Pois é. Então o próximo passo é ter-mos as
Lajes transformada em “base adormecida”! Com isso os EUA poupam uns dólares, e
nós, açorianos, aqui sujeitos ao que der e vier, que nos amanhemos com as
“migalhas das sobras do banquete”, comezana com um prato em tempos servido na Lapa,
capital do ex-império, e outro, bem mais recente, servido mesmo no local (e que
muito deve ter contribuído para o Presidente da Comissão Europeia ser quem é).
Revisitar 1917, em especial os meses que
precederam a entrada dos EUA na I Grande Guerra, ajuda a compreender o que
ainda hoje se passa com a Base das Lajes.
Até Abril de 1917 os submarinos alemães,
varrendo o Atlântico, já tinham afundado cerca de 2.000.000 toneladas de
suprimentos que deveriam ter chegado ao Reino Unido com isso obrigando os EUA a
entrar na guerra. Estavam também em causa os investimentos feitos até ali, só
rentáveis se a Inglaterra pertencesse ao grupo dos vencedores.
Assim, sem dar grande cavaco a quer quem
que seja (tampouco aos ingleses) e já preparando a logística para colocarem na
Europa o exército que seria determinante na derrota do Kaiser, os EUA fazem
chegar a Ponta Delgada (Junho de 1917) um carvoeiro – o célebre Orion – que além
do mais dava inicio ao aprovisionamento em carvão daquela que seria a sua
primeira base nestas paragens. Cargueiro este que, por coincidência – digo eu –
vinha bem armado (com “peças” melhores e mais rápidas do que as cá existentes,
até na principal bateria para defesa do porto - Alto da Mãe de Deus ). Cargueiro este
que, por coincidência – digo eu – foi colocado “a seco” e logo de forma a que
uma das suas armas ficasse acima do molhe de protecção do porto, o que lhe
permitiu rechaçar o ataque do U155 perpetrado semanas depois (4/7/1917).
Cargueiro este que, por coincidência – digo eu – assim ficou até chegarem os
primeiros vasos de guerra dos EUA e ser dado início à instalação, em Ponta
Delgada, de uma Base Naval que aqui se manteve até ao fim da I Grande Guerra (na
II Grande Guerra, com evolução dos meios, seguiu-se uma em Santa Maria e depois
a das Lajes).
As movimentações que antes se faziam em
várias semanas fazem-se hoje em algumas horas (desde que a base exista, mesmo
que “adormecida”). Mas, não obstante o poder (e as relações de preferência e
proximidade) dos EUA, só “parolos”, como os portugueses, permitem que os Açores
sejam tratados como parque de campismo, onde se aluga a longo prazo (garantindo
reserva e preço baixo) um espaço de caravana para dele fazer uso quando
apetecer, mesmo que só por alguns dias, num qualquer Verão!
A.O. 19/01/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)