sábado, junho 08, 2013

6 de Junho: O insistir na “velha narrativa”


Foto cedida por "História dos Açores"         

Vi ontem, 6 de Junho (escrevo na sexta), o trabalho que a RTP/A emitiu a propósito (teria sido?) da efeméride.
Gostei de pouco, de coisas muito específicas, algumas das quais me parecem ter sido editadas pela 1ª vez (eu, pelo menos vi-as pela 1ª vez). Gostei também de um ou outro depoimento que “põe a nu” alguns ditos tabus e conivências que já se suspeitavam existir. Não gostei do geral, da forma, sempre a mesma, como encadeiam “a narrativa”, realçando algumas vítimas mas não considerando outras, quando até há casos em que se tratou de responder à agressão!
Houve comportamentos contra revolucionários? Claro que sim. Tal como não faltaram oportunismos e oportunistas! Mas não se podem (nem devem) esquecer os excessos ultra revolucionários, as vítimas que fizeram, a energia explosiva que desencadearam! Há (e estão por aí) agressores que estiveram ao serviço dos dois lados: inicialmente bateram nos “fascistas”, boicotaram sessões de esclarecimento, para pouco depois, quando a “maré mudou”, os mesmos passarem a agredir, escorraçar e vandalizar bens daqueles que militavam nas fileiras dos que antes os incentivaram!
Aqui em Ponta Delgada (foi sobretudo do que se passou por cá que o trabalho tratou) muito antes dos assaltos às sedes dos partidos de esquerda (PCP, MDP/CDE e até PS) aconteceu o assalto à sede “dos fascistas” do MAPA: como se fosse fascizante defender uma causa ainda mais antiga do que a implantação da República, o próprio fascismo e até o Estado Novo!
Mas vamos ao que gostei: gostei de reouvir o momento em que Altino de Magalhães claudicou perante os gritos de Independência. Gostei de reouvir o tão espontâneo quanto ensurdecedor clamor de Independência que se lhe seguiu. Gostei também de ver confirmado (o que já se sabia e é desculpa para algumas atitudes anticomunistas mais primárias) como o PCP de então, mesmo aqui nos Açores, controlava alguns sectores do Exército Português, queira isso significar o que quer que seja. Tal como gostei de, mais uma vez, ver demonstrada a falsa espontaneidade da contra manifestação ao “6 de Junho”, obviamente aproveitada para Altino de Magalhães “se reabilitar”, destroçado que ficara com o correctivo aplicado por Borges Coutinho, honra se faça – concordando ou não com o seu pensamento –, Homem coerente e corajoso!

A.O. 08/06/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)