Uns
e Outros
Fotos “Roubadas” aqui;
(É escusado "clikar" que estas não ampliam)
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O temor a Deus e a educação para a evocação divina sempre que algo aparentemente sobrenatural necessitava de ser aplacado, levaram os nossos ancestrais que viveram a transição do século XVII para o XVIII, quando confrontados com o pavor causado por uma crise sísmica que parecia não querer terminar, a iniciarem um cortejo penitencial que se mantém até hoje, durante o qual, ainda se podem observar singulares expressões de fé, devoção e religiosidade.
Logo numa das primeiras vezes que o Senhor Santo Cristo percorreu as ruas de Ponta Delgada, com nobres – foram estes, reza a tradição, quem tomou a iniciativa do evento – e plebeus, todos descalços, acompanhando em cortejo a imagem que, ainda hoje, ao passar, suscita estranhos sentimentos mesmo a muitos daqueles que se apresentam como agnósticos, uma “misteriosa” queda da efígie a meio do percurso tornou ainda mais pungente aquela que já era, e durante muito tempo assim continuou sendo, apenas, uma dramática, humilde, e eminentemente religiosa demonstração de fé.
Hoje, para o bem e para o mal, é a parte profana da festa aquela que mais impacto causa; ela é cartaz turístico, é enorme oportunidade de negócio, e até mesmo – há que assumi-lo –, é um autêntico desfile de vaidades onde, o caminhar com pés descalços, deu lugar a minuciosas regras protocolares estabelecendo a ordem de aproximação à venerada imagem, não por motivos de fé, mas de maior visibilidade e destaque!
Estou com imensa curiosidade para chegar a amanhã – o feriado “da festa” obriga-me a escrever isso hoje, sexta, 19 Maio – para poder verificar se, tal como penso que irá acontecer, “a guerra das audiências” obrigará a que misturem o cumprimento das primitivas, dolorosas e sentidas promessas, com folgadas e exuberantes “exibições de pimbalhada”.
Do próprio, in A. O. “à minha maneira”