domingo, dezembro 23, 2012

A RTP/A “janelinha”, outro garrote centralista


Mais do que a obsessão ultra liberal, capitaneada por dois ou três “old yuppies” a soldo da finança internacional que norteia ideologicamente a “Relvas/passista” forma de espremer e fazer definhar a que alguns chamam governar; mais até do que o despudorado modo como está a ser desmantelado, e a bel-prazer “do dono” controlado, aquilo que deveria ser o Serviço Público de Rádio e Televisão em Portugal, o que se está a passar com a RTP/Açores mais não é do que a consequência lógica do esmagamento provocado pelo “rolo compressor centralista”, agora conduzido por manobradores de elevado preconceito neocolonial. Nada de novo: já assim foi no século XIX com a “questão do álcool”; assim voltou a ser, no início do segundo quartel do século XX, com Salazar a dar fim à moeda própria; já no nosso tempo e sob a autonomia vigente desde 1976, assim também aconteceu com a estratégica desvalorização (e consequente substituição de “cash” por sucata bélica) da Base das Lajes; e – oxalá me engane – assim irá acontecer brevemente com a usurpação dos direitos de exploração dos recursos naturais existentes no fundo do Mar dos Açores!
Mas, voltando à RTP/Açores, ou melhor, à vergonhosa “janelinha” em que a estão transformando, não será demais aqui trazer as conclusões da tese de Doutoramento de Catarina Burnay, documento de Junho de 2010 que recentemente voltou “à baila”, onde é demonstrado o enorme contributo da televisão dos Açores (em especial da sua produção) no fortalecimento da identidade açoriana, concluindo também que nenhuma outra televisão atingiu esse mesmo objectivo em relação à identidade portuguesa.
Eis pois aqui, muito mais do que nas evocadas razões de racionalização e redução de custos, aquilo com que os preconceituosos neocolonialistas estão preocupados. E não é para menos. Se poucos (mas bons) açorianos, como Antero, Arriaga e Teófilo – só para citar três – provocaram em Portugal as revoluções e mudanças que se conhecem, natural se torna que os neocolonialistas temam que o valor da Açorianidade se imponha, nos liberte e, quiçá, ainda os subjugue. Olhem o exemplo de Angola!

A.O. 22/12/2012; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)