É micaelense, e até recentemente intrinsecamente açoriano o mais antigo dos jornais publicados em língua portuguesa. Como se isto já não fosse bastante, o A.O. é ainda o segundo mais antigo jornal europeu ininterruptamente publicado.
Foi já nos nossos dias – Janeiro de 1979 –, sob a Direcção de Gustavo Moura, passavam escassos meses – pode até contar-se em semanas – após aquele que chegou a ser tido como o dia D para a Independência dos Açores, que o “Açoriano Oriental” se transformou de semanário em diário, por troca com outro título; o “Açores”.
18 Abril de 1842; Antero de Quental. Memória
Universal, porém açoriano, pelo seu próprio punho escreveu: “Nasci nesta ilha de São Miguel descendente de uma das mais antigas famílias dos seus colonizadores, em Abril de 1842.”
Neste mesmo documento (carta a Wilhelm Storck, Maio de 1887) Antero como que antecipa justificação para o fim que quatro anos depois, na mesma cidade, sentado sob uma simbólica ancora e a poucos metros de um hospital, decidiu ter para si: “(…) Se a isto juntar a imaginação ardente, com que em excesso me dotara a natureza, o acordar das paixões próprias da primeira mocidade, a turbulência e a petulância, os fogachos e os abatimentos de um temperamento meridional, muito boa fé e boa vontade, mas muita falta de paciência e método, ficará feito o quadro das qualidades e defeitos com que, aos 18 anos penetrei no grande mundo do pensamento e da poesia (…)”
Em outra ocasião, mais tarde imortalizada por Vitorino Nemésio (colaboração enviada para a revista Insula aquando da comemoração do V centenário do descobrimento dos Açores, sendo praticamente consensual ter sido este documento - enviado de Cruz de Celas, Coimbra a 19 de Julho de 1932- o primeiro em que foi escrita a palavra "açorianidade"), Antero presenteia-nos com o; “Quási patrícios”, a interessante forma que encontrou para classificar os portugueses ibéricos. Perfeito!