sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Gregos vs “Troikanos”



A mãe pátria da democracia – o berço de Clístenes e Péricles – chegou-se à frente e, à Syriza, colocou uma pedra na engrenagem que vê a austeridade como panaceia para todos os males de uma UE coxa e falha de líderes capazes de realizar alguns dos seus mais nobres objectivos: desenvolvimento sustentável assente em crescimento económico; combate à exclusão social; solidariedade e respeito mútuo entre os povos; erradicação da pobreza. 
Como sempre, na ausência de lideranças com envergadura, aparecem as "marionetes", gente incapaz de evitar, por exemplo, o “peso das botas” da Sra. Merkel ou “a chibata” do Sr. Schauble. Se o recente “bater de pé” dos helénicos vai mudar a situação, não sei. Só por si temo até que não! Fica porém a esperança de se ter aberto uma brecha na “frente alemã”, contribuindo para transformar esta “nuvem negra”, austera e já fazendo lembrar velhos tempos, em algo que reponha o sonho, traga ânimo, confiança: que nos volte a sintonizar com Beethoven e o seu "Hino à Alegria". Se é estreita a frincha conseguida pela Grécia? Sim, é! Mas também, não tendo sido a acção dos pequenos grupos de resistência o que determinou o fim da penúltima ocupação germânica, o seu contributo e coragem foi uma grande ajuda para a expulsão dos invasores. 
Mantêm-se o imperial sonho de alguns em dominar a Europa e o Mundo. Frustradas que foram as tentativas do século XX (1914/18 e 1939/45), o século XXI começou praticamente com uma terceira, sem recorrer a armas convencionais, claro, mas trocando-as por outra: o poder do Euro/Marco. A arma é diferente mas a arrogância e determinação de quem a usa recorda os déspotas do passado (só que agora sem o mini bigode). As recentes provocações do Sr. Schauble, até adjectivando de irresponsável o Povo Grego (eleitores e eleitos) são disso demonstração. Outro “todo-poderoso” daquelas bandas também começou por tratar com semelhante desdém os judeus e outras minorias. Tudo acabou como se sabe, não sem que, antes, mesmo já próximo do fim, também fossem vistos “meninos bem comportados” extasiados, porque fotografados ao lado do líder; o querido, o louvado, o idolatrado fuhrer! 

AO. 28/02/2015; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)