terça-feira, janeiro 27, 2009

O Castelinho de Santa Clara


Nuno Barata, primeiro, e Carlos Melo Bento de seguida, com diferentes meios e em distintos locais, deram recentemente duas valentes “surras” na abastardada forma como Portugal cuida do seu património edificado aqui nesta que é uma das suas últimas colónias.
Este é, realmente, mais um dos casos em que o tratamento recebido mais parece vindo de uma negligente e desmazelada madrasta, do que da “mãe pátria”.
Aproveitando a brecha, e voltando a focar-me a “Loeste”, penso não ser tarde nem cedo para aqui trazer, de novo, o caso do velho reduto militar de Santa Clara, edificação do século XVI-XVII que já em 1643 tem documentada a sua primeira grande reparação, e tendo sido um pequeno mas importante baluarte na defesa daquela zona da costa, ainda é um dos, senão mesmo o, mais arcaico edifício existente na mais jovem freguesia de Ponta Delgada.
O “Castelinho de Santa Clara”, que em 1875, antes do início da construção do porto artificial de Ponta Delgada, ainda se mantinha em satisfatório estado de conservação, apresenta-se actualmente em lamentável estado de degradação, com a construção que contém no interior já sem cobertura, e quase completamente arruinada. Porém, embora requerendo delicados cuidados, quer a sua muralha – com as cinco canhoeiras incluídas –, quer o lajeado que serviu de plataforma de tiro às originais peças de bronze que em 1767 ainda o guarneciam, estão em condições de perfeita recuperação.
Justo é referir que o “Castelinho”, prédio militar que em 1925 chegou a ser proposto para venda por 2320$00, importância a reverter para os cofres do seu proprietário; o Ministério da Guerra, só chegou até aos nossos dias, em pé, dados os cuidados que lhe foram dispensados por gente santacarense, uma família que durante décadas dele cuidou como se fosse seu.
A.O. 27/01/09; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)

terça-feira, janeiro 13, 2009

Um ano depois


Cumprindo o que prometi – também a mim –, está a fazer um ano que não trago “futebol” aqui para esta coluna. A última vez foi no A.O. de 15/01/08, com os dois últimos parágrafos bem preenchidos:
a) Um anseio que felizmente dá os primeiros passos; “Querem mais? Eu também gostaria. Sobretudo no que respeita à incorporação de mais método científico, e maior capacidade de planeamento a médio e longo prazo no “negócio futebol”.
b) E um lamento que mantenho; “Mas, se algo tardou demais, foi a mudança que 31 Outubro de 2006 operou!
Assim, permitam-me hoje uma excepção. Aqui vai.
No passado domingo, no que à vertente desportiva possa dizer respeito, comparo o agrado que senti com a vitória do Santa Clara – vitória feliz, em casa do lanterna vermelha, como não se cansam de referir uns e outros, esquecendo porém que para além do CDSC ali ainda só o Covilhã também ganhou – com aquele que obtive alguns minutos após o fim do jogo, ao ouvir o comentário desportivo que a RDP/A “colocou no ar” pela hora do almoço.
Até estranhei. Ao invés dos lugares comuns habitualmente discorridos, quando, cada um à sua maneira, dando conta dos xadrezes que viu desenhados no jogo, nos relata algumas das continências do mesmo, ali, os autores da peça, alargando o seu campo de visão, optaram por dar ênfase à “revolução” que a actual direcção do Santa Clara promoveu na gestão do futebol profissional do clube.
Como já referi; estranhei. E, por estranhar, prestei maior atenção.
Só então reparei que a emissão tinha a sua origem nos estúdios de Angra do Heroísmo.
Percebi. Oh como percebi! Tal como registei que “Aprender com o passado” – como eu gostava que tivessem razão! – foi uma frase ali repetida por mais de uma vez.
É bom que alguém aprenda, pois por cá, tendo em conta alguns comportamentos (inauditos agradecimentos incluídos, e a excessiva passividade com assuntos requerendo açcão urgente), por vezes, até dá - e passa - a ideia que o passado recente continua sendo exemplo a seguir.

A.O. 13/01/09; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)