quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Jogo de espelhos com imagens invertidas



Na vida em geral, e na política em especial – sobretudo nesta, até porque, em política, os erros e/ou as mordomias de uns poucos são pagos com o “sangue suor e lágrimas” de muitos –, não há nada pior do que corrigir uma ou um conjunto de acções/intenções menos acertadas ou completamente erradas, com outra, ou outras tantas, de sentido diametralmente oposto. É do mais elementar bom senso emendar o que quer que seja gradualmente, por aproximações sucessivas, avançando no sentido daquele que foi entendido ser o “novo rumo”. Nunca de supetão! Já diz o povo que “quem muito arrocha pouco aperta”. É sabedoria popular, e, tenho a certeza, não será quaisquer Troikas e toikistas, Relvas e relvistas, uns e outros mais ou menos amparados pelo seu serviçal exército de fulanos e beltranos, quem, mesmo numa hora destas, contrarie o rifão popular.
Os sinais, tal como o rol de contradições que os realçam, já são visíveis!
“Trocando por miúdos”:
Sim. Já poucos suportavam o excessivo optimismo socrático que até recentemente nos foi “vendido”: também por isso, tornou-se desejada, se não mesmo inevitável, a mudança. O que não era espectável, nem há Troika que o justifique – por mais que o repitam para parecer verdade –, é que a correcção da “ilusão socrática” possa ser feita recorrendo à “terapia Relvas/passista”, um culto pelo empobrecimento que mais do que austero é miserabilista, castrador da confiança e da esperança, comprovadamente eficaz na transformação do mau em péssimo!
Sim. Não obstante a eficaz equipa de comunicação contratada para promover “a ilusão socrática”, foram os muitos “gatos” que não conseguiram passar por “lebre” (um só exemplo: o novo aeroporto de Lisboa e as suas localizações) o que mais ajudou a desmontar “um altar” corrompido por outras questões menores (de novo um só exemplo: a célere licenciatura de Domingo à tarde). O que não era espectável – pelo menos em tão curto espaço de tempo –, é que a “terapia Relvas/passista”, dando o dito por não dito e desde cedo afogueada pela troca de uns por outros (na EDP um António de Almeida por um Eduardo de Almeida, Catorga, de seu último nome, e na Administração das AdP uma colocaçãozita para os apaniguados Manuel Frexes e Álvaro Castelo-Branco), rapidamente esquecesse as “gorduras do Estado”, os “custos intermédios”, as grandes negociatas – e seus beneficiários – tipo PPP’s, BPN’s e BPP’s, para, em seu lugar, atacar com sofreguidão aqueles que já só têm osso. Ossos mal nutridos, nalguns casos a definharem até serem encontrados como cadáver depois de durante anos se terem arrastando a fazer “esticar” os parcos meios de subsistência com que sobreviveram (rendimentos mensais cujos valores chegam a ser a centésima parte dos auferidos por quem, não o devendo fazer, descaradamente, diz que cerca de 10.000 euros/mês são insuficientes para cobrir as suas despesas).

Pior só mesmo os reflexos que aqui (aos Açores) nos chegam “destes espelhos”: os pretextos que “a crise” proporciona para estrangular a escassa Autonomia no entretanto conquistada, sobretudo quando vindos de quem tem, e cultiva, tendências autoritárias (nunca será demais recordar os autoritarismos anteriores, nomeadamente aquele que em situação similar até com a moeda açoriana acabou). Os reflexos “destes espelhos”, que cegam, são tão ou mais perigosos quando mais submissa for a relação político-partidária entre os detentores do poder em Portugal e os seus “afins” nos Açores.
Uma subserviência que, por vezes (e para alguns), até admite entregar os dedos desde que lhes seja permitido “brilhar com os anéis”.
Há que resistir!

A.O. 31/01/2012; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)