domingo, dezembro 07, 2014

José de Almeida: a obra e o sonho



A ignorância de muitos e a conveniência de outros tantos tem dado a ideia que a “INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES” é CAUSA recente, pós 25 Abril. É falso! Mais aproximado da verdade será dizer que foram as consequências do 25 de Abril – que não só a chegada da Democracia (uma democracia, “à portuguesa”, que até impede a constituição de partidos pró independência nos Açores) – e a histórica e corajosa acção do Dr. José de Almeida o que democratizou a “CAUSA INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES”, trazendo até ao povo o que antes fora só uma “QUESTÃO” das elites.
Hoje já é consensual dizer que sem José de Almeida e a sua integra, coerente, frontal e corajosa defesa da INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES, nem esta escassa autonomia de que alguns tanto se orgulham teríamos. Isto, sim, é verdade! Mas verdade também é que a “CAUSA” de José de Almeida não foi a autonomia, sim a INDEPENDÊNCIA!
Será – já o era de uns tempos a esta parte – grande a falta que o Dr. José de Almeida irá fazer ao processo de Total Emancipação dos Açores. O seu carisma; as suas inatas capacidades de liderança; o seu histórico percurso; a sua profunda cultura e consistente preparação para o cargo; a sua grande capacidade de gerar consensos; a sua enorme integridade pessoal, tal como a imensa coragem e frontalidade com que sempre defendeu a “CAUSA”, muito dificilmente poderão ser igualadas. Mas a sua OBRA ficou. O mais difícil está feito! Há que saber dar continuidade, e, tal como rezam as escrituras, e foi lembrando em oração fúnebre perante o seu féretro, “a semente só germina depois de morta e lançada à terra”!

O sonho do Dr. José de Almeida – “assistir em vida à INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES” – não se realizou! Mas nem todos os sonhos são para realizar. Muitos deles são só e apenas para “comandar a vida”, com a aspiração de INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES comandando quase por completo a vida de José de Almeida. Convenhamos, perante tão importante desiderato é quase sempre assim. Lembro, apenas por proximidade arquipelágica, Amílcar Cabral: Ele também não assistiu ao “grande dia”, mas isso não impediu de Cabo Verde ser hoje um país independente!

AO. 06/12/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)