terça-feira, maio 29, 2012

A completa rendição

Algo de muito estranho se deve andar a passar com o PSD/Açores. É absolutamente confrangedor observar como, com a passiva cumplicidade de deputados açorianos, têm passado facilmente – “como faca quente em manteiga” – alguns dos mais recentes ataques aos Açores, à sua já de si escassa Autonomia, e ao Estatuto que a regula. É caso para perguntar: que pacto estará feito (o que se pretende e quem com tal ganhará) com o acintoso grupo que conduz o pesado “Rolo Compressor Centralista” que está em movimento em Portugal?

Por vezes disfarçada de disciplina, todos sabemos que a submissão fácil é uma matriz (diria mesmo uma “característica genética”) das hostes conservadoras. Mas nem mesmo isso pode e deve justificar a completa vassalagem que está a ser prestada por quem tem – ou devia ter – como principal missão defender os Açores, as suas gentes e o que estas a muito custo conquistaram de autonomia nos últimos anos. Isto mesmo quando os personagens têm de conviver com o “inimigo”, como é o caso dos deputados do PSD/A e a prepotente maioria “Relvas/passista” que como se vê os submete e manieta. É que, ainda não “assentou pó” o caso da “lei da extinção das freguesias” – que, não me canso de dizer: trata as Autonomias “abaixo de cão”, chegando ao ponto de equiparar a Assembleias Legislativas dos Açores e da Madeira a meras Assembleias Municipais – e já o Estatuto dos Açores, mais uma vez com a passiva cumplicidade de deputados supostamente eleitos para com ele serem solidários, é de novo vítima de outra tentativa de subalternização (o caso do DLR 51/2006/A – sobre o “reconhecimento das Fundações”). Com tanto “dobrar de espinha” (e já diz o Povo que quem muito se abaixa……) não admira pois que até o nobre milhafre, buteo buteo acastanhado que desde há séculos nos simboliza, agora nos seja apresentado em versão albina, descolorado, como que já expressando as criaturas submissas, “domesticadas” (mas sempre prontas para exibição quando necessário) em que, parece, os actuais regentes e os seus delegados locais nos pretendem transformar.

Nada que outras crises – a da década de 30 do século XX, por exemplo –, oportunistamente aproveitadas por outros autoritários governantes, já não tivessem experimentado, e até conseguido.

Há no entanto que saber resistir!

A.O. 26/05/2012; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)