A ignorância de
muitos e a conveniência de outros tantos tem dado a ideia que a “INDEPENDÊNCIA
DOS AÇORES” é CAUSA recente, pós 25 Abril. É falso! Mais aproximado da verdade
será dizer que foram as consequências do 25 de Abril – que não só a chegada da Democracia
(uma democracia, “à portuguesa”, que até impede a constituição de partidos pró independência
nos Açores) – e a histórica e corajosa acção do Dr. José de Almeida o que democratizou
a “CAUSA INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES”, trazendo até ao povo o que antes fora só uma
“QUESTÃO” das elites.
Hoje já é
consensual dizer que sem José de Almeida e a sua integra, coerente, frontal e
corajosa defesa da INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES, nem esta escassa autonomia de que
alguns tanto se orgulham teríamos. Isto, sim, é verdade! Mas verdade também é
que a “CAUSA” de José de Almeida não foi a autonomia, sim a INDEPENDÊNCIA!
Será – já o era
de uns tempos a esta parte – grande a falta que o Dr. José de Almeida irá fazer
ao processo de Total Emancipação dos Açores. O seu carisma; as suas inatas
capacidades de liderança; o seu histórico percurso; a sua profunda cultura e
consistente preparação para o cargo; a sua grande capacidade de gerar
consensos; a sua enorme integridade pessoal, tal como a imensa coragem e
frontalidade com que sempre defendeu a “CAUSA”, muito dificilmente poderão ser
igualadas. Mas a sua OBRA ficou. O mais difícil está feito! Há que saber dar
continuidade, e, tal como rezam as escrituras, e foi lembrando em oração
fúnebre perante o seu féretro, “a semente só germina depois de morta e lançada
à terra”!
O sonho do Dr.
José de Almeida – “assistir em vida à INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES” – não se
realizou! Mas nem todos os sonhos são para realizar. Muitos deles são só e
apenas para “comandar a vida”, com a aspiração de INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES
comandando quase por completo a vida de José de Almeida. Convenhamos, perante tão
importante desiderato é quase sempre assim. Lembro, apenas por proximidade
arquipelágica, Amílcar Cabral: Ele também não assistiu ao “grande dia”, mas isso
não impediu de Cabo Verde ser hoje um país independente!
AO. 06/12/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)