sexta-feira, março 24, 2006

À margem de um congresso...

e a caminho de um encontro nas Furnas


(clicando aumenta)
e mesmo sem clikar, em 2004 e 2005 também aumentou.
"É sempre a bombar"

Pior do que “marcar passo”...
é o “dar passos” à retaguarda.


Começo a deixar de me sentir obrigado à contenção a que me propus.
De início, chegou a ser exemplar – na altura não me poupei a elogios – a competência, o zelo e o rigor no cumprimento dos estatutos do Santa Clara. Era esta a contrapartida.
Como então se verificou, os resultados não tardaram a surgir. Incómodos. Claro. Mas já a aproximarem-se da muito desejada – por alguns – transparência. Uma transparência que a outros não interessa, daí, talvez, o motivo pelo qual, no entretanto, sobretudo desde Outubro para cá, parece, tudo voltou “à primeira forma”. Até no modo de tentar “esconder o sol com uma peneira”. Lá temos então “foguetório”, e forrobodó, enquanto se continua a aguardar pela clarificação, por uma séria administração, e pelo cumprimento dos compromissos assumidos, e (bons) resultados de “planos” delineados!

Como li algures por aí, até parece ser mais fácil organizar um Congresso do que convocar uma – ou duas – Assembleias-gerais. Mais fácil sei, de certeza, que não é. Certo porém estou que, atendendo à oportunidade, dá muito mais jeito o “Congresso” do que a (ou as) devida Assembleia-geral!

Sei que a situação não é fácil. Sei ainda que me encontro numa posição confortável; faço parte da minoria que desde cedo alertou para o desvario em que a maioria – bem protegida, confortavelmente avalizada e mediaticamente ampliada –, teimosamente, entendeu embarcar. Mas sei também – todos sabemos, mas para alguns é bom continuar fingir que ignoram – que não é “escondendo a cabeça na areia”, nem tampouco continuando a insuflar grandes e espalhafatosos balões que a situação se irá resolver. Adiar sim – e cada vez tenho menos dúvidas que esta é a estratégia -, resolver não.

Sempre me posicionei como céptico – para ser franco, mais do que céptico sempre fui completamente descrente – perante aquilo que alguns entenderam ser “o milagre” que iria salvar o Santa Clara. Refiro-me ao “plano de negócios”, um conjunto de intenções que de plano nada tinham que o justificasse (a prová-lo está o facto de num ano se apostar na manutenção, para no ano seguinte a aposta ser na subida. E, como se viu, quer num ano, quer no outro, o que aconteceu foi mais fruto de “fé em Deus e seja o que for” do que resultado de algum planeamento), e que de negócios, o que o possa justificar, tem mais a ver com os proveitos que dele tira quem diz ter sido o seu autor, do que propriamente o Santa Clara, cuja saúde financeira, por via do dito plano, já devia estar visivelmente beneficiada (será que sou o único a não ver?).

Como poderia ter alguma esperança no malfadado Plano de Negócios se quem o “apadrinhou” foram os mesmos que incompetentemente levaram o CDSC à situação em que hoje se encontra, e que antes do PN, já tinham tentado uma primeira “negociata”, a SAD?
Tal como insistir na incompetência, o persistir em soluções sem sustentação não conduz a nenhuma boa saída. Só reconhecendo os erros, e fazendo um enorme esforço em corrigi-los, se podem criar condições, mínimas, de melhoria. E um novo rumo tem de passar, necessariamente, por quatro balizas; HUMILDADE, IDENTIDADE, RIGOR e TRANSPARÊNCIA.
Sem isso, “a conversa” até que pode parecer convincente, “o cenário” estar repleto de luz e lantejoulas, “a música” boa, e permanentemente a tocar, mas nada, mesmo nada, terá condições para ser BEM feito!

E, reparem – para me poupar a vómitos e vos poupar a mais do mesmo – vou passar por cima de algo muito importante; a credibilidade – ou falta dela – daquele que se apresentou como “o rosto” do milagre! É que, incentivar o caos para depois, como por artes mágicas, aparecer no papel de milagreiro, além de ser uma enorme desonestidade, é também uma tentativa de passar um atestado de estupidez a quantos estiveram a chamar a atenção para o desgoverno que desde à muito se verificava, evidência óbvia já quando a “sumidade”, em pedestal privilegiado (no papel de comentador televisivo), mais não fazia do que incentivar o degradar da situação já então em séria degradação.

Naquela altura, passaram anos a apresentar contas - nas quais se que incluíam uma enorme componente de dinheiros públicos - , como se tratasse “dos borrões” do merceeiro da esquina. Numa altura em que, enquanto atletas, técnicos – e outros agentes desportivos – ganhavam milhares de contos, só parecia faltar uma ou duas centenas dos mesmos para pagar a alguém – um jovem licenciado em gestão ou contabilidade por exemplo – que “juntasse papeis” e os apresentasse atempadamente à empresa responsável pela contabilidade.
Se na altura foi assim, agora, falta o dinheiro para pagar a uns e a outros, mas não faltam milhares de contos para recompensar “o artista” que esperou “de bancada” pela hora de começar a facturar. Óbvio!

Retomando o fio à meada.
É justo dizer-se que, pelo menos nos primeiros tempos deste último ciclo, apesar de tudo, parecia que ia haver alguma mudança. Foi “sol de pouca dura”!
Ao nível da Direcção, aqueles em quem, pela sua independência em relação ao passado, se depositavam maiores esperanças, cedo “abandonaram o barco” alegando aquilo que os mais avisados já anteviam; “a padinha” tinha tentáculos musculados!
Quanto aos outros Órgãos Sociais (Mesa da Assembleia Geral e Conselho Fiscal), após as expressivas – e prenhes de esperança – tomadas de posição dos respectivos Presidentes por ocasião da aprovação do orçamento para a época 2004/2005, cedo eles foram perdendo folgo – o PAG ainda resistiu durante algum tempo.
A situação degradou-se ao ponto de, para este último ano do mandato, já se estar à mais de seis meses à espera da aprovação do orçamento estatutariamente obrigatório. Percebe-se. A aprovação deste orçamento poderia ser a ocasião apropriada para aferir a eficácia das contundentes mensagens que tinham feito uma ano antes, o que poderia não lhes ser muito agradável!

Está em falta a aprovação do orçamento, mas está também faltando cumprir o compromisso assumido para com a Assembleia-geral no sentido de ser convocada uma sessão, especialmente dedicada à apreciação da possibilidade de se mandar executar uma auditoria – jurídico contabilística –, independente, que permita de uma vez por todas dar a conhecer onde, e como, “se sumiram” os milhares de contos (do erário público, mas também provindos de financiamentos que hipotecaram irremediavelmente, quase por completo, o valioso património que o clube possuía quando um grupo de vaidosos aventureiros tomaram o seu comando) que ao longo de todos estes anos foram canalizados para o CDSC.

Repito.
Eu tenho feito um enorme esforço de contenção. Mas, na impossibilidade de o fazer no local próprio – a falta não é minha, mas sim de quem voltou, ou permitiu que se voltasse, à desagradável rotina de ignorar os estatutos do CDSC –, não tenho outro remédio. E, como estamos em tempo de congresso, quem sabe este pode ser um bom tema para debate?

João Pacheco de Melo
(Não resistindo - também a pedidos -, tomando uma posição, e demarcando-me de icógnitos, mestres em "criar confusão")