Tal como em tempos idos, hoje também em época amargurada pelo
autoritarismo, pela emigração e por abundante miséria e fome, um dos recorrentes
compensatórios “efes”, no caso o do Futebol (o de Fado anda agora mais erudito mas
outros ainda continuam a atenuar muitas mágoas e aflições), permitiu recentemente
a um alargado número dos súbditos do ex-império alguma tão narcótica quanto
efémera alegria. Ao longo de algumas horas até esqueceram a Troika e os incompetentes
“Migueis de Vasconcelos” que no protectorado a representa, uns e outra obstinadamente
levando a cabo uma destruidora experiência neoliberal que só aos seus olhos é virtuosa.
Foi tal a euforia que, mesmo só quanto ao futebol, até ficou esquecido que
o recente êxtase só aconteceu porque, na altura certa, não houve querer – e
talvez saber – (facilitar e deixar tudo para a última hora: eis outra marca
idiossincrática dos "Tugas") para conseguir o apuramento directo. Mas, como
quase sempre “há males que vêm por bem”, o “Play-off” consagrou Cristiano
Ronaldo. O Portugal vs Suécia cedo se transformou num Ronaldo vs Ibrahimovic e logo
num Ronaldo vs Messi com foros de Reino de Castela vs Republica da Catalunha. Até
a uma segunda mão do patético Joseph Blatter vs “Comandante” se assistiu, tudo acabando
– pelo menos para já – num global confronto Coca/Pepsi. Grande CR7!
Pelo menos por algum
tempo “os restos do Império” (sim, os restos do Império: e não me refiro só ao
Pepe, também ao Bruno Alves, Nani, Varela, William Carvalho, Bruma, Cristiano
Ronaldo e Rúben Micael) se sobrepuseram à Troika e a todos os troikanos! Aliás,
bem representativo da “herança imperial” é o facto de na lista dos melhores
marcadores ao serviço da Selecção Portuguesa aparecerem por ordem crescente: o
moçambicano Eusébio, e em exequo (pelo menos por enquanto) o açoriano Pauleta e
o madeirense Ronaldo, este último bem posicionado para, tal como o “Pantera
Negra”, por muitos e bons anos estar habilitado a ser o melhor de todos.
Com
alguma pena minha, claro, pois, mesmo gostando de Poncha, continuo preferindo Vinho
de Cheiro com Laranjada a Coca-Cola!
A.O. 23/11/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)
A.O. 23/11/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)