terça-feira, junho 27, 2006

Será castigo?



O Nº 64 da Rua do Pedro Homem (em frente ao Rotas), e a placa - quase clandestina - onde se pode ler; "Casa onde em 1832 funcionou o Governo Liberal"
É mais que muita a probabilidade de por esta porta ter entrado e saído Mouzinho da Silveira e Almeida Garrett.


Entrada triunfal de D. Pedro IV em Lisboa

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Um destes dias, tropeçando numa das “escavações” de Francisco Maria Supico, dei conta de que no dia de hoje perfaziam 174 anos sobre a data em que a armada que transportou D. Pedro IV e os 7500 “Bravos do Mindelo” levantou ferro de São Miguel, dando início, em Portugal, ao processo de restabelecimento do pensamento liberal originário da Revolução Francesa.
No naco de prosa em questão (Escavações, 13; Persuasão nº1.763, 1895), Supico nada nos diz sobre a forma “absolutista” – bárbara até; dizem!? –, como foram mobilizados muitos dos açorianos – a arraia-miúda – que acompanharam os batalhões de legionários (Ingleses e Franceses) e de idealistas românticos (Voluntários e Académicos), engrossando os regimentos de artilharia e infantaria que chegaram ao Porto. Em contrapartida, o diligente escavador dá-nos interessantes pormenores de como foram passados os últimos dias daquele corpo expedicionário em Ponta Delgada, indo ao pormenor de nos revelar a origem, o percurso e o destino dado – “ (...) em Lisboa, num dos Museus, para onde foi oferecido como relíquia da Campanha Liberal”. – ao estrado que serviu para a celebração da solene missa campal do Relvão.
Se assim foi com a causa liberal, a mesma abnegação pela liberdade levou as gerações seguintes de açorianos, com destaque para Antero de Quental, Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, a abraçarem outra causa moderna e socialmente mais justa; a Republica.
Por ironia do destino, como se de represália se trate, trinta anos após ter sido derrubada a mais longa e fascizante ditadura da Europa, a actual e “muito avançada Carta Constitucional”, continua a impedir – e a apelidar de fascistas quem se atrever fazê-lo de forma politicamente organizada – que os açorianos reflictam, e decidam, sobre o seu futuro como Povo soberano.
Do próprio, in A. O. 27/06/06; “Cá à minha moda”