Foto cedida por "História dos Açores"
Vi ontem, 6 de
Junho (escrevo na sexta), o trabalho que a RTP/A emitiu a propósito (teria
sido?) da efeméride.
Gostei de pouco,
de coisas muito específicas, algumas das quais me parecem ter sido editadas
pela 1ª vez (eu, pelo menos vi-as pela 1ª vez). Gostei também de um ou outro
depoimento que “põe a nu” alguns ditos tabus e conivências que já se
suspeitavam existir. Não gostei do geral, da forma, sempre a mesma, como
encadeiam “a narrativa”, realçando algumas vítimas mas não considerando outras,
quando até há casos em que se tratou de responder à agressão!
Houve
comportamentos contra revolucionários? Claro que sim. Tal como não faltaram
oportunismos e oportunistas! Mas não se podem (nem devem) esquecer os excessos ultra
revolucionários, as vítimas que fizeram, a energia explosiva que desencadearam!
Há (e estão por aí) agressores que estiveram ao serviço dos dois lados:
inicialmente bateram nos “fascistas”, boicotaram sessões de esclarecimento, para
pouco depois, quando a “maré mudou”, os mesmos passarem a agredir, escorraçar e
vandalizar bens daqueles que militavam nas fileiras dos que antes os
incentivaram!
Aqui em Ponta
Delgada (foi sobretudo do que se passou por cá que o trabalho tratou) muito
antes dos assaltos às sedes dos partidos de esquerda (PCP, MDP/CDE e até PS) aconteceu
o assalto à sede “dos fascistas” do MAPA: como se fosse fascizante defender uma
causa ainda mais antiga do que a implantação da República, o próprio fascismo e
até o Estado Novo!
Mas vamos ao que gostei:
gostei de reouvir o momento em que Altino de Magalhães claudicou perante os
gritos de Independência. Gostei de reouvir o tão espontâneo quanto ensurdecedor
clamor de Independência que se lhe seguiu. Gostei também de ver confirmado (o
que já se sabia e é desculpa para algumas atitudes anticomunistas mais
primárias) como o PCP de então, mesmo aqui nos Açores, controlava alguns
sectores do Exército Português, queira isso significar o que quer que seja. Tal
como gostei de, mais uma vez, ver demonstrada a falsa espontaneidade da contra
manifestação ao “6 de Junho”, obviamente aproveitada para Altino de Magalhães “se
reabilitar”, destroçado que ficara com o correctivo aplicado por Borges
Coutinho, honra se faça – concordando ou não com o seu pensamento –, Homem
coerente e corajoso!A.O. 08/06/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)