terça-feira, abril 29, 2008

O petróleo dos Açores




Diferente do ocorrido em Cabinda, enquanto Timor-leste foi uma possessão portuguesa nunca se ouviu falar no petróleo que sob o seu mar existia. Mesmo depois dos portugueses com "o rabinho entre as pernas" terem sido empurrados “borda fora” daquela ilha pelos homens de Suharto, muito pouco se falou sobre as riquezas que o mar de Timor escondia.
Nos Açores, onde – talvez só por enquanto – ainda pouco se sabe sobre a existência de jazigos viáveis de combustíveis fósseis, há que defender “o petróleo” que garantidamente sabemos existir, cuja cotação, a cada dia que passa, supera os níveis dos barris WTI negociados em Nova York, ou do “Brent” do Mar do Norte: a nossa soberania, e por via desta, uma real valorização da localização geo-estratégica dos Açores e das suas ZEE’s (aérea e marítima), mas em prol do povo açoriano.
A salvaguarda do interesse dos Açores em matéria de defesa, gestão e conservação dos recursos biológicos do mar, tema com que a recente recolha de assinaturas pretende “espevitar” o parlamento açoriano, é um passo em frente. Mas apenas um passo. É necessário ir mais longe! Já que a nossa suposta dependência desloca-se cada vez mais de Lisboa para Bruxelas, há que actuar em conformidade, encontrando formas de “despachar” directamente com o “chairman”, contornando assim o circuito que nos obriga a chegar “ao boss” só depois de passar pela ineficiência de “chefias intermédias”, geralmente distantes da realidade, e, quase sempre, prontas a deixarem-se seduzir pelos mais variados interesses, que não necessariamente os nossos!
Tal como, por exemplo, já o fazem os catalãs, bascos ou galegos, 34 anos após o 25 Abril é mais que tempo para, também os açorianos – em partidos próprios, e não nas quotas para “nativos” que os partidos portugueses concedem às suas sucursais açorianas –, elegerem os seus representantes no seio da UE.


A. O. 29/04/08; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)

terça-feira, abril 22, 2008

Armas da “aldeia de gauleses a loeste”








A 9 Outubro deste ano (2008) completar-se-ão três anos, sobre a data em que, sob o rótulo “Santa Clara – Vida Nova”, um grupo de cidadãos, colocando de parte os interesses específicos das diferentes cores partidárias a que sempre sentiram mais ou menos próximos – sem esquecer os independentes –, ganharam as primeiras eleições para a J. F. de Santa Clara.

Mesmo que o quisesse fazer, este espaço é reduzido para listar tudo o que de então para cá tem mudado em Santa Clara. E muito mais teria sido possível conseguir! Bastava que, dada a excepcional ocasião – primeiras eleições para um lugar que há mais de 40 anos reivindicava ser Freguesia, e onde a conjugação de todos os esforços seria sempre pouco para recuperar o tempo perdido e os estragos que este provocou –, TODOS, alinhassem naquele que ficou demonstrado ser o sentir da maioria dos santaclarenses. Não aconteceu em 2005, veremos se acontecerá em 2009, o que, estou convicto, seria lindo, e muito bom para Santa Clara!


Indo directo ao assunto que aqui hoje quero abordar há a dizer o seguinte:

Contra o que alguns agoiravam, um bom exemplo da dedicação, união, completa assiduidade e consequente eficácia de um grupo que muitos vaticinavam desintegrar-se à primeira contrariedade – para não referir as etiquetas de incapacidade e utopia, assim como o alto nível a que colocamos a fasquia –, foi o tempo recorde em que se desenvolveu e legalizou a heráldica da mais recente Freguesia de Ponta Delgada, projecto este que, depois de um profícuo e empenhado debate entre cidadãos da freguesia, e de, já com a colaboração de especialistas na matéria, continuar a percorrer um pedagógico processo de ordenação heráldica, acabou obtendo justos elogios – até de sumidades na matéria – , e a aprovação unânime da Assembleia de Freguesia.


Amanhã, Quarta-feira 23 de Abril, pelas 17:30h., no C.C.C. de Santa Clara, ocorrerá a sessão de apresentação e explicação da simbologia que as armas de Santa Clara consubstanciam.


A. O. 22/04/08; “Cá à minha moda” (Revisto, e acrescentado)

quarta-feira, abril 09, 2008

Consensos, unanimidades & paradoxos.

Nesta arte do possível a que chamam política, são cada vez em maior número os artistas profissionais que com ela aproveitam só em benefício próprio. Penso assim sempre que ouço a corporação, independentemente das cores do “team” que defende, encontrar consensos alargados ou até mesmo unanimidades – “à boca calada”, como convém, a maior parte das vezes –, ou então discorrendo sobre paradoxais absurdos que nem a função, o local, e o momento podem justificar. Temendo inferior recordo António Aleixo: “ (…) para pior já basta assim”.
Vejamos exemplos recentes:
Primeiro: Sem grandes ondas, num quase absoluto silêncio – com pouco eco nos OCS que a publicidade institucional se encarrega de “fazer acertar o passo” – quando “todos” eram forçados a um maior esmagamento da sua já parca condição de vida, os “nossos representantes” (muitos deles saídos dos bancos da escola para as “creches” partidárias e destas directamente para as bancadas parlamentares da ALRA) aprovavam, em seu proveito, uma significativa melhoria às suas mordomias.
Segunda (bem mais recente, e aparentemente mais abrangente): Depois de votada unanimemente nos Açores, partiu para Portugal, onde pelo menos na generalidade foi também votada por unanimidade, a proposta de alteração ao Estatuto Político e Administrativo dos Açores. Rasgados elogios de quase todos. De outros, referências acanhadas às virtudes de um documento que, dizem, ir aprofundar a autonomia por nela fazer prevalecer a lei regional à nacional. E doutros ainda um sim…, porque assim ficam melhor na fotografia.
Tretas. Não passa de uma vitória de Pirro. E o Kosovo aqui tão perto – digo eu!
Para não referir outros, e porque é da esquerda que espero maior amplitude de visão, alguma coerência com princípios como os; Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e consistente congruência quando se afirma defender a autodeterminação dos Povos, mão pude deixar de reparar que logo ali Luís Fazenda não se conteve em zurzir na autonomia progressiva, e que até Ricardo Rodrigues, engasgando-se, não conseguiu disfarçar a falta de hábito em citar “A Livre Administração dos Açores pelos Açorianos”, para logo, já de forma escorreita, enfatizar a condição de portugueses a que estão sujeitos os açorianos. Outros – portugueses nascidos no rectângulo -, noutros tempos, não fariam pior em viagens oficiais a colónias como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (não é por acaso que só refiro estas).
Por isso, e por outras coisas, não posso deixar de concordar com Alberto João Jardim; será na próxima revisão da constituição portuguesa que têm de ser dados os próximos grandes passos no alargamento das autonomias. A começar, por excluir daquele texto a opressiva, e fasciszante proibição que impede a criação de partidos independentistas. E nesta ocasião, sinceramente, espero que Jaime Gama também se coloque do nosso lado.
A. O. 08/04/08; “Cá à minha moda” (Revisto, e acrescentado com mais 1045 caracteres do que os 1800 da praxe)