Foto editada (recortada) a partir de um original do João Luís Raposo
Um amigo – que estimo, embora por o contraditar amiúde me chame “inimigo de estimação” – diz com frequência (neste caso com razão) que o nosso mal, dos açorianos, é deixar-mo-nos encantar pelo “falar à moda de Lisboa”. Diz tal para enfatizar as vezes que a mesma coisa, dita/feita por um de nós, açorianos, ou por “um de fora”, português por exemplo, é desdita no primeiro caso e quase sempre aceite com reverência no segundo. Mas di-lo também para acentuar um dos nossos, dos açorianos, mais comuns defeitos: a rivalidade – muito explorada e até estimulada por aqueles a quem interessa a nossa desunião – até entre os da mesma ilha, o que em regra nos leva a verrumar uns com os outros com tricas desnecessárias, por vezes imbecis, aparentando um sentimento tipo inveja, do género: “não poder ver uma camisa lavada ao vizinho”. Uma rivalidade invejosa que só nos conduz à submissão!
Um amigo – que estimo, embora por o contraditar amiúde me chame “inimigo de estimação” – diz com frequência (neste caso com razão) que o nosso mal, dos açorianos, é deixar-mo-nos encantar pelo “falar à moda de Lisboa”. Diz tal para enfatizar as vezes que a mesma coisa, dita/feita por um de nós, açorianos, ou por “um de fora”, português por exemplo, é desdita no primeiro caso e quase sempre aceite com reverência no segundo. Mas di-lo também para acentuar um dos nossos, dos açorianos, mais comuns defeitos: a rivalidade – muito explorada e até estimulada por aqueles a quem interessa a nossa desunião – até entre os da mesma ilha, o que em regra nos leva a verrumar uns com os outros com tricas desnecessárias, por vezes imbecis, aparentando um sentimento tipo inveja, do género: “não poder ver uma camisa lavada ao vizinho”. Uma rivalidade invejosa que só nos conduz à submissão!
O bordão por ele
usado para evidenciar esta espécie de situações tem sido: “ (…) pois então chamem um cozinheiro português!”. É um estribilho
com origem numa “estória” contada por um amigo comum, a partir de um caso
verídico, mais ou menos recente, ocorrido numa colectividade de raiz açoriana de
uma das nossas maiores e mais importantes comunidades de emigrantes, cujo
restaurante funcionou sempre menos bem – causando inclusive quezílias entre “os
nossos” – até passar a ser explorado por um cozinheiro não açoriano, que de uma
só cajadada “matou dois coelhos”: o restaurante já funciona bem; as zangas
tiveram fim!
Lembrei-me deste
caso no decorrer do último jogo no Estádio, onde um “ajudante de cozinha” só
tinha olhos para repreender o treinador do “Santa Clara” quando do outro lado
irregularidades do mesmo tipo (mas ainda mais exageradas) eram ignoradas. Resta
dizer que se tratava do primeiro árbitro internacional açoriano, por sinal (quiçá
tributo, bajulação. Coincidência?) o mesmo que na jornada anterior “inventou”
uma escandalosa penalidade que, causando estranheza até aos adversários, custou
caríssimo ao “Santa Clara”.
É a nossa sina.
Por estas e outras: pois então chamem um cozinheiro português!
A.O. 01/02/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)