O Açoriano Oriental comemorou, aliás, continua e irá continuar a comemorar ao longo do ano, o seu centésimo septuagésimo quinto aniversário.
São muitos anos, uma longa vida, tantos que faz dele o decano dos jornais açorianos, o mais antigo jornal escrito em língua portuguesa, e um dos mais antigos da Europa!
Tilintadas as “flutes”, libado o “champanhe”, remetidos de novo “para a naftalina” os trajes de gala, nada melhor para celebrar a obra do que aqui trazer, também, o seu criador.
Ao contrário do periódico que criou, Manuel António de Vasconcelos teve uma vida relativamente curta (1796-1844), em conturbados tempos, de guerra civil e mutação política. Este vigoroso açoriano, um fruto do meio rural micaelense, nado e criado na emblemática Bretanha, desde cedo convertido aos ideais liberais, e, nestes, militando com desmedido zelo – por vezes radicalmente – na sua margem extrema, foi um baluarte na defesa intransigente dos Açores, do seu Povo, em especial das suas camadas mais desfavorecidas. Entre outros testemunhos, isso mesmo se pode aferir nas suas muitas intervenções na Câmara dos Deputados, em Portugal, numa em especial, onde denunciando a fome que grassava nos Açores, e, simultaneamente, os que matando à fome aqueles que aqui trabalhavam a terra faziam lucro fácil com a exportação de cereais para Portugal, afrontou:
“ (…) que das produções dos Açores uma grande e considerável parte vem para Portugal, porque existem aqui muitos proprietários de lá, e é essa uma sangria que está desatada por onde se derrama o sangue dos podres dos Açores para Portugal (…)”.
Tilintadas as “flutes”, libado o “champanhe”, remetidos de novo “para a naftalina” os trajes de gala, nada melhor para celebrar a obra do que aqui trazer, também, o seu criador.
Ao contrário do periódico que criou, Manuel António de Vasconcelos teve uma vida relativamente curta (1796-1844), em conturbados tempos, de guerra civil e mutação política. Este vigoroso açoriano, um fruto do meio rural micaelense, nado e criado na emblemática Bretanha, desde cedo convertido aos ideais liberais, e, nestes, militando com desmedido zelo – por vezes radicalmente – na sua margem extrema, foi um baluarte na defesa intransigente dos Açores, do seu Povo, em especial das suas camadas mais desfavorecidas. Entre outros testemunhos, isso mesmo se pode aferir nas suas muitas intervenções na Câmara dos Deputados, em Portugal, numa em especial, onde denunciando a fome que grassava nos Açores, e, simultaneamente, os que matando à fome aqueles que aqui trabalhavam a terra faziam lucro fácil com a exportação de cereais para Portugal, afrontou:
“ (…) que das produções dos Açores uma grande e considerável parte vem para Portugal, porque existem aqui muitos proprietários de lá, e é essa uma sangria que está desatada por onde se derrama o sangue dos podres dos Açores para Portugal (…)”.
Faz cada vez mais falta, quem, como Manuel António de Vasconcelos, combativo e não menos altruísta, servindo e não procurando servir-se, empenhando bens, saúde e até a própria vida, atenda defender as causas em que acredita, sobretudo quando nestas sobressaem as liberdades cívicas e a defesa soberana da terra que o viu nascer.
O “Açoriano Oriental”, açoriano sim, mas açoriano oriental também (não fosse ele herdeiro dos ideais emancipadores de 1821 - dissimulada na parede sob a sombra de velhos plantámos, lá está, em Santa Clara, na única rotunda por aqui existente durante muitos anos, dita “Rotunda da Autonomia” mas de facto Rotunda do Governo Interino, uma marca indelével da época), foi, também, quase sempre, o grande pendão da “Livre Administração dos Açores pelos Açorianos”. Bem vistas as coisas, antes da “Livre Administração dos Açores pelos Açorianos” se transformar no slogan que o 2 de Março de 1895 imortalizou, o Açoriano Oriental já apontava uma “livre administração” que pusesse fim à “livre exploração”, de que a “livre exportação” dos cereais era disso só um exemplo!
Talvez por isso, e também por ter sido assinado por quem foi, não deixa de ser significativo o título escolhido por um dos convidados de honra da edição comemorativa do 175º aniversário daquele que é um dos mais antigos jornais europeus: “Imprensa livre, Açores livres”.
Gostei. E muito mais gostaria se, acompanhando as cativantes palavras, tal como já antes o foram; “Governo dos Açores”, actos e acções eficazes as prosseguissem.
Regressado ao Açoriano Oriental, de agora, final desta primeira década do século XXI, permitam-me convosco partilhar o quanto me sinto honrado em, “cá à minha moda”, publicar num jornal cujas páginas outrora acolheu tão insignes açorianos, a começar pelo próprio Manuel António de Vasconcelos, mas também: Antero, Vitorino, Natália, e outros.
Regressado ao Açoriano Oriental, de agora, final desta primeira década do século XXI, permitam-me convosco partilhar o quanto me sinto honrado em, “cá à minha moda”, publicar num jornal cujas páginas outrora acolheu tão insignes açorianos, a começar pelo próprio Manuel António de Vasconcelos, mas também: Antero, Vitorino, Natália, e outros.
A.O. 27/04/10; “Cá à minha moda"