domingo, abril 28, 2013

Mar dos Açores: o nosso “petróleo”


Aproveitando o facto do tema, e muito bem, ir “andar na baila” nos próximos dias, vou também a ele regressar com algumas das “achas” com que ando alimentando “esta fogueira” ao longo de anos.
Relembro que, de forma diferente do que se passou por exemplo em Cabinda, enquanto Timor-leste foi uma possessão portuguesa, nunca se ouviu falar do petróleo que sob o seu mar existia. Apesar de tudo, mesmo depois dos portugueses terem sido empurrados “borda fora” daquela ilha, muito pouco se falou sobre as riquezas que o mar de Timor escondia.
Nos Açores, onde – para alguns só recentemente – já se começa a ter uma ideia da fortuna que existe sob o nosso mar, riqueza que inclui metais preciosos e jazidas – mais cedo do que tarde viáveis – de combustíveis fósseis, há que tomar consciência de que, ao invés do que gostam de nos fazer crer, “os coitadinhos” não somos nós, sim outros.
O Mar dos Açores é o nosso “petróleo” e uma das âncoras da nossa soberania: da soberania do Povo Açoriano! Recursos que garantam a nossa independência não faltam. O que nos falta, isso sim, é libertarmo-nos das grilhetas que com a capa desta autonomia nos tolhem. O que nos falta é pugnar para exigir decidir sobre a nossa própria soberania: condição última para negociar as dependências que subsistam. Isso é tanto mais verdade quando a nossa dupla dependência desloca-se cada vez mais de Lisboa para Bruxelas, obrigando-nos a “despachar com subchefes”, impedidos que estamos de aceder directamente “aos chefes”. Nós ainda nem, tal como outros já o fazem (bascos, catalães e galegos, por exemplo), podemos eleger em partidos próprios – e não nas quotas para “nativos” que os partidos portugueses concedem às suas sucursais açorianas – os nossos representantes no seio da UE. E já lá vão 39 anos após o 25 Abril!

Por falar em 25 de Abril: O discurso de Cavaco Silva lembrou, como nunca, outros tempos. Até recordou Américo Tomás! Nunca como naquele discurso o “um presidente, uma maioria, um governo” se aproximou tanto do que sempre me pareceu querer ser: uma “União Nacional”, à moda antiga!

A.O. 27/04/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)