terça-feira, janeiro 19, 2010

Dos “Pinheiros” à “Rua do Lameiro”




Recuar, por vezes é bom. No caso em concreto, bom e sensato. Feio é fingir que não se avançou só para evitar admitir recuos. Restará saber – ficará para mais tarde – se o passo atrás foi, finalmente, sinal de que o bom senso começa a imperar sobre a teimosia e a prepotência, ou se, pura e simplesmente, em função dos cenários anunciados, é já uma antecipada táctica eleitoral que a isso obrigou. De qualquer forma, “haja Deus”, especialmente por se tratar do “Parque dos Pinheiros”.
Bem vistas as coisas, não é de estacionamento, muito menos pago, aquilo de que Ponta Delgada mais necessita: carece isso sim, “como de pão para a boca”, de bom planeamento, e de uma boa rede de transportes públicos. Ou não tivesse o centro de Ponta Delgada duas ou três vezes mais lugares de estacionamento do que casas habitadas, sendo, como se sabe, praticamente inexistente o sistema de transportes públicos, urbano e interurbano, que o serve!
Veja-se o exemplo Santa Clara, cuja viagem até ao centro é excessiva para fazer a pé, e demasiado curta para, racionalmente, ser feita de carro. E quem diz Santa Clara, diz Relva, Arrifes, Fajã de Baixo, Fajã de Cima (para não ir mais longe), onde, obedecendo a modelos noutros locais já desde há muito tidos como más soluções de urbanismo, nascem como cogumelos novos aglomerados, com moradores que, claro, não têm outro remédio senão ir de carro para o centro. E, assim continuando, podem duplicar ou triplicar os lugares de estacionamento que estes serão sempre insuficientes.
Voltemos ao Parque dos Pinheiros. Lembram-se que aquilo passou de terreiro para o que hoje é quando ainda confinava com o seminário? Lembram-se que na altura se construía ali perto – Rua do Castilho – o primeiro auto silo da cidade? Será que nos “Pinheiros” – onde até atingir a cota da Rua do Conde, se calhar, é mais fácil fazer dois ou três pisos subterrâneos do que apenas um no Campo São Francisco – o estacionamento subterrâneo não substituía com vantagem o silo da Rua do Castilho?
Bom, pelo menos maior fluidez de trânsito na Machado dos Santos e nas suas paralelas e ortogonais haveria com certeza!

A.O. 19/01/10; “Cá à minha moda"