segunda-feira, janeiro 15, 2007

Futebol Carolino

Não podia ser melhor a decisão do novo PGR quanto à escolha da responsável para coordenar os estridentes e escaldantes efeitos do “apito de filigrana”. Temo porém, minado como parece estar o processo – até a constitucionalidade da lei está em causa –, pelo “calar” de uma voz incómoda; a de uma magistrada cuja reputação, frontalidade, competência e coragem é tida como um oásis no desesperante deserto da Justiça. Deseja-se que a Senhora seja feliz na sua nova incumbência, que a actuação que dela se espera “faça escola” e se estenda a outras latitudes.
É que, por maior que seja o “amor clubista”, não imaginam como é difícil – quase insuportável – assistir a um espectáculo onde um desavergonhado “artista”, sem mudar cenário nem adereços, troca o circense funambulismo por um drama melodramático. Passa fora; já lá vão três dias e ainda estou enojado!
Nem sempre foi assim. Tempo houve – algum ainda recente – em que o futebol convivia de perto com cultura, altruísmo e filantropia, ocupando estes um espaço, em grande parte, hoje tomado pela boçalidade, oportunismo e corrupção.
A propósito. Permitam que partilhe convosco um naco da obra de Rolando Viveiros (fundador da “Associação de Foot-ball de Sam Miguel”):

QUESTÃO DE CLASSES…
Para o comboio da Vida
a todos é dado um passe…
O mal é que a maioria,
numa inconsciência atrevida,
só quer andar, hoje em dia,
avante, em primeira classe…

HISTÓRIA DE UM JOGADOR (excertos)
(…)
Deixando-se levar pelos arrancos
de uma paixão do jogo, desmedia,
perdera, aquela noite, dez mil francos,
fazendo, contra a Sorte, uma investida.
(…)
(…)
Pus-me a fazer as cenas, de tropel,
para me colocar em evidência…
Deu isto que aqui vês – uma falência!
Arrepiar não posso já carreira!
É o caso de “asneira puxa asneira”…
(…).

Do próprio, in A. O. 19/12/06; “Cá à minha moda”