sábado, janeiro 19, 2013

Tolos a dar…





Pois é. Então o próximo passo é ter-mos as Lajes transformada em “base adormecida”! Com isso os EUA poupam uns dólares, e nós, açorianos, aqui sujeitos ao que der e vier, que nos amanhemos com as “migalhas das sobras do banquete”, comezana com um prato em tempos servido na Lapa, capital do ex-império, e outro, bem mais recente, servido mesmo no local (e que muito deve ter contribuído para o Presidente da Comissão Europeia ser quem é).
Revisitar 1917, em especial os meses que precederam a entrada dos EUA na I Grande Guerra, ajuda a compreender o que ainda hoje se passa com a Base das Lajes.
Até Abril de 1917 os submarinos alemães, varrendo o Atlântico, já tinham afundado cerca de 2.000.000 toneladas de suprimentos que deveriam ter chegado ao Reino Unido com isso obrigando os EUA a entrar na guerra. Estavam também em causa os investimentos feitos até ali, só rentáveis se a Inglaterra pertencesse ao grupo dos vencedores.
Assim, sem dar grande cavaco a quer quem que seja (tampouco aos ingleses) e já preparando a logística para colocarem na Europa o exército que seria determinante na derrota do Kaiser, os EUA fazem chegar a Ponta Delgada (Junho de 1917) um carvoeiro – o célebre Orion – que além do mais dava inicio ao aprovisionamento em carvão daquela que seria a sua primeira base nestas paragens. Cargueiro este que, por coincidência – digo eu – vinha bem armado (com “peças” melhores e mais rápidas do que as cá existentes, até na principal bateria para defesa do porto - Alto da Mãe de Deus ). Cargueiro este que, por coincidência – digo eu – foi colocado “a seco” e logo de forma a que uma das suas armas ficasse acima do molhe de protecção do porto, o que lhe permitiu rechaçar o ataque do U155 perpetrado semanas depois (4/7/1917). Cargueiro este que, por coincidência – digo eu – assim ficou até chegarem os primeiros vasos de guerra dos EUA e ser dado início à instalação, em Ponta Delgada, de uma Base Naval que aqui se manteve até ao fim da I Grande Guerra (na II Grande Guerra, com evolução dos meios, seguiu-se uma em Santa Maria e depois a das Lajes).
As movimentações que antes se faziam em várias semanas fazem-se hoje em algumas horas (desde que a base exista, mesmo que “adormecida”). Mas, não obstante o poder (e as relações de preferência e proximidade) dos EUA, só “parolos”, como os portugueses, permitem que os Açores sejam tratados como parque de campismo, onde se aluga a longo prazo (garantindo reserva e preço baixo) um espaço de caravana para dele fazer uso quando apetecer, mesmo que só por alguns dias, num qualquer Verão!

A.O. 19/01/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

segunda-feira, janeiro 07, 2013

O que sobrou da “Mata da Doca”

O meu amigo Manuel Moniz (também, pontualmente: companheiro, camarada e cúmplice em acções de intervenção cívico/politico/comunitárias), ontem, via “FB”, após dar a sua opinião sobre o desenho e potencial uso para outras valências do “Jardim Padre Fernando”, “entrou comigo”, desfiando-me a “entrar na liça”. Não é isso que aqui vou fazer (fi-lo na altura com a informação que tinha de memória), mas depois de lhe agradecer “a deixa” para a coluna de hoje, fiquei também de acrescentar alguma da informação que então não me ocorreu, e, aproveitando, voltar a Santa Clara e ao que sobrou da “Mata da Doca”, o que faço sempre com muito gosto, algum prazer e até “sentido de missão”!

Antes do mais é bom não esquecer que o “Jardim Padre Fernando”, desenhado pela Toparis obedecendo a um programa cuja discussão foi muito participada na comunidade santaclarense (atenção: ser santaclarense é uma coisa e ser santaclarista é outra. Há quem as misture, não faz mal, mas nada como ir corrigindo – “andar faz caminho!”), só foi possível dada a colaboração e grande participação da SRAM, ao tempo dirigida pela Dra. Ana Paula Marques, cujo carinho e dedicação por aquele projecto foi a todos os níveis notável. É bom também dizer que foi a “Mata da Doca”, e o muito que ela representou para Santa Clara, aquilo que em primeiro lugar se pretendia evocar com a requalificação do pouco que restou daquele que outrora foi um dos mais frondosos, populares e públicos “pulmões” de Ponta Delgada.

Foi-se o “Campo Açores”; foi-se o “ring” do Patronato, a “Mata da Doca” deixou de ser o “viveiro” de futebolistas que sempre alimentou o CDSC, os outros “Santa Claras” existentes antes do CDSC, assim como mais clubes de Ponta Delgada. Mas salvou-se a “Mata de Baixo”, ou “Mata Pequenina”, local de “pic-nic’s” e outras distracções, como o deslizar sobre cartões, ou “folhetas” (recuperadas no calhau e na Nordela) nas íngremes encostas confrontantes com a “Fábrica do Papel”, hoje instalações da AC Cymbron.
“Bruno Dennis”, no CA de 28/11/1920, ajuda-nos a perceber o forte “espírito” da “Mata da Doca”. Vale a pena ler!

Obrigado Manél Moniz. "Tá feito"

A.O. 05/01/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)