sábado, agosto 02, 2014

CPLP, olé!


Sou a favor de uma total emancipação dos Açores. Da mesma forma – e com a mesma convicção – defendo ser a Língua Portuguesa a grande, a maior, herança que algum dia os portugueses nos irão deixar. Também por isso senti simpatia, desde a primeira hora, pela criação da CPLP: Comunidade de Países de Língua Portuguesa, onde, acredito convictamente (mas não coloco nisto datas, muito menos uma tão curta como dois anos), um dia os Açores – e também a Madeira – se integrarão. O desejo dos Açores, como país soberano, integrarem a CPLP mantenho-o; a simpatia pela CPLP, por esta CPLP (a que resultou da cimeira de Díli), confesso, já não é a mesma. Compreendo, até por constrangimentos paternalistas e outras obrigações, a tolerância que Portugal possa ter para com os deficits democráticos de alguns dos países que com o pós 25 de Abril se emanciparam do seu jugo, para mais, porque dificilmente poderiam haver hábitos democráticos após um processo que insistiu até ao fim (e insiste, agora com balizas mais curtas) no lema “do Minho a Timor, Portugal, Portugal, Portugal…”. Diferente poderia ser se, pelo contrário, como noutros casos, Portugal tivesse em conta o natural direito “dos filhos” a autonomizarem-se e tornarem-se independentes. Mas não foi (nem é), Portugal sempre preferiu (e prefere), o vil desejo de exploração e/ou exibição da sua “imperial” grandeza, ao nobre desígnio de ajudar a desenvolver “os filhos”, já tão adultos quanto ele, e por ventura mais capazes que o “próprio pai” para se governarem sozinhos. Compreendendo a tolerância perante os países surgidos das ex- colónias, já não compreendo – nem aceito as razões hipócritas e interesseiras que as justificam – o alargar desta tolerância a um país como a Guiné Equatorial, permitindo de permeio “tempo de antena” a um ditador facínora que não se importa em pagar seja o que for para ir conseguindo “minutos de fama” no cenário internacional.

A desculpa do evitar ficarem isolados não serve: há ocasiões em que “um corajoso isolamento” até fica bem. Outros portugueses assim fizeram quando, não se preocupando se o faziam sós ou acompanhados, aboliram a pena de morte. Outra gente, outros valores, outra coragem! 

A.O. 02/08/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)