domingo, novembro 25, 2012

Negócios da china

Têm sido manchete recorrente notícias avulsas dando conta de um eventual interesse da República Popular da China nos Açores. Não estranho, até considero “boas notícias”!
O mais normal, facto confirmado ao longo de séculos, é a cobiça que os Açores suscitam à potência expansionista dominante num determinado momento. Foi assim com Portugal, com a Espanha, com Inglaterra, e mais recentemente com os EUA. Anormal seria o contrário. Como anómalo é também o facto de os açorianos serem, por regra, não obstante os riscos inerentes, quem menos lucra com “o negócio” em que terceiros os envolvem.
Mas as singularidades deste processo não se ficam por aí: é a FLAD ser sediada em Portugal quando podia (e devia) estar nos Açores; é a “renda da parcela da quinta” ser paga em “sucata bélica” quando os Açores tanto necessitam de investimento economicamente reprodutivo e/ou cultural e cientificamente consistente; é o assistir, sem contrariar (pelo menos de forma eficaz), à sistemática campanha de desvalorização da importância geoestratégica dos Açores, e mais, e mais, e mais...
Por tudo isso são “boas notícias” as que dão conta do interesse da China nos Açores. No mínimo – é da lei da oferta e da procura –, acrescenta valor!

Esclarecimento (O fim do Império) A.O. 15Nov2012

Sobre o assunto em epígrafe, as minhas primeiras palavras são de agradecimento. Surpreendeu-me tanta importância, para mais vinda de tão alargado, distinto e douto conjunto de personalidades. Um dos meus “vai lá saber-se porquê” fica assim mitigado. Muito obrigado!
Mas não é tudo. Não posso deixar passar os “delírios”: o dito meu (chamar-lhe-ia “delírio de colonizado”) e os de outrem. O que me é atribuído pretendo mantê-lo: não escondo que gostava de viver num país Livre e Independente chamado Açores (mais utópico é acreditar que o processo se faça pacificamente, tipo “divórcio de veludo” entre gente civilizada. Mas quero manter esta esperança!). Tal como os cabo-verdianos, nós, açorianos, temos também direito a ser “delirantes”! Sobre o “delírio imperial”, reitero: há muito de comum entre os que antes gritavam que Portugal ia do Minho a Timor e os que hoje o desejam, uno e indivisível, porém agora só do Minho ao Corvo.


A.O. 24/11/2012; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)

segunda-feira, novembro 12, 2012

O fim do Império



Tinha planeado a minha vida de forma a hoje, Sábado (09.11.2012), poder ir assistir, na Universidade dos Açores, à dissertação: “Pensar Açores – o fim do Império”, proferida pelo Dr. José Almeida. Vá lá saber-se porquê (mas imagino: há temas e pessoas que causam urticária ao “zeladores da pátria”, sobretudo agora que o “império”, para além do retângulo ibérico, está reduzido aos Açores e à Madeira), notícias de última hora deram conta que o Dr. José Almeida já não incluiu o painel de palestrantes.

Passam os anos, modificam-se os arquétipos e paradigmas, mas fica quase inalterável o “delírio imperial” de uns quantos, que não obstante já pouco mais serem do que meros regentes por conta da Troika, quais “duquesas de Mântua” ou “Migueis de Vasconcelos”, tudo fazem para não perderem uma oportunidade de “puxar pelos galões” ou “arejar a farpela” de representantes do “dono da quinta”, uma "quinta" que desde há muito já deu provas de saber (e poder) viver sem tutelas que nada acrescentam, bem pelo contrário.

Há coisas que não mudam, ou mudando, o que se altera é muito pouco! Perante tanta inércia, tanta presunção e tanta desavergonhada representação – quem se pode esquecer da presença de Miguel Relvas na tomada de posse do novo Governo dos Açores? –, vá lá mais uma vez saber-se porquê, fica-me sempre a sensação que há quem ainda se inflame com o grito salazarento que nos impingiam em criança nas tardes de Mocidade Portuguesa, só que agora, passados todos estes anos, com menor amplitude. Dantes gritava-se: “Do Minho a Timor…. Portugal, Portugal, Portugal”. Agora, impelidos pelo mesmo desejo, porém impedidos de repetir a mesma coisa, parece que dão largas ao “delírio imperial” que os consome gritando em êxtase: “Do Minho ao Corvo … Portugal, Portugal, Portugal”.

A.O. 09/11/2012; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)