sexta-feira, abril 25, 2014

A minha prenda

O Marítimo Sport Club, ou mais popularmente, o “Marítimo da Calheta”, está em festa!
Tenho alguma simpatia pelo “Marítimo”. Desde que nasceu foi o clube “de coração” do meu pai – mais tarde também sócio do “Santa Clara” – e um clube onde eu próprio fui atleta e Campeão, como basquetebolista. E porque o “Marítimo” está em festa, aceitem este humilde presente:
Iniciara-se o ano de 1942, ia a meio a época 1941/42, a primeira em que a Associação de Futebol, até ali “Associação de Foot-ball de S. Miguel”, passara a denominar-se, oficialmente, Associação de Futebol de Ponta Delgada (tal como ainda hoje).
O campeonato ia animado, com os muitos “soldados de Lisboa” integrados no MFC (6), no CUM (9), no CUS(9) e no MSC(10) - o CDSC só tinha 2 - proporcionando um equilíbrio competitivo fora do habitual. Já na 2ª volta, o CDSC depois de vencer o MSC por 4/0, por empatar 0/0 com o CUS, deixa a decisão do campeonato para um CUS vs MSC que iria decorrer a 18 Janeiro de 1942. Vencia o CUS por 1/0 quando, após dois golos de Osório de Sousa, o “Marítimo” virou o resultado. O “desassossego” começou de imediato: a “Calheta” como que entrou “em estado de sítio”; as suas ruas e travessas ficaram cheias; o vinho correu à farta em copos de “quartilho”, com a “Rival das Musas” e a “Lira de São Roque” abrilhantando a festa!
Pouco depois o “Marítimo” celebrava o seu 7º aniversário – sei que alguns não gostam desta parte, não irei insistir (mas podem consultar os jornais da época): já dei para um peditório semelhante, no caso, com maiores razões queixa! Ao clube aniversariante, João Francisco Travassos, estabelecido na "Calheta" mas com raízes em Santa Clara, ofereceu uma bola e vários pares de botas. Mas o melhor ainda estava para vir: vencendo o Fayal Sport - a 21 e 24 de Maio/42, (2/1) e (3/1), respectivamente - o “Marítimo” sagrou-se também “Campeão Açoriano”, transformando em trio o escol dos clubes que até ali tal desiderato tinham conseguido: CUS (1927/28) e o CUM (1928/29).
Assim, praticamente sete anos após a sua estreia e apresentação pública - a 7 de Abril de 1935: um CDSCvsMSC (2/0) - o “Marítimo da Calheta” conquistou os seus dois primeiros títulos de Campeão, um deles, só ao alcance de poucos. Mas até porque pode haver sempre mais, não é de todo incorrecto dizer-se que o MSC foi o 1º Campeão da Associação de Futebol de Ponta Delgada, já que até ali os Campeões foram da Associação de Foot-ball de São Miguel!
Da minha parte (e evocando a memória do meu pai): PARABÉNS!

A.O. 26/04/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 
http://www.acorianooriental.pt/artigo/o-novo-imperio

sábado, abril 12, 2014

A verdade da mentira

De acordo com o “World News Daily Report.com”, site sensacionalista e pródigo na divulgação de “notícias” falaciosas, Mahashta Mûrasi, um  sapateiro indiano que se reformou aos 122 anos, não só seria o ser humano mais velho do mundo como também o homem que mais anos viveu na História. Aprofundando a leitura, dá-se conta que os detalhes desta "estória" não ficam por aqui. Ao ancião, nascido a 6 de Janeiro de 1835, logo, hoje, putativamente detentor da provecta idade de 179 anos, são atribuídas frases que nada devendo à falta de lucidez deixam no ar a – compreensível, diga-se de passagem – desesperança do “felizardo” em um dia conseguir aquilo que é o mais certo para todos nós; a morte. E Mahashta Mûrasi di-lo com simplicidade, assim: “Estou vivo há tanto tempo que os meus bisnetos já morreram há anos”, ou, “De algum modo, a morte esqueceu-se de mim. E agora já não tenho esperança de um dia morrer. Ao olhar para as estatísticas, ninguém morre com mais de 150 anos, (…) (…) acho que sou imortal ou algo assim”.
Depois de rir, a bom rir, dei comigo a pensar que, mais exagero menos exagero, o que não faltam são balelas vindas de fontes supostamente mais credíveis – do hoje primeiro ministro de Portugal, por exemplo –, que acabam sendo tão ou ainda mais risíveis (mas com efeitos bem mais nefastos nas nossas vidas) do que a espalhada pelo supra referido “site”.
Quem se pode esquecer destas: “Se formos governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários…”, ou, “A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento”. E a lista, só a deste período, poderia continuar quase infinitamente. 
Mas, além das mentiras com já mais ou menos três anos, um dos pensamentos em que também a rizada se baseou, teve sobretudo a ver com notícias contemporâneas à da leitura sobre a longevidade de Mahashta Mûrasi:
- Então não é que a Grécia já consegue “colocar dívida” e que os juros desta também estão a descer?
- Querem ver que a Grécia também terá “uma saída limpa”?
- Terá a Grécia, igualmente, um relógio em contagem decrescente?
Oh meu Deus….e nós, Açores, dependentes destes submissos e tristes “bons alunos”. Que sina!

A.O. 12/04/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

http://www.acorianooriental.pt/artigo/a-verdade-da-mentira