terça-feira, agosto 23, 2005

Betoneiras


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Ilustração "roubada" aqui na "Galeria dos Horrores".


Não obstante a crueza dos indicadores mais óbvios; o decréscimo demográfico (as “honrosas” excepções, que as há, só são conseguidas à custa da desertificação circundante); ou a espiral de fogos oferecidos para venda, continua sendo - para além das sempre oportunas “festanças” -, o betão, a especial oblação feita ao “deus eleitor”!
Ordenar, reabilitar, melhorar as condições de utilização e usufruto do construído, assim como de circulação – sobretudo para peões – nas zonas “pré-modernas”, parece tarefa menor. Claro; tem menos visibilidade, dá menos notoriedade, e – esta é que é esta! - não proporciona negócios de grande monta; é como se estivesse em disputa o “Campeonato da betonagem”!
Vivemos – diziam-me recentemente – numa “democracia feudal”. Bem pior do que isso – acrescento – já que os actuais Senhores(as) usam dos sortilégios da democracia, e não os seus bens, para montar e manter “as cortes” que os apoiam. Se diferenças há, são só ao nível dos meios bélicos utilizados; cavalos, cavaleiros e pesadas armaduras, foram substituídos por festas, inaugurações, cartazes, e disputas para aparecer nos jornais e na TV. Isto, claro, para além do mais básico.
E, não fosse haver sempre o dia em que a criatura e criador se confrontam (estou a lembrar-me especialmente de “Lady Fátima”; de Felgueiras, “Sir Valentim”; de Gondomar, “Sir Isaltino”; de Oieras, ou “Sir Avelino”; de Marco e Amarante), quase nem damos conta do quanto eles tomam conta!
Mas atenção, de pouco serve distrairmo-nos com o que se passa lá fora; olhemos à nossa volta!
Do próprio. In Açoriano Oriental/Crónicas do Aquém