terça-feira, maio 17, 2005

Os “quási patrícios” (*)


Colorido a laranja; aquelas que foram as fronteiras do Condado Portucalense, consolidadas desde 1068 (Batalha de Zalaca) até que, por volta de 1139, D. Afonso Henriques dá início à sua incursão a Sul derrotando e conquistando aos "Mouros" (a Batalha de Ourique é o primeiro grande marco desta epopeia) importantes faixas do litoral da Peninsula Ibérica; o substancial do Portugal de hoje!


Portugal deve a sua origem à defesa da autonomia que D. Henrique, inteligente e sagazmente, garantiu para o Condado Portucalense. Quando D. Teresa, já viúva, admite aliar-se à Galiza, os nobres da terra revoltam-se (Batalha de S. Mamede; 1128) e fazem do filho da Condessa o seu novo amo. D. Afonso VII, rei de Leão e legítimo senhor de um Condado em luta por emancipação, em vão tenta submeter o seu jovem primo insurrecto; D. Afonso Henriques!
A contendo de interesses estratégicos, o então “polícia do mundo” – cabia ao Papa, na época, o papel das actuais super potências – acaba apadrinhando (Conferência de Samora; 1143) a independência do minúsculo Portugal.
Pouco mais de um século após terem estabilizado as, hoje, mais antigas fronteiras da Europa (Ribacoa; 1295), no prólogo da epopeia marítima portuguesa, capitaneando uma miscelânea de gentes; outros europeus, africanos, mouros, escravos, e alguma da sua própria escória (degredados, criminosos e demais malfeitores), chegaram aos Açores aqueles que estão na génese do povo que hoje somos!
Daí a minha incompreensão, volvidos que estão mais de quinhentos anos, para a intransigência com que se finge ignorar a chegada à maioridade – e o natural desejo de autodeterminação – de um “filho”; sobretudo vindo de quem em apenas 250 anos – metade do tempo de existência com que os Açores já contam – passou de Condado Autonómico a Império dador de “novos mundos ao mundo”.
(*) Enquanto "Gregos e Troianos" vão comemorando este "amaralado" dia dos Açores, permitam-me que faça título com um termo usado por Antero de Quental para designar os portugueses da peninsula ibérica. Obrigado!
Do próprio. In Açoriano Oriental/Cónicas do Aquém