terça-feira, dezembro 22, 2009

E Copenhaga aqui tão perto




A caminho de Ponta Delgada, preso no trânsito, o noticiário matinal dá conta de que a nata da nata está em Copenhaga, em busca do acordo que acabou, como se sabe: sabendo a muito pouco!
Com a “velha canada do Peixe Assado”, onde a minha paciência tinha acabado de ser colocada à prova, ainda na retina, logo me ocorreu a “nova Piedade”, e, até, a novíssima Radial do Pico do Funcho, mais cedo ou mais tarde também empilhada de betão. Na rádio Copenhaga continuava “no ar”, e dei comigo a pensar nas toneladas de emissões de CO2 que se evitariam caso existisse uma rede de transportes públicos, urbanos e inter urbanos, minimamente decente; no número de viaturas particulares que, também por falta desta mesma rede, entopem diariamente uma cidade em que os peões, mesmo em artérias onde supostamente seriam transeuntes privilegiados, carecem de condições de movimentação segura e aprazível; no negócio que é o estacionamento citadino, quer atravancando as ruas, quer em espaços para tal construídos, que o parqueamento na via pública ajuda a financiar.
O carro ficou, como de costume, num parque de periferia – ainda grátis, embora obrigue a fazer uns saudáveis três quilómetros (ida/volta) diários –, por isso deixei de ouvir as notícias. Mas Copenhaga, e o circo que lá se juntara para tão pouco, continuavam no pensamento. Já caminhando, recordei o assomo de alguém após ter ido ao “aterro/lixeira” deixar um conjunto de resíduos, carga na qual previamente se tinha dado ao trabalho de separar o que poderia ser aterrado do que, justificadamente, deveria ter outro tratamento, com o (i)responsável lá de serviço insistindo no colocar tudo no mesmo local, de modo a que as máquinas se encarregassem de cobrir, também, as centenas de quilos de plástico e derivados que ele persistia em saber onde ir descarregar.
Os primeiros 1500 metros a pé deste dia conduziram-me ao supermercado. Depois de passar pela fruta, e pelos vegetais, foi frente a uma prateleira repleta de água em embalagens plásticas, importadas, que Copenhaga me “martelou” de novo a cabeça: é que, aqui nos Açores, com tanta terra fértil subaproveitada e milhões de litros de água potável a correr diariamente para o mar, “os frescos”, e o “petróleo do futuro”, para cá chegarem, têm de atravessar o oceano, assim contribuindo, também, para o aquecimento global.
Para quê ir a Copenhaga?
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A.O. 22/12/09; “Cá à minha moda"