sábado, junho 21, 2014

As aclarações

      

Como se necessário fosse, o recente pedido de aclaração que o actual Governo de Portugal, a coberto da maioria que o suporta, tentou obter do Tribunal Constitucional, aclarou, isso sim e mais uma vez, a incompetência e a impreparação de Pedro Passos Coelho, Paulo Portas & Cª. E fê-lo colocando a nu, também uma vez mais, as costumeiras incoerência e prepotência de quem mais não faz do que actuar a mando de outrem, tipo capataz zeloso, sempre focado na sua tão imediata quanto egoísta recompensa, e que, para tal conseguir, “passa por cima” de todo o resto, já nem se dando conta (tampouco se importando) com a espiral de contradição – e destruição – que deixa como rasto. A tentativa valeu porém pelas outras aclarações que permitiu, a primeira das quais ainda nem o “pedido de aclaração” passara de uma intenção. Logo aí ficou aclarado o verdadeiro propósito de quem dizia querer terminar com a figura jurídica da “aclaração”, por considerá-la não ser mais do que uma manobra dilatória. O que de facto, no caso, ficou provado ser! Aclarado também ficou, aos olhos de todos – e evidenciado por alguns deles próprios – o intuito provocador, conflituoso e vingativo da “aclaração”. Mas se dúvidas haviam uma grande aclaração ficou: o “fardo” a carregar; da crise, dos ajustamentos e de tudo o mais, é só para uns nunca para todos. Veja-se como não houve necessidade de esperar pela dita “aclaração” para, no caso dos deputados e dos funcionários do Parlamento, serem logo repostos os cortes de rendimento que tantas dúvidas parecem ainda levantar, mas só quando se trata de outros funcionários públicos? E decoro? E vergonha? E depois esforçam-se em nos convencer que não são todos iguais!

A coluna desta semana do meu amigo José Carlos San-Bento merece resposta – já agora, se calhar até merece também uma aclaração. Vai tê-la. Fica prometida para a próxima oportunidade. São coisas do destino: não é que este ano o 6 de Junho passou sem que eu escrevesse sobre Independência dos Açores, sendo que é um adversário da causa (que defendo) quem me vem “oferecer a deixa”!

A.O. 21/06/2014; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)