Já farta a troca de galhardetes que por ai anda: “saída limpa” vs “saída cautelar”. Este tema cansa, aborrece, satura, além do mais porque todos já percebemos que a haver uma qualquer saída, seja ela qual for – e quando for –, tenderá sempre ser uma “saída rasteira”, “de gatas”, se não “de rastos”!
Eles – não nós, Eles – gastaram
“à farta”: betonando auto-estradas a eito (actualmente “às moscas”); construindo
estádios a esmo (alguns agora com pouco ou nenhum uso e já em degradação, por
falta de manutenção); criando bancos para se servirem, a si e aos seus cúmplices
e amigos (negociatas onde Eles ontem ganharam para hoje pagarmos nós), enfim, distribuindo
entre si um manancial de fundos europeus, dinheiro que agora nos obrigam – a nós,
não a Eles – a pagar. Eles gastaram “à bruta”, mas dizem que fomos nós “quem viveu
acima das nossas posses”. Dizem isso, pregando e impondo austeridade, uma
“austeridade redentora”, que nos redimirá, dizem Eles, pois Eles, ao que parece,
não carecem de redenção!
É sempre assim com gente
que nunca se engana. Gente que raramente têm dúvidas! Não se enganaram antes
(presunção e água benta…) e cegamente continuam sem ter dúvidas. Não duvidam
que “a salvação” está na austeridade, no empobrecimento, nos salários baixos
(já a menos de 50% da média europeia)! Outros foram (e vão) avisando que sendo
a austeridade necessária, esta austeridade massiva, radical, excessiva, não
trará solução. Mas Eles dizem que não! Que querem mais. Insistem! E fazem-no
não obstante os recentes dados do INE confirmarem como estão errados. Indicadores
da pobreza e das desigualdades sociais que reabilitam cenários do “Salazarismo”,
arquétipos que até a Marcelo Caetano – bem mais sensível a estas desigualdades
do que as marionetas que a mando dos gurus do “Capitalismo Cientifico”
actualmente governam Portugal – incomodou, levando-o a iniciar a sua correcção.
O drama é que, queiramos
ou não – sou dos que não quer – dependemos deste país mal governado, vergado, esmagado,
um esmagamento que o leva a esmagar-nos mais ainda, não fossemos nós, Açores e
Madeira, as suas últimas colónias!
Temos de sair desta
subjugação: quanto mais cedo melhor. Limpinho.A.O. 29/03/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado, incluindo o título)
http://www.acorianooriental.pt/artigo/sair-de-gatas