordou-me uma valiosa e muito recente "prenda" - receber na véspera do 6 de Junho cópia de um "dossier" histórico, para além da dádiva, foi um gesto que jamais poderei esquecer, sobretudo vindo de quem veio e tendo em conta o respeito e a sensibilidade demonstrada por quem dá conta do valor daqueles documentos entre o vasto espólio de um familiar recentemente falecido! Uma vez mais OBRIGADO. -, e a possibilidade (compromisso) de, com parte dela, fazer um "post" a propósito.
Não vai ser um "post". Serão vários!
Aqui vai o primeiro.


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segunda-feira, junho 06, 2005

6 de JUNHO 1975 / 2005


(click na foto para a ampliar)

Quando vejo estas fotos; as pessoas, os cartazes, os dedos indicadores esticados apontando para cima, não me passa pela cabeça outra coisa se não a enorme quantidade de "fascistas" e "grandes capitalistas" presentes, "treinando" para o 25 de Novembro que seis meses depois viria a acontecer em Portugal.

Como se não fosse da independência dos Açores do que se travava.
Sinceramente!


Após vários anos de oportuno ostracismo – tipo; “usar e deitar fora” –, foi já na era dC (C de César) que o 6 DE JUNHO teve “honras” de data institucional. A memória colectiva estava então tão eficazmente anestesiada – muito embora, quando a jeito, sempre alguém a espevitasse! – que no debate que a RTP/A promoveu sobre o assunto a 6 Junho de 97, entre a “velha tese” de uma primária luta anti-comunista, ou outra já então a ganhar corpo; o ensaio geral para o 25 Novembro, foram do saudoso Albano Pimentel (em 6/6/75 do outro lado da barricada) os mais lúcidos e coerentes depoimentos!
Hoje, para dar sentido ao 6 de Junho, há que erguer a cabeça e olhar em frente:
. Não ter de pedir licença para ensinar ao Povo a que pertencemos a nossa própria História, nela incluindo todos os 6 de Junho que precederam o de 1975, entre outros, o de 1 Março de 1821, ou o de 2 de Março de 1895;
. Revoltarmo-nos contra a subjugação das leis que nos conotam com o fascismo por defendermos a nossa independência;
. Indignarmo-nos por nos impedirem de organizar em partidos aqui originários, único modo democrático de lutar, sem subtilezas, pelos nossos próprios interesses!

Como tributo ao 30º aniversário do 6 de Junho, aqui fica um trecho de uma polémica conferência de imprensa (Lisboa, Nov. /1986) do Dr. José de Almeida:
(…)A independência não passa, assim, de conclusão lógica e natural desse processo histórico que tem vindo a desenvolver-se e a tomar corpo através dos séculos (…)

Do próprio. In Açoriano Oriental/Cónicas do Aquém